sábado, 2 de março de 2024

K

Dou voz de prisão aos três ou quatro 

sentimentos que ofegam por mim acima,

não obedecem e, na tristeza opressiva,

no cachecol vúlvico,

no insulto que paira sobre mim,

nada sobra a não ser a fuga,

o rito,

o grito,

o mito,

o fito longe

jazendo minhas órbitas,

escalpe

e unhas inúteis,

por isso mesmo trasladadas

para a euforia 

da passagem, da altercação mansa,

pelo ódio que sempre tive

por esta barca mal aparelhada,

manca, pífia, com que me sempre obrigaram

a fazer as travessias da Vida.

Nem o remo serve para a estocada final,

que me soubesse pôr a milhas da vida.

Nesta Barca de Caronte sou um condenado, 

fintando escolhos, sargaços e restos de gente…

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

K

história da

 

Um dia, a história entre fráguas, entre pedaços de esparsas e horizontais memórias intramuros, a ti dedicadas, por onde andará teu pensamento? Sim, na ausência, no entrechoque molecular, na cisão meiótica, numa ligação pressentida, numa falta em presença, nossos braços envolvem-nos intramuros e extramuros e em todo o lugar, onde nós sentirmos a alegria de sermos um do outro. Na razão inversa dos factores numa cadência plena e magnificente.

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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

K

Sereseres

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

K

Pegasus


 Eram os bastidores,

as asas fixas ao solo, vendas grisalhas, na sedução dos ares... Por que não estreitaste o focinho céus acima?

Onde deixaste o enamoramento?

O amor pelo elemento gasoso?

Pela antiga janela por onde espreitam

coisas antigas, velhas e antiquadas,

janela empoeirada longe da vacuidade

dos tempos,

das fraquezas,

da altivez de quem acha que comanda,

de quem pensa que está aos comandos

de algo,

mas de que coisa?

Ah! Esse focinho céus acima!

45o, ou mais, de ataque,

o gosto de ganhar

a Deus, o Seu espaço, o Seu domínio,

guerrilha vectorial, triplo componente.

A altitude é tua amiga,

números embriagantes,

o azul abraça-te,

o lá embaixo diminui

assim, velozmente,

violentamente,

varado num assombro

másculo, mas silente.

do lado de fora:

MIKOYAN GUREVITCH MIG-31


--

Sent from my Freewrite

 December 16th, 2022   Page 1 of 1


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sábado, 13 de agosto de 2022

K

Mhi'alma








Sei que o tempo
É outro.
Que já não anoitece
Por detrás da tua colina,
Tens uma fraga, agora,
Contaram-me,
E também não queres
Fenómenos por lá.
Assim, muda o tempo,
O teu Sorriso
Os teus Olhos Bonitos,
Continuam iguais,

Iguais a tudo o que fora
E nunca deixara de ser,
Para reconforto
Da tua alma nívea,
Pura,
Despojo de dias felizes. 


(Foto do autor 
obtida com telemóvel:
Palacete em Lisboa,
Outono/19)

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segunda-feira, 20 de maio de 2019

K

queda XXV

As ruínas limitavam
o tempo,
era um sol escuro
que pendia, cambaleava,
que fingia um 
  acto quente,
luminoso,
cínico numa campanha
pueril, vasta.
Todo o chão 
sentava os passos
que, jocosos,
ensaiavam a travessia.
Reflectiam as colunas 
a baixeza, 
rumando 
para o lado em que
aquele sol,
sempre escuro,
amotinava as 
pedras-rochas,
na certeza 
de que o luar
seria cavalgado
entre mágoas nas
fissuras instáveis 
do Tempo...

(Fonte da imagem:
n/a)

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sexta-feira, 5 de abril de 2019

K

Para Pessoa “O cais era uma saudade de pedra”

No Mar Atlântico não cabe toda a Saudade dos portugueses, por isso Fernão de Magalhães criou o Oceano Pacífico para que nele se continuassem a escoar as saudades que ficaram por ressarcir: o Sal das Lágrimas dos Açores.

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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

K

Há muitas noites:
as de insónia e desespero,
os olhos esventrando o tecto;
as de glória e honra,
os olhos buscando a lua;
as de farto aconchego,
os olhos buscando os teus.
Pingam as estrelas,
em jeito vivaz e mordente,
jura o pó sobre si próprio,
uma vez que a ele retornará.
Escorro-me pela noite acima,
busco os corpos celestes,
as crostas do tempo,
as tampas dos caixotes
em que se alojam vetustos ET.

Afinal,
os meus olhos fundaram
o Universo.

 (Poema publicado pela primeira em Belas Artes Belas

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terça-feira, 13 de novembro de 2018

K
Disfarçava a sua total falta de competências sociais usando calças largas e ténis de sola grossa. Parecia alta, ostentava sempre um ar sério, não gélido, talvez distante.

Não era bonita, nem sequer gira. É provável que desejasse marcar presença pela pose; conseguia apenas mimetizar-se, fundir-se na atmosfera, ser apenas a moça das calças largas, dos ténis gigantescos. 

Uma só vez: a vi agradecer, a vi seguir alguém com os olhos, a senti morrer de amor. 
#77palavras #prettyfright #forgetmenot #howmany?

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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

K

montra

Numa montra
empoeirada,
passado aos restos
mostrava-se tal qual fora,
quando em tempos
se vendera em restos
de sonhos piscos.
Os vidros,
ainda mirando os anos 20,
as prateleiras,
o chão flutuante
como a vida, 
todos se perfilavam,
na modorra
de algo que desliza:
tempo vitrificado
escorrendo... 

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sábado, 7 de janeiro de 2017

K

Esqueço

Já me esqueci de mim.
Estranho,
só os meus olhos 
captam a memória cega.
Já as balaustradas
se erguem,
os semi-claustros
apelam à clausura,
mas nada lembro,
só o sol imergindo
e salgando,
a lua em órbita infinita,
e os meus olhos, esses,
aconchegando-me
naquela bancada


onde noite a noite
me esgueiro.

(foto do autor
obtida com 
telemóvel, algures
na Beira Alta em 
finais de 2015)

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segunda-feira, 6 de julho de 2015

K

contador

Sei que envelheci quando começo a contar histórias.

Sei que envelheci ainda mais quando alguém começa a ouvir-me.



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quarta-feira, 25 de março de 2015

K

Voo


O Poeta
voou para a Poesia,
soltou-se,
desatou os nós
e abriu as asas.
As Palavras,
enternecidas,
acolheram-no.

Já voas, Poeta,
e o teu Caminho
é finalmente
a tua Obra
Imaculada.

Vá!
Veleja!
Voa!
Vinga o Verbo,
Varonil, 
Vibrante Veia!


(Fonte da imagem:

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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

K

p/b





Neste rolo a preto e branco,
nesta roda,
neste claro-escuro,
vou passeando
os restos de mim
que foram sobrando 
pela estrada;
um riso aqui,
um suspiro além,
tudo é pertença do meu coração.
Ainda vejo a tua voz ao longe,
pressinto-te no sorriso 
que fizeste por perder 
entre as ervas daninhas:
a Lua, no entanto,
já nada quer connosco,
somos, pois, contrabandistas,
mercadores de sonhos
sem comprador...

(fonte da imagem: n/a)

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

K

Meu País

Ontem,
milhares de bocas 
gritaram a pobreza,
gemeram a tristeza.
Ontem, 
orelhas moucas
nem sei 
para onde se viraram,
por onde se escaparam,
numa cegueira atroz
justificada com números,
(estatísticas, chamam-lhes)
que é aquilo que nunca fomos.

No entanto,
milhões de braços-punhos,
milhões de bocas-vozes
gritam,
gritam sempre,
num fervor quase-religioso:
"Viva Portugal!"


(fontes das imagens:
1ª http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/404-laboraleconomia/31669-lisboa-terreiro-do-pa%C3%A7o-fica-pequeno-na-convocat%C3%B3ria-da-cgtp,-com-greve-geral-%C3%A0-vista.html
2ª http://www.papeldeparedemais.com/papeldeparede/bandeira-de-portugal-293.html)

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

K

cais

No cais,
os soluços da partida;
o navio era uma mancha
de sol pardo e de choro;
os que iam,
de braços férreos
moldados nos varandins,
já nem se algemavam a terra,
os olhos despojados;
os que iam ficando,
num adeus agreste,
cinzento também,
não viravam costas ao mar,
ao rio latejante...
















Caixões em branco feitos água,
uma espera segura de mortes,
presságio secreto 
que o vento transportou 
no regresso da manhã...

(fonte da imagem:
http://www.123rf.com/)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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