domingo, 3 de dezembro de 2023

K

Cresce

 

flores de rua em contraste

Um dia,
uma tarde,
pegarás no teu futuro:
a criança,
teu primeiro amor
inesperado,
por isso imenso,
por isso tua/nossa
vida plantada,
lembrança
deste adeus,
farol
transporte de um nome,
tão depois de por aqui passarmos,
(...)
Vida Bendita,
Céus de Aço,
Marcham abraçando secas, Alvas Almas
em Caminhos que pertencem ainda a Iago,
Santo Súbito de Causas Maiores.
                        Ocasos
                      Ocasos
                    Ocasos 
                  Ocasos
                Ocasos
              Ocasos 

         
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domingo, 2 de abril de 2023

K

Solstício em Março… em Setembro.









I


Os amores

Enlaçam-se

Beijam-se,

Sugam-se,

Voracidade

Canibal,

A fúria da

Faca aguçada,

Empernam em

Bailado emplumado,

Velhos dossiês

Capas rasgadas

Arquivos de amores falsos

Longos como

Sebes saltando

Como mulheres sadias e, afinal,

Tanto Amor

Enlaçado,

Voraz,

No entanto,

Todos distantes

Pelos restos do

Solstício…..


(Foto do autor)

(Texto publicado originalmente, com alterações, na minha página de Instagram)

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

K

Última edição


Naquele dia,
quando as páginas forem já 
pedra dura,
quando os meus olhos,
fechados,
não discernirem mais 
do que a névoa,
e todo o meu corpo já 
não for servo nem senhor...

Naquele dia,
sabeis que fazer:
com cuidado,
com frieza até,
retirai todos os meus livros 
e ofertai-os,
ofertai-os 
com simplicidade,
e com a minha ternura,
a todos os que com eles
se completem
e deles retirem,
ao menos 37,94%
do prazer
com que me bafejaram.

Partirei então, tranquilo,
amortalhado em folhas de jornal,
com as notícias frescas
desse dia,
dia de despedida
e de chegada.
(fontes da imagem: Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra)


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domingo, 2 de junho de 2019

K

Divinum lumen


No silêncio das carpetes, no ar almofadado, há uma surdina (una sotto voce), uma obsequiosa melodia vocal que se espalha pelos tapetes assim, lentamente, como o insidioso desastre em que gaivotas e corvos marinhos se enlearam numa dança cruel e finita.

(foto do autor
obtida com telemóvel) 

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terça-feira, 19 de março de 2019

K

Ouve



Ouve,
sabes o mar?
A alternativa
ao sorriso desdentado
ao chão fletido sobre si,
na secura esquecida
de tempos assim,
como devem ser.

Há uma busca tão demente,
 um frenesim,
um vaivém de rupturas,
de perdas, 
que o céu faz-se obedecer,
num anil fero;
bendita a hora do crepúsculo 
inclina as árvores,
sorri ao vento,
à aragem amável,
mas feérica.

Ao longe a cidade,
formigueiro de braços 
e pernas inconsequentes,
rajada térmica,
onda sem frequência 
porque já passou o seu tempo.

Não evites o sol pôr,
o sorriso que as velhas
lhe encontram 
em caminhos de vagas intenções.

Mira, vê e olha!
Sê uno e manifesto,
não perdoes a iliteracia do gosto!
Sê uno e manifesto!

(foto do autor
obtida com telemóvel:
entardecer no bairro de Alavalade,
Lisboa, inícios de 2019)

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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

K

amarar

Resultado de imagem para old boat on the shore
Barco louco,
por que me buscas
e me trazes tua ferrugem,
talvez ouro
outrora?
Agora, apenas 
um rasto de águas,
das viagens de que fugiste,
para te vires acoitar
nestas margens doces
de um mero sonho
tão esquecido,
tão suavemente obliterado.

(fonte da imagem:

https://www.pinterest.co.uk/pin/283375001533997348/)

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

K

e-s-q-u-i-n-a em aramista perfeito

Resultado de imagem para funâmbulo em arame
É na esquina dos meus pensamentos
que te espero,
espuma fugidia
em trapézio imóvel;
gabas-te do quanto deslizaste,
do quanto me fizeste confiar,
das palavras que sumiste de mim;
foste o resquício,
o travo doce,
o fugaz  negrume, 
conforto de um funâmbulo,
toda a duplicidade 
deste triunfo a que chamo "eu".

Talvez não me creias assim.
Não corro as as cordas de aço
sem um caos delicioso;
por isso,
babugem de Outono,
até de Dezembro,
sou eu que estou ali:
entre dois planos,
perpendiculares ou paralelos,
nada me importa.

 (fonte da imagem:
http://olhares.sapo.pt/funambulo-alado-foto4254470.html)

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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

K

Nau


Esticam-se
e buscam a brisa,
bailando.
Está na sua natureza 
a inquietação,
o quase fervor
das águas vivas.


(Foto do autor 
Obtida com telemóvel)
Enquanto as madeiras
gemem,
os metais tinem 
e os homens sonham,
cumpre-se o desejo
infinito
das águas límpidas,
refeição de luas
de outrora.

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terça-feira, 2 de agosto de 2016

K

noite


Já esqueci se a noite                                                       
ainda tem esquinas.                                                         
Se os meus olhos                                                             
se derramam pela calçada                                               
rebrilhante,                                                                       
é porque as travessas                                                      
ainda se intersectam                                                        
na nudez da lua esquecida.                                             
Há muito que os meus passos                                        
ecoam por onde onde os meus olhos                              
se derramam;                                                                     
há muito que sonho                                                          
com desencontros,                                                           
invulgares sorrisos                                                            
trocados entre quem                                                         
repousa,                                                                            
sobressaltado                                                                     
quando os outros,                                                             
sonâmbulos,                                                                     
se vestem                                                                         
e rumam para o trabalho.                                                 

Nós, nós, não nos vendemos                                           
por dinheiro.                                                                      
Esconjuramos o tempo:                                                    
                            compramos mais dias, meses, anos,                                                                               para que os sonâmbulos do dia,                                                       
tenham margem                     
para trocar a áspera claridade                                       
pelo doce, carinhoso manto                                           
da negritude.                                              
(fonte da imagem:
Sintra numa noite de Agosto,
obtidas com telemóvel)

(poema dito na Rádio Sim, cortesia de Margarida Fonseca Santos: http
://radiosim.sapo.pt/Detalhe.aspx?fid=1374&did=42396&FolderID=1271)

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

K

Não-Palavras

Sopa,
zurrapa
numa malga desdendata
mal cheia de palavras.
Espalho-as,
nao voltam,
mas retornam
enfunadas na 
desgraça de um
texto rude,
traiçoeiro, até.
É na malga
que as caldeio,
ganga informe as quereria;
no fim do túnel
surgem atabalhoadas,
cavalgando a secura informe,
carcaças inteiriças,
crestando o verbo.

Voem!
Voem no Suão que
vos não traga,
na onda impante
que vos submirja 
em memórias já
esgotadas.


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sábado, 2 de agosto de 2014

K

a espera da palavra

Levanta a cabeça,
nem seques as sandálias,
o caminho apressou-se a ser teu.
Olha os arbustos,
deixa que as borboletas te sejam favoráveis,
coloca as tuas palmas prontas para dar 
e que os ventos te sejam desiguais,
como desigual foi a espera da palavra
que esqueceste.


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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

K

sopros

Uma flor no crepúsculo,
o aroma do sol pôr, as vinhas prenhas,
ao longe,
a estrada deserta
é cortada pela poeira,
nuvens esquecendo o porquê;
quantas vezes este quadro?
talvez com outra paisagem,
já extinta,
outras envolvências 
esquecidas...
há,
no entanto,
um mistério,
uma gota de paz,
serenidade talvez;

os caminhos dolentes,
as vagas trajectórias
erigidas
sob ventos 
puídos
pelos enigmas
que nos envolvem
no abraço 
da estrada deserta

da sua poeira
quase metafísica...
(21/11/13, 15H27)
("Quando te deitares ao caminho,
faz dos teus olhos 
amigos da estrada;
quem sabe se não verás
tempos já esquecidos..."
fala de Plutarco a Aristeu,
seu discípulo grego)

(foto do autor
obtida com telemóvel)


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sábado, 23 de março de 2013

K

a Drummond de Andrade

(...)
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,*

                                                                                     (...)                                                           

...mas a paisagem,
essa,
transforma a minha respiração
em suspiros;
uma mulher liberta o meu canto,
uma história qualquer...
a minha vida,
balizada entre os postes,
sem saída para a área,
golo em suspenso,
partida empatada...
agora a paisagem
resvala pelas escarpas,
e o meu canto,
possuído,
levam-me ao fundo,
ao vale dos lagos frígidos,
onde a minha imagem
se reflecte em tons de azul,
em matizes de refrega,
de não entrega,
objecto que se renega...

("O canto das sereias
é o teu destino.
Quando o ouvires,
canta ainda mais alto. 
A tua odisseia será
revivida em cada edição."
Fala de Homero a Ulisses,
sua personagem)

(*excerto do poema "Mãos dadas"
de Carlos Drummond de Andrade)

(fonte da imagem:
http://vinicolasevinhedos.blogspot.pt/)

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terça-feira, 30 de outubro de 2012

K

Céu

Lembra-te que um crepúsculo,
que uma ausência de luz,
é, também, um caminho,
num castelhano tosco:
"más grande, más sencillo",
sim, mais simples,
em que, em fundo,
se encontrará o escuro,
oriundo da luz.
Não faz mal:
quantos caminhantes,
no ensejo maior da caminhada,
viram nuvens escuras 
presas em farripas esparsas
de uma luz vencida?
Abre os olhos,
vê,
teme o temor, 
apenas.
De resto, 
enfuna-te,
e deixa que mesmo
"más grande"
o caminho não te abandonará,
não te descalçarás 
sucumbindo às dores
do desnorte, 
ao pesar da palavra 
oca.
("Restringirás a tua retirada
e os teus homens hão-de
saber-te senhor
e mestre da manobra 
militar."  
Fala de Eurípedes
a Xenofonte, na sua retirada)

(fotos do autor:
"Céu em S. Martinho do Porto")

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sábado, 3 de março de 2012

K

queda XX

A vida não me basta,
já não me chega,
os meus pulsos emergem da sombra,
os líquenes cobrem o meu ontem,
o hoje rasteja submisso.
Não me chega a vida:
os meus passos ressoam
na calçadas escurecidas pela luz;
há uma réstea, um quase farrapo,
de compassos marcados por dois violinos,
ripas enegrecidas num ré maior.
Não me basta a vida:
já vejo a claridade,
a aurora cintilante

como um véu de clara espuma
em carícias dançadas,
bafejando um vago Ocidente.

(foto do autor
obtida com telemóvel:
"Ocaso em S. Martinho do Porto,
2010")

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

K

queda XIX

Estar só, é uma bênção bipartida, uma herança quase maldita nas flores e palavras que lembramos. Por isso esquecemos o tempo, e o espaço quase se nega aos sons que as palavras tentam povoar. Provém pois de agora o arco, a flecha que é a acuidade do cirurgião que rasga as palavras cintilantes. Se houvesse uma solidão exacta, então, na sua solidez,as palavras brotariam como pólen,
espalhando-se no semental
dos campos,
das searas,
dos casais
que no pino do sol,
colheriam o pão,
polvilhado pelas desobediências 
castas de olhos já vítreos.
(inspirado em moriana, numa publicação no seu blogue)
(foto do autor obtida com telemóvel:
entrada de Ferreira do Alentejo)

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

K
filho do vento
Se bateres palmas,
já o meu juízo se terá ido,
e as planuras em que me debato
serão, para ti, escuros vales
em que assinas o teu destino.
Vogaste por entre as brisas,
os escolhos do tempo,
viste cacos da Terra
a que deste as boas-vindas,
sorriste ao Sol e à Lua,
perdeste as tuas presas
e ganhaste mãos que acariciam.
Hoje, no convés onde te abrigas,
observas o vento, outra vez,
e sorris,
pois sabes que,
mesmo sem juízo,
coloco em minhas mãos
o trilho do regresso...
(fonte da imagem:

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

K

acima

Quado for esquecido,
será a vida,
serão os termos
e as condições e as coacções.

Então serei esgar,
brisa esquecida,
e o tempo será o meu repouso,
o desfraldar das minhas posses
em vagos gestos de langor...
(fonte da imagem:
http://amiral2020.unblog.fr/)

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sexta-feira, 11 de março de 2011

K
O Cabo

Neste jogo dou-te todo o avanço,
sim, o que quiseres,
porém,
espera-me no teu sorriso,
na entrada da tua alegria;
posso,
(quem sabe?)
alagar-me na tua festa,
e nadar no teu mosto,
nata e grinalda de ti;
talvez,
(quem sabe?)
me agarre à tua franja
e siga a navegar, 
a navegar sempre,
pelos caminhos do cabo,
pelos atalhos dos ventos,
pelas ilhas do farniente...
(fonte da imagem:
www.ilfornoantico.it)

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

K

triunfo II

Vai caindo o ocaso,
lento, suave;
nos meus sonhos
há uma floresta de acasos;
lasco a pedra,
sinal raro de uma luta que não travo;
sonho, talvez com o tempo,
em que erguerei o punho,
quase aberto, 
para os horrores dos animais,
dos homens quase mestres
do estancar de proezas;

Então o sonho mergulhará
na minha fronte,
e ficarei solto,
entre ventos de agora,
em vales de poeiras douradas (...)
(fonte da imagem:
http://spedeus.blogspot.com/)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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