terça-feira, 18 de junho de 2019

K

a Lampedusa, homenagem de um plátano


A árvore,
verde alpinista
ensarilhou-se,
intrometeu-se,
enlaçou os arbustos,
na fuga canhestra
de ser madeira
de batel, falua,
caixão-caixote mediterrânico (…)

Tantas vezes em que Lampedusa
nem sequer se aproximou,
tantas vezes em que o sorriso do acolhimento
só trouxe campos
em que refugiar era de madeira,
até de árvore
ensarilhada,
intrometida (…)

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domingo, 11 de novembro de 2018

K

terminus












Aqui tudo termina.
Um Apocalipse revelado,
por entre as nuvens
flutua a espada
e também o cinzel,
o burel.
Numa semi-tranquilidade
louca,
paira o silêncio
dos mísseis de
cruzeiro,
cruzeiros sem volta;
nos giros almofadados
há vidas que fixam
em espanto e
calado horror
as nuvens:
prenúncio altaneiro e
mudo de novos,
rasos, loucos,
fins.
The end
 (📸 : anoitecer em Marvila,
vista para o bairro de Alvalade)
#revelação #revelation #whatiscoming #futuro

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sábado, 14 de janeiro de 2017

K

ínsulas

Não nos esqueçamos das barreiras,
dos enclaves,
das penínsulas 
alheias à Terra.
Não nos esqueçamos 
que nos esmagam
com a prosápia
do seu umbigo.
Reconheçamo-los,
tenhamos a coragem
de nada lhes darmos
porque deles nada receberemos.


(imagem do
autor obtida com
telemóvel: largada de balões de ar quente
em Alapraia-Estoril no Inverno
de 2015)

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

K

e-s-q-u-i-n-a em aramista perfeito

Resultado de imagem para funâmbulo em arame
É na esquina dos meus pensamentos
que te espero,
espuma fugidia
em trapézio imóvel;
gabas-te do quanto deslizaste,
do quanto me fizeste confiar,
das palavras que sumiste de mim;
foste o resquício,
o travo doce,
o fugaz  negrume, 
conforto de um funâmbulo,
toda a duplicidade 
deste triunfo a que chamo "eu".

Talvez não me creias assim.
Não corro as as cordas de aço
sem um caos delicioso;
por isso,
babugem de Outono,
até de Dezembro,
sou eu que estou ali:
entre dois planos,
perpendiculares ou paralelos,
nada me importa.

 (fonte da imagem:
http://olhares.sapo.pt/funambulo-alado-foto4254470.html)

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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

K

Acenos

Já viste como te acenam os teus olhos?
Já relanceaste os teus olhos pardos
pela espuma que os segue?
Já olhaste e viste o mar,
em ondas seguras?

Prepara a tua bolsa,
o teu sorriso e o passaporte;
hoje o teu corpo viajará, quer o sigas ou não,
e não haverá espuma, ondas seguras ou olhos pardos
que reconciliem o teu coração, as tuas mãos ou a tua boca errante.

No fundo,
embarcarás,
num sonho mascarado
depositar-te-ás toda,
e o teu regresso
não passará de uma memória 
vazia.
(Imagem do autor
obtida com telemóvel:
noite de Verão no Palácio da Pena)


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domingo, 28 de junho de 2015

K

vazio

E sobra sempre uma tensão, 
um receio do desconhecido, 
um pavor do vazio.


(Foto: poço iniciático,
Quinta da Regaleira,
Sintra)

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

K

Não-Palavras

Sopa,
zurrapa
numa malga desdendata
mal cheia de palavras.
Espalho-as,
nao voltam,
mas retornam
enfunadas na 
desgraça de um
texto rude,
traiçoeiro, até.
É na malga
que as caldeio,
ganga informe as quereria;
no fim do túnel
surgem atabalhoadas,
cavalgando a secura informe,
carcaças inteiriças,
crestando o verbo.

Voem!
Voem no Suão que
vos não traga,
na onda impante
que vos submirja 
em memórias já
esgotadas.


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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

K

queda XVIII

É de bronze o semblante,
é de pedra a certeza,
o manto de ontem que faísca.
Reflectes as paredes, 
os muros que sonhaste;
as tuas mãos, 
as veias que se canalizam azuis 
- mar de espumas triunfantes -
regressam às águas mornas 
do Mesozóico,
às tremuras dos "belli".
Talvez hoje,
cavalgando as crinas do Tempo,
sejas a geração última,
o derradeiro soçobrar
de uma sombra escusa.



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sexta-feira, 6 de maio de 2011

K

frieza

No surto ondulante do efémero,
as madrugadas transportam em si
a dor do triunfo inútil,
da lança transviada,
do escudo tardio;












há no silêncio das estrelas,
na fria quietude do Todo,
um não-sei-quê
de veludo
sinistro,
que desvia
a flecha,
a espada,
o elmo...

(fonte da imagem:
http://www.goofbutton.com/)

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

K

reflexo

esqueci a dor,
o caminho do meu próprio perdão;
cometi o erro,
a vulgar falta,
virei-me,
escondi-me nas mãos,
um choro prometido
desbravou-me as faces,
entre golfadas de lembranças;
(...)
há muito que não vejo o meu reflexo,
temo a devolução da memória...

(fonte da imagem:

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

K

Pintura

Vagas são as memórias,
aqui, além,
um resto de luz,
uma voz enlaçada
na palavra que mira o ocaso.
Há vultos sinuosos,
sombras disformes,
caminhos que se varrem,
tudo parece uma tela de El Greco,
uma mancha quase disforme,
numa paleta de cores enevoadas,
ruínas de um tempo venturoso...

(fonte da imagem:
El Greco: "Vista de Toledo")

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

K
Quantos eus sou eu?
De quantos sonhos
tenho de me despir
para me reconhecer?
Quantas vezes
tenho de fixar as estrelas
para cravar a memória de mim mesmo?
Sou um louco
que passeia no arame,
um trapezista que voa
entre esgares hirtos,
com as mãos imóveis,
sobrepostas. 
Dispo o casaco que me aperta,
o eu que me vigia no espelho
é aquele que rodopia no trapézio
que sorri à ante-morte,
cuja face não mostra receio,
ou uma vaga, inóspita dor... 

(fonte da imagem:

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

K

umbrais

Sobre a tua fonte,
as folhas laranja amortecidas
serão restos de merendas,
caminhos de renda solar,
cascas de lembranças
despojadas a um canto.

Na tua fonte,
estão imersas as folhas laranja;
e os sonhos,
apátridas, é certo,
despejam-se
como píxeis em cascatas raivosas,
ribombando fagulhas
no triunfo de um Outono
galgando, arquejante
os umbrais do teu olhar!

(fonte da imagem:
http://www.naruto-pt.com)

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sexta-feira, 26 de março de 2010

K

remanescer

Na penumbra dos teus afectos,
flutuavam aqueles despojos
das vitórias ocultas,
das eras frugais,
tão escassas,
tão vagas
tão vis










(fonte da imagem:

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

K
Porém
Em frente do teu rosto
Medita o adolescente à noite no seu quarto
Quando procura emergir de um mundo que apodrece
(Sophia de Mello Breyner Andresen, "Che Guevara" in "O Nome das Coisas" )

... os dedos passeiam-se pela viola,

os caminhos fecharam-se há anos,

apenas o ar medíocre,

deslavado,

se estende ao seu redor;

o jovem fita,

Che retribui-lhe os olhos,

em desafio felino,

(em jeito de hasta la victoria, siempre!...),

do braço da viola suspiram cantos

de la Sierra,

quase longínquos,

distantes. O Sol vibra,

[em deixas

de esquecimento],

e o mundo apodrece,

em gestos de vaidade,

de pequenina mesquinhez,

enquanto o adolescente

sem entender,

suicida lentamente a esperança,

ornada de trágicas,

secas mortes,

em louvor de coisa nenhuma!


(imagem retirada da net)

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domingo, 22 de março de 2009

K

caminhos

Ter sentidos em afecto impressos;
escalar o momento da avareza
numa multidão de algas soltas,
cor de chegada a uma gare esquecida.
Sim, vi os carinhos
entre ruídos infernais de carruagens,
limos esvoaçantes
entre quaisquer alavancas para o dia.
Era noite ainda,
e os restos de sargaços eram trazidos
pelo vai-vem das máquinas
em deslizes faltosos,
nas linhas
que me segredaram ser da vida.
Esperei.
Soube que nas minhas palmas
se estendiam afagos sem destino,
avaros,
ínvios,
invictos na sua cruz.




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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

K

...tocata e fuga

...arte na fuga,


no partir em doce delírio;


não há pontes,


só caminhos doridos.


Entrei destino adentro, o tempo comigo,


a falésia acinzentando-se,


sussurrando o ar,


pontiagudo na fronte.


Caminho,


já não o há.


Invento, fantasio,


sobreponho-me, já nem vagueio.


Só o tempo insiste,


só o tempo me arde.


Um mar claro de escura lua,


persiste num farol,


tremente como o calor que me leva.



(inspirado em Paulo Renato Cardoso Libertação (excertos) in Órbitas Primitivas publicada por moriana)
(fotografia de J.N.)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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