quinta-feira, 4 de julho de 2019

K

Última edição


Naquele dia,
quando as páginas forem já 
pedra dura,
quando os meus olhos,
fechados,
não discernirem mais 
do que a névoa,
e todo o meu corpo já 
não for servo nem senhor...

Naquele dia,
sabeis que fazer:
com cuidado,
com frieza até,
retirai todos os meus livros 
e ofertai-os,
ofertai-os 
com simplicidade,
e com a minha ternura,
a todos os que com eles
se completem
e deles retirem,
ao menos 37,94%
do prazer
com que me bafejaram.

Partirei então, tranquilo,
amortalhado em folhas de jornal,
com as notícias frescas
desse dia,
dia de despedida
e de chegada.
(fontes da imagem: Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra)


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sexta-feira, 5 de abril de 2019

K

Para Pessoa “O cais era uma saudade de pedra”

No Mar Atlântico não cabe toda a Saudade dos portugueses, por isso Fernão de Magalhães criou o Oceano Pacífico para que nele se continuassem a escoar as saudades que ficaram por ressarcir: o Sal das Lágrimas dos Açores.

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terça-feira, 19 de março de 2019

K

Ouve



Ouve,
sabes o mar?
A alternativa
ao sorriso desdentado
ao chão fletido sobre si,
na secura esquecida
de tempos assim,
como devem ser.

Há uma busca tão demente,
 um frenesim,
um vaivém de rupturas,
de perdas, 
que o céu faz-se obedecer,
num anil fero;
bendita a hora do crepúsculo 
inclina as árvores,
sorri ao vento,
à aragem amável,
mas feérica.

Ao longe a cidade,
formigueiro de braços 
e pernas inconsequentes,
rajada térmica,
onda sem frequência 
porque já passou o seu tempo.

Não evites o sol pôr,
o sorriso que as velhas
lhe encontram 
em caminhos de vagas intenções.

Mira, vê e olha!
Sê uno e manifesto,
não perdoes a iliteracia do gosto!
Sê uno e manifesto!

(foto do autor
obtida com telemóvel:
entardecer no bairro de Alavalade,
Lisboa, inícios de 2019)

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

K

torre

Habito esta torre,
entre vendavais de estigma,
nas naves que a sustentam;
assomo-me às janelas,
vejo o regresso de mim,
a camisa drapejando,
o peito rubro de ocasos;
meus olhos percorrem
os vidros,
os nós,
onde se estilhaçam os verdugos,
enquanto, redondos,
meus pensamentos esquecem o hoje;
é pela escada que que meus sonhos descem,
mergulhando nas ervas, 
nos cheiros-orvalho da madrugada.

Habito esta torre,
meus braços abarcam-na,
num abraço feliz,
recebendo-a assim mesmo,
em gentil, cálida adopção...

(foro do autor obtida
com telemóvel:
Montemor-o-Velho,
Verão de há uns anos atrás)

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quinta-feira, 2 de julho de 2009

K

ancient dreaming




An old pain
climbs up the sounds
of the city beneath.
I pass
through the ace of spades,
carrying the pain on my back;
people stare at my eyes,
my footsteps keep following me.
I pass
through the gates,
I try to conceal my smoking dreams
into the valley of my wits.
I pass
once again,
my footpath walks beside me;
as I look back
desperate soldiers try to cover
their luminescent horror.
(imagem retirada da net)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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