quarta-feira, 22 de agosto de 2018

K

Cruz de Pedra

Era a hora das vésperas
e o monge curvou-se,
os olhos no chão,
os ouvidos longe,
mas tão distantes
que a Palavra,
supostamente de Deus,
nem aflorou ao seu coração
Rezavam-se as vésperas;
os olhos rolaram pelo
chão de tábuas,
a testa a elas paralela,
a voz do oficiante:
Veníte, exsultémus Dómino;
iubilémus Deo salutári nostro.
Præoccupémus fáciem eius in confessióne
et in psalmis iubilémus ei.

Onde estariam as suas mãos,
supostamente postas?
Onde estaria a sua alma,
o seu fervor,
onde estaria ele?
Ele: frei Pedro da Sagrada Família?
Para onde teria fugido?
Que caminhos teria ele tomado?
Frei Pedro não o sabia.
Apenas estava longe de tudo,
de uma fé que gotejava
cada vez menos,
de uma regra que era cada vez menos sua,
de um geral que lhe era cada vez 
mais distante,
de irmãos que eram familiares
tão longínquos.
Afinal, só a Cruz,
só o Senhor era o seu Amigo,
o seu verdadeiro Irmão.

Agora,
só Jesus,
apenas.
O único GPS
dos seus caminhos errantes:
Frei S. Paulo de Todo o Mundo.

(foto nocturna obtida pelo autor:
jardins marvilenses)




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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

K

conversa de café

Image result for cascos de cavalos a galope
Esta é a vida de café,
sorriu Diógenes.
Aqui se destroem 
sistemas,
se constroem modelos,
se mata e gera a Humanidade.
São os rabos sentados
que trazem mais iluminação ao cérebro,
as ideias fixam-se como laca chinesa.
Aristarco respondeu:
é esta a vida de café,
o mundo passa 
e somos nós que o moldamos
fazendo bem
e bem fazendo.

Entretanto,
das colinas da Ática,
Alexandre e Aníbal
(tecidos no Tempo)
aproximavam-se,
o tropel dos cavalos
exalando cinza.

(fonte da imagem:
https://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-cascos-de-galope-do-cavalo-image11249327)


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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

K

canto


Resultado de imagem para parede alentejana

                         Não há bosques,
não há relva
no meu pensar;
cristalizou-se-me o sonho,
pingou o tempo entre duas tílias
no regresso de uma barra azul
- fusão numa parede alentejana - .

Florestas ridentes,
os mastros entrecortados,
a proa furando paredes
e paredes 
de algas.

Então verei
que tudo já foi 
dito,
inventado, 
feito,
e nada sobrou para 
o meu canto 
tão gregoriano, tão vetusto,
tão medieval, tão clássico.

(fonte da imagem:
http://castelocernado.blogspot.com/2010/12/cal-na-tradicao-alentejana-e-comendense.html)

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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

K

mar-rio

É  aqui que o rio
encontra o mar e,
nem sequer a sereia  
sabe do bater dos seus corações.
Na passada corrente do mar,
entre frondosos sonhos, 
sorrio à luz
e a uma sereia
que não capitula
ante o esquecimento
de um saber ancião:
que dizem as águas 
entre si? 

(foto do autor,
obtida c om telemóvel:
 uma manhã em Milfontes) 

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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