quarta-feira, 3 de abril de 2024

K

Velho guerreiro








Numa pequenez rara,

abissal

Num rasgo de infinita bondade

Elevas o teu sorriso bom, para

Longe do que é efémero 

P’ra cá do final desejado.


Antes da fúria

E da danação:

Dos sismos e dos

Orgasmos, do

Instantâneo e do trovão.

Antes que o tempo seja

Dotado de mesquinhez, 

Que se alie a ti, 

velho guerreiro, nas 

Sombras de velhos contos,

De sagas-memórias 

Esfumadas, 

Trilhos para o esquecimento, 

Porque é esse o caminho

De todos os caminhos,

Não busques outro. 


Aperto a tua mão, 

Velho guerreiro, 

E reflicto 

-Nos teus olhos

Turvos, 

-No teu sorriso 

Aberto, 

-Na sinceridade 

De tuas mãos,


A beleza que ostentas, 

Esse manto de arminho, 

Que te cobre, 

É também real linhagem 

Finíssimo tule, 

Aristocrática humildade... 

Caminho e trilho reais,

Um beija-mão velado

que trouxeste de colónias

e possessões que, 

lascivas,

se te entregaram,

na fantasia do espanto:

“Vossa Majestade!

Altíssimo Rei!”

Na Metrópole esquecido,

Velho combatente de

Tua linhagem, de teu 

“Pedigree”.


Eternizas-te pela tua

dinastia fora,

Velhos quadros,

Tua face multiplicada/ex-quecida,

Senhor/raiz/centro/epicentro 

Dono de um sangue que não definhou.




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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

K

Sereseres

terça-feira, 1 de agosto de 2023

K

Manuscriptum

domingo, 7 de maio de 2023

K

Mater in Terrae

 

     Mãos que

Amam

                         Exímias no afecto, no conforto 


                                     (mãe, que todos os dias lhe sejam propícios e bonançosos)


(Foto: acervo do autor)

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quarta-feira, 3 de maio de 2023

K

Ganhos

                                                     



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quantas vezes uma  ausência

cria mais do que eu,

perco 4 letras: vida

e ganho muitas mais: desaparecer;

ir-me como?
Há frechas,
frinchas,
parapeitos
e escadas de salvação,
o esgueirar-me
é arte de fuga,
contraponto, e
deixar-te
é um exercício de deformação
de uma saudade
que aprendo
pelas letras da tua presença,
Mulher
sabes?
Deixo-te deslizando
pelo teu peito,
onde talvez me aninhe
e me torne parte de ti
e desse teu sorriso...

(Fotos do autor)

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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

K

Capital

 


 "Empty streets. Skylines overclouded,

my footsteps orange coloured

are where somebody meets"

Divisei-te num texto, em que te pressenti por entre as copas dos sintagmas, era um texto em língua inglesa, restos de sonetos de amor, entrevi algumas páginas de "Romeo and Juliet", o amor e a paixão, levam consigo tudo o que sentires, verdadeira enxurrada que deixa para trás limpo tudo aquilo que imaginavas.

Sim, o amor e a paixão, limpam os teus sentimentos, deixam-te à mercê dos elementos que, às vezes, trazem em si apenas restos daquilo que nem conheces que, talvez, nem quisesses nunca saber, estar perto do teu pensamento ou devaneio. Isso era a tua voz, o teu intento, talvez lá longe se perfilassem restos de gelo descontinuados por acordes harmoniosos.

Acima de tudo, vivias numa capital inútil, o teu amor gatinhava em restos duma cidade talvez esquecida de si própria. Jardins cuidados, muitas esplanadas bem arborizadas, parques para crianças. No entanto, praticamente faltavam as estruturas centrais dignas duma capital. Um idoso, habitante de jardim e cartas,  comentara comigo em voz de alguma conspiração: jardins e crianças não fazem esta capital dum império. 

Capitas imperialis… onde andava o imperador? Alguém sabia o seu nome, a sua  aparência, onde se sentava no seu trono imperial? Faraó, César, Czar, Imperator, Rex, os súbditos tinham que saber da sua majestade, tinham de saber a quem cultuar. 

Temos  de saber a quem amamos, temos de saber quem nos governa; quem nos governa o coração, quem manda em nós.

No meu coração mandamos os dois.

Neste império, como uma velha, decrépita e a fluir por si abaixo, nada se mantém, e as apostas, ensurdecedoras, buscam o final de Capitas Imperialis… há tanto tempo que busco esse término e ele teima, teima muito em não vir. 

Sento-me e espero:

- por ti no meu colo

- pelo apocalipse imperial


A um deles testemunharei…


(foto do autor) 

Sent from my Freewrite

 November 7th, 2022   Page 1 of 1

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sábado, 8 de outubro de 2022

K

Bússola

 


 Buscaste longe a tua longitude,
os sargaços trouxeram-te às costas,
fingiste as tuas fraquezas,
grata ficaste às gélidas
ondas que transportaram
essa tua alma espectral.
Ervas daninhas, não eram ondas,
lamberam-te os tornozelos,
o carácter feérico,
a vaidade arrojada.
(...)
Que fizeste à tua alma?
Que nos contas dela? 
Sim, será espectral e feérica.
Dos teus medos,
desprazeres,
afastamentos,
nada nos dizes.
Só a bússola,
em caixa compacta
de madeirame antigo,
robusto e seco, 
nos dá conta
desse teu desnorte...
(foto do autor)

(publicação original na minha página do Instagram: https://www.instagram.com)

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sexta-feira, 2 de setembro de 2022

K

Paleta em mosaico azul

 


Emoldurei-te,
encaixilhei-te,
dirigi a luz orientada,
o poente manteve
um sorriso pálido,
abastardado,
fluente no seu cinismo.
Uma paleta de azuis
disfarçava
os sarcasmos
com que o poente brindava
aquele quadro,
mosaico fluido,
escorregando preguiçoso,
nova parte no Tejo,
gradações suaves,
amálgamas virtuosas
de um Concerto em Ré Maior,
Carlos Seixas, Major Opus…

(foto do autor)

(publicação original na minha página do Instagram: https://www.instagram.com)



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quarta-feira, 8 de junho de 2022

K

Cai





A Lua cai,

parte-se,

rodopiam estilhaços,

nos brilhos loucos,

volteiam olhos

de antigos marinheiros

que na Lua viam o Caminho.


Hoje, as rochas restantes

já nada dizem 

e os olhos, dementes, 

só conduzem 

a escolhos 

que, por sorte, 

levam ao cavalgar 

das ondas, 

das próprias ondas

que estilhaçaram 

a Lua;


fechou-se o círculo. A Lua cai,

parte-se,

rodopiam estilhaços,

nos brilhos loucos,

volteiam olhos

de antigos marinheiros

que na Lua viam o Caminho.


Hoje, as rochas restantes

já nada dizem 

e os olhos, dementes, 

só conduzem 

a escolhos 

que, por sorte, 

levam ao cavalgar 

das ondas, 

das próprias ondas

que estilhaçaram 

a Lua;


fechou-se o círculo. 

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domingo, 2 de junho de 2019

K

Divinum lumen


No silêncio das carpetes, no ar almofadado, há uma surdina (una sotto voce), uma obsequiosa melodia vocal que se espalha pelos tapetes assim, lentamente, como o insidioso desastre em que gaivotas e corvos marinhos se enlearam numa dança cruel e finita.

(foto do autor
obtida com telemóvel) 

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domingo, 22 de julho de 2018

K

justeza


Um dia, 
a noite irá despojar-se,
lenta,
em luxúria plena,
em vasos comunicantes
de coisa alguma.

Um dia,
haverá tempo
para que a Lua
aqueça a noite,
a vigia será curta
e o anoitecer abençoará
os desfalcados da vida.

Uma noite,
o troar das luzes
trará os relâmpagos
que amanhecem o vento
que a tua aurora gera,
em giros de sol
e pós de estrelas.

("Acautela os teus caminhos, 
até os teus trilhos, mas não deixes
de olhar para os céus: as estrelas 
ainda irão suspirar pela tua alma."
Fala de Alfeu para o seu mestre)

(imagem: foto do autor,
obtida com telemóvel-Marvila
num fim de ano)

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quarta-feira, 27 de junho de 2018

K

augúrio

À noite,
até a luz se espraia 
em gestos vítreos,
em gestos de oiro,
pelas plantas
incertas do seu verde,
duvidosas da flor
ostentada em riste
de humilde presságio.
 
(foto autor obtida com telemóvel)

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sexta-feira, 9 de junho de 2017

K

encanto

Resultado de imagem para impressionist sunset
Encanta-me o entardecer,
não pelas suas sombras,
mas pelo dia 
que continuamente 
me oferece.
E tantas vezes, 
no seu brilho altruísta,
dá-me a luz dourada,
reflexo puro da sua majestade.


("Há-de aparecer-te uma sombra, uma ponta de tristeza. Olha a luz, analisa o teu mal e nunca deixes de regressar e de ir. Será esse o teu fado." Fala de Adeo a seu servo e amigo Paciano)


(fonte da imagem:
https://www.dailypainters.com/paintings/59216/Newport-Beach-Back-Bay-Painting-California-impressionist-sunset/Karen-Winters)

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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

K

fim


Chego ao fim.

Os meus mastros gemem
na proporção 
do enfunar das velas.
A quilha escorregadia,
habitação de infinitas cracas,
e afins,
anseia pelas mãos dos homens.

Conheci tantas águas,
adormeci sob tantas estrelas 
e todo o meu caminho 
foi apenas o regresso 
ao porto de partida.

Sei que os mares

são muito mais do que 7,
e que os oceanos 
muito mais do que 5,
pois tantas vezes 
as vagas eram mais altas
do que a gávea,
paredes escuras, 
pétreas, rijas,
águas-vivas infinitas.

Terei visto tudo.
Já sirvo há muito:
gerações de marinheiros
aprenderam comigo
o ofício;
lutei o bom combate,
guardei a fé,
nada mais espero.

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domingo, 14 de agosto de 2016

K

teimosia


Na chuva que, 
teimosa,
me persegue,
embarcarei
qual piloto
improvável.

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segunda-feira, 9 de maio de 2016

K

quando

Quando os passos
incertos
se tornarem estridentes,
quando o sorriso
vivaz
se tornar lerdo,
quando os meus olhos
despidos de ti
se tornarem centelha,
então saberei que o meu tempo,
que a minha fome de silêncio,
terão sentido na madrugada
que se alastra até pelo horizonte fora.

Diz-me quando for a hora,
desperta-me 
do terror hirto,
da chama já mortiça,
e deixa-me caminhar,
caminhar muito,
até ao fim do exílio simétrico,
que impus à minha alma.

(imagem do autor obtida
com telemóvel)

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

K

pregação

À meia-noite de Natal,
entre gargalhadas,
rasgar de papéis e exclamações,
um sussurro:
Bem-aventurados 
os que se aconchegam e aconchegam
Bem-aventurados
os que riem e fazem sorrir
Bem-aventurados
os que descansam e deixam descansar
Bem-aventurados
os que abraçam e são abraçados

Bem-aventurados
sois vós que, 
     mesmo não tendo, dais,
     mesmo não podendo, dais,
     mesmo sem alegria, mesmo sem forças, dais

Bem-aventurados sois,
não sei se ganhastes o Reino dos Céus,
mas sei que ganhastes tesouros na terra. 

(foto do autor obtida com telemóvel:
S. Martinho do Porto 2010)

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domingo, 9 de agosto de 2015

K

Algumas faculdades


Foi-se aproximando o tempo das letras.
Letras,
mirando atalhos,
fixando-se num poente
em que a dor já nem se escreve.
As letras, serpenteando,
indagam o traço de união,
o hífen que as torne palavras,
[onomatopeias servem].
Letras,
que as marcas renovam,
travestindo-as
num ritmo cigano,
entre palmas, sapateado:
grave, agudo ou circunflexo,
cedilha,
“nada se perde…
tudo se varre
pelo tempo fora”.
Sim,
foi chegando a era das letras,
que se engolem,
se ignoram,
em sms efémeras.

("Rega a tua vida de saber, também.
Olha mais para o belo, sabe escassamente
o que os outros dizem. Deixa que a arte 
te afunde e te abençoe."
Fala de Demóstenes a Péricles,
ainda na Democracia) 

(imagem de Francisca Torres, 
blogue 77 palavras de 
Margarida Fonseca Santos)

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

K

Palavras ditas

sábado, 20 de setembro de 2014

K

aponta ao alto



O que Jesus pensou e não disse: 

"És matéria das estrelas. Aponta, pois, para o alto, acredita em ti como acreditas na brisa e no Sol que te aquece. Quando baixares os braços, lembra-te que os erguerás de novo. O Criador do Universo não te esquecerá nunca, como nunca esqueceu cada átomo e molécula, cada grão de pó, cada célula, cada tecido e órgão. Ele ama a Sua Criação, como não te amará a ti?
Acredita em ti, Deus também acredita.
Sê abençoado/a!"

(fonte da imagem: n/a)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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