domingo, 3 de dezembro de 2023

K

Cresce

 

flores de rua em contraste

Um dia,
uma tarde,
pegarás no teu futuro:
a criança,
teu primeiro amor
inesperado,
por isso imenso,
por isso tua/nossa
vida plantada,
lembrança
deste adeus,
farol
transporte de um nome,
tão depois de por aqui passarmos,
(...)
Vida Bendita,
Céus de Aço,
Marcham abraçando secas, Alvas Almas
em Caminhos que pertencem ainda a Iago,
Santo Súbito de Causas Maiores.
                        Ocasos
                      Ocasos
                    Ocasos 
                  Ocasos
                Ocasos
              Ocasos 

         
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sexta-feira, 8 de junho de 2018

K

divunir























Hoje,
soube que separar
era unir futuros,
que viajar era caminhar para o ocaso 
com a mochila ao ombro,
só.
Soube que ao fim do dia
seria o meu livro que me esperava,
mais nada.
Soube que entre fogachos de meio-dia,
entre fluidos deslizantes de Outono,
pouco mais havia
e que o tom de auto-compaixão 
era interdito.
Soube, pois,
que os caminhos se desligam
na natureza política da traição.
Depois, em campanha,
no interesse, reganham o tacto
da reunião e a traição recua.
Agora,
digamos, pois, o acto de contrição.

(fonte do autor
obtida com telemóvel:
o chão da minha rua)

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sexta-feira, 6 de abril de 2018

K

Torre

Resultado de imagem para torre chapinhar
Freixos,
caminhos
à beira água.
Uma torre ensimesmada,
um gavião,
peito aberto,
lançadas as asas,
rasias ao coração,
enquanto chapinham,

pela tarde fora,
num entardecer de espuma.

(https://i2.wp.com/cruzilhadas.pt/wp-content/uploads/2016/06/Lagoa-Comprida-1.jpg?resize=710%2C340


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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

K

Canto da lua cerrada

Imagem relacionada
Aqui estou,
tão pálida,
no meu canto 
da noite,
a dois passos 
de ser grande.
De uma janela,
chamam-me negra,
misteriosa,
sufragista de loucos
e de mágicos lobos;
a minha luz,
dizem,
inspira poetas,
emancipa artistas,
saltimbancos
e trapezistas cegos.
Não conheço outro período
sideral a não ser este:
27 dias, 
7 horas, 
43 minutos e 
12 segundos,
que me transporta
dia e noite,
noite e dia.

Sou, pois,
uma lua cerrada,
em partículas 
de pó tão antigas
como os teus olhos
que me lêem agora.

(fonte da imagem:
http://40.media.tumblr.com/a5a37e100dc28cc61eee2f13bb092b71/tumblr_nfpsd6lhXY1tgoow1o1_1280.jpg)

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domingo, 22 de janeiro de 2017

K

estreito

Estreito,
estreito o caminho;
desliga o rádio 
e a noite embranquece,
lívida,
nem restos de estática 
a acompanham.
O caminho 
nada reflecte,
nem um grão de luz,
nem um pozinho de som,
nada.
Agora, ela mostra
as mãos finas,
pálidas de sono,
e pressente
um escape
que afinal
não há!

(foto do autor
obtida com telemóvel)

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

K

troc-catroc

Longa é a noite.
Há uma estrada
que calça os teus sapatos,
há um torpor
que leva o som dos teus sapatos
ecoando nas estevas.
Ouvem-se insectos
que frutam o espaço 
onde ondula o teu tempo.
Não há escuridão,
não há medo;
apenas o ecoar dos teu sapatos
troc-catroc
catroc-troc.
Há quanto tempo caminhas?
Há quanto tempo buscas o fim,
o lar
(será?)
Tens de dar a mão 
à brisa,
quem sabe ela não te toma nos braços?
Quem sabe ela não calceta
os teus sapatos com a ternura
do final dos atalhos,
da chegada
e do regresso?
Tu, caminhante suave,
devotada aos trilhos
que os teus sapatos esboçam,
troc-catroc
catroc-troc,
sê feliz e magnífica
nas pistas que traçares
nessa liberdade que te pertence!


(foto do autor obtida com telemóvel
a partir de uma gravura)

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sábado, 11 de julho de 2015

K

aritmética elementar

Quatro paredes,
uma porta,
quatro paredes.
Isto é a civilização,
isto é o homem de hoje:
mais quatro menos um mais cinco.
Números, 
contagens:
quantos passos para lá?
quantos passos para cá?
Isto é a civilização,
isto é o homem de hoje:
quatros paredes mais uma,
menos uma porta mais duas,
quatro janelas menos três.
Assim adormece o homem,
assim deixa fugir o sonho
na contagem
de paredes,
portas,
janelas.

E as árvores 
indiferentes,
murmurando 
[lá fora].

(fonte da imagem:
http://linhas.nobolso.net/fotos/graffitis-%E2%80%93-predios-av-fontes-pereira-de-melo-lisboa)

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sábado, 21 de fevereiro de 2015

K

aluguer

A máquina (facebook) pede-me que escreva alguma coisa, mas o orvalho, a geada, tolhem-me as mãos. As ervas estão brancas, lembrando a noite. Aquela colcha parece afagar o que está rente ao chão seria bela se não matasse.
Gosto do frio que rodeia as matas. Lembra-me a Escandinávia que não conheço, mas que fantasio. Lembra-me também que somos donos de muito pouco, que tomamos emprestado o que nos rodeia. Um dia, a nossa partida ou um fenómeno natural tudo arrasará não deixando sequer memória da natureza ou das nossas construções.
Quem sabe os nomes dos seus trisavós? Não estiveram por cá há muito tempo, ninguém sabe já quem foram. Como será com cada um de nós?
Para mim, é um exercício de humildade contemplar o que me rodeia, um exercício de relatividade em relação ao meu tempo, que nem sequer é meu: é um bem arrendado, tal como o meu corpo.
Tem algo a dizer, a replicar? Esteja à vontade.


NB 
Uma mulher sábia (não são apenas os homens que são sábios) confidenciou-me: 
"Se as formigas se extinguissem hoje, daqui a 50 anos a Vida na Terra teria desaparecido;
se a Humanidade se extinguisse hoje, daqui a 50 anos a Vida na Terra teria reverdecido."

(texto previamente publicado no facebook)
(fonte da imagem: n/a)

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sábado, 13 de dezembro de 2014

K

Clero, Nobreza e 3º Estado

O dia acinzentou-se; assim, 
em modo de sol em fuga.
Nos telhados em suspenso,
a cidade ancorou-se
num silêncio 
quase militante.
O céu manteve a quietude,
um talvez jeito de Nobre
em seus aposentos púrpura,
encerrado em segredo.

Ninguém oficiava:
as velas,
os incensórios jaziam mortiços,
na frieza de um Clero em fuga.

O Povo 
fluía pelas ruas
com a certeza da necessidade 
do 
deve/haver.

O dia 
manteve-se acinzentado,
figurante humilde
de uma peça
sem estrelas.

(escrito às 15H20
de 9/10/14)

"Procura ter homens ricos
e pobres 
entre as tuas tropas,
não vá ser necessário
negociar a paz, para 
que todos saibam o seu Valor."
(Fala do General Hidetaka
ao seu Samurai Tadashi,
antes da Grande Aquietação)
(foto do autor,
obtida com telemóvel,
algures em Marvila 
num dia de Outono)



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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

K

profetisa



Cumpriste a profecia:
aos teus olhos
a poesia foi dispersa
e esparsa:
nas tuas mãos 
o romance verteu-se,
numa enxurrada
quase banal:
no teu colo
já não se abrigavam
sonetos ou contos.
Esmeraste-te:
as palavras foram-se
despindo,
as sílabas empobrecendo-se,
num tropel de fuga cega.

Trocistas,
alguns falavam numa "língua depilada."

Tu, profetisa da desgraça,
chamavas-lhe apenas
"Accordo Ortographico de 1990"



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sábado, 20 de setembro de 2014

K

aponta ao alto



O que Jesus pensou e não disse: 

"És matéria das estrelas. Aponta, pois, para o alto, acredita em ti como acreditas na brisa e no Sol que te aquece. Quando baixares os braços, lembra-te que os erguerás de novo. O Criador do Universo não te esquecerá nunca, como nunca esqueceu cada átomo e molécula, cada grão de pó, cada célula, cada tecido e órgão. Ele ama a Sua Criação, como não te amará a ti?
Acredita em ti, Deus também acredita.
Sê abençoado/a!"

(fonte da imagem: n/a)

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terça-feira, 1 de julho de 2014

K

O autocarro

Eu gosto dos ecrãs a 3D dos autocarros. As 
pessoas ganham mistério, nos seus caminhos, nas suas vidas. 
Às vezes, o autocarro apressa-se e vêem-se as pessoas ainda mais apressadas em direcção ao passado. Na paragem, tento adivinhar para onde vai, o que faz todo aquele povo.
Gosto de me sentar no autocarro, janela aberta para a minha cidade, lufada de gente a correr para um regresso de que nunca conseguirá fugir. 
(fonte da imagem:
https://www.flickr.com/photos/mtsullivan/4797947596/)
(Também publicado em 77 palavras)

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

K

queda XXIV


Era sinuosa,
(lagarta imparável,
vento de Deus,
embaraço das nuvens),
aquela hera,
arrastada,
taciturna,
sempre que o entardecer
a imergia.
Ansiava pelo ar 
lodoso,
frio-aço 
que a envolvia,
ondulante,
queimava-a 
um desejo,
um rastilho
ainda apagado
pelo seu verde transparente
(quase).


Frio diadema,

quando regressas?
Quando te verei 
nos braços 
de um jazigo,
pedra tumular,
sarcófago
ou objecto vago ou
incorpóreo,
morada dilecta,
minha almofada.


(foto do autor

obtida com telemóvel:
Quinta da Cardiga)

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

K

geografia


Já esqueci a geografia.
Obliterei caminhos,
rosáceas,
batentes de sombras.
Embrenhei-me,
desenvolto,
nas poeiras fumegantes,
nos incensos já mortiços,
nos passos rasos 
dos tempos
de reis-faraós,
césares depois,
imperadores,
mais tarde czares,
distantes, sempre;
talvez amados,
sim,
em algumas geografias,
mas vagos,
mapas em branco,
tão reticentes...

(Primeiramente publicado em:
http://gps-poetasdomundo.blogspot.pt/)

(fonte da imagem:
http://shekinah-shalom.blogspot.pt/2011_02_01_archive.html)

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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

K

Dissertação

Bom amigo,
Saber que estás bem
É o que mais me conforta, sabes?
O resto… (tanto afinal) fica por dizer, na esteira do tempo, dos destinos humildes.
Calar é também lançar os sentidos, as memórias, afagar verdades (e mentiras…).
Até lavar os cestos é vindima, diz o povo,
Ser, no tempo, o além-gente, o retorno a nós: digo eu na incerteza dos trilhos inacabados.
Tempo é um bem que se esgota ligeiro,
De camadas feito, esgueirando-se de viés.
Falar é esquecer, partir, fundir-se no tecido do início…
(publicado em
77 palavras, com obrigação
de respeitar o provérbio)
(fonte da imagem:
http://appacdm-lisboa.pt/author/appacdm/)

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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

K

A recomeçar

[IMG]
Fogo,                           
pena,                   
sorriso:
três objectos-sentimento
que a assaltavam
hora a hora,
minuto a minuto,
tiquetateando,
forçando-a ao sorriso,
à pena,
depositando-a no fogo.
E tudo a recomeçar,
mecanicamente,
melhor, digitalmente,
com a certeza
de um programa pavoroso
criado pelo absurdo.
Já não eram só as mãos,
que tremiam,
ou os joelhos que chocalhavam
num tango bizarro;
toda ela era um estorvo
para si mesma.
Aquele ciclo:
fogo,
pena,
sorriso,
era a mortalha,
o regresso
a caminhos extintos...
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo
(fonte da imagem:

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quarta-feira, 13 de março de 2013

K

IN SEDE VACANTE


É neste tempo húmido,
escorregadio,
que desliza
a tua mente, o teu segredo,
na direcção do Norte.
É verdade que o trigo
agoniza na terra,
as papoilas
só em sonhos as vislumbras,
(mas ouve!)
a terra amolecida,
as oliveiras ensonadas
numa vigília estéril,
ouve os passos,
o arrastar na lama.









Olhas o entardecer:
uma luminosidade
tenta esconder
o cansaço
da chuva aleatória,
da tempestade ciclotímica.

Estás a dias da Primavera,
e o Inverno passa,
in sede vacante...

a busca fugaz
do fumo branco.

("Faz teu o caminho
da busca.
Avisa os outros das
maravilhas que encontrarão.
Sê esperado, a tua ânsia
será, assim, finita."
Fala da Esfinge a Heródoto)


(fonte da imagem não identificável)

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

K

manhã


Reinventei o som das águas
e, na sua duplicidade,
no seu escoar,
revi-me 
(a vida toda).
É uma luta desigual,
entre as tréguas 
dadas aos outros
e as guerras
contra mim...

O Sol 
empurra o seu brilho
para as águas,
quase transparentes;
há indícios de memórias,

certas,
no suspender
da respiração,
na visão baça

no abrir
dos olhos alagados...

(fonte da imagem:
http://www.mrwallpaper.com)

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

K

rodeio

(...) 
esquecer-me do que
o horizonte não contém:
eis o meu esplendor*
(...)
assim, esse rodeio
já é o meu fausto;
longe dos meus olhos
volteiam ritos,
esgares
de outros confins
não contidos
ou encerrados;
já pensei em esquecer
todos os jardins,
as alamedas escusas, até;
mas onde irão rebolar-se 
os meus olhos,
vida e morte da personagem?

*Ricardo Gil Soeiro
in espera vigilante
publicado por moriana
em 30/01/12, no seu blogue

(fontes das imagens:

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quinta-feira, 24 de março de 2011

K
La vocación de la luna
es la misma del mar:
guardar tus ojos y
tu boca 
para que tus palabras
se queden sencillas *
















baixo então os estores,
(seja-me leve o coração!)
e inclino a cabeça
na espera da gaivota,
que teima no volteio;
sorrio ao espaço,
as folhas são manchas inocentes
no desvelo com que o vento as trata;
no ar pressente-se a sujeição dourada,
a terna entrega da cidade ao rio, 
na entre-vista de Veneza,
na magia do regresso às águas;
sei a tua vocação,
sei que me preparas o caminho,
é para os simples que me crias,
e da minha boca só sairão as palavras...
(...)
que dizer, pois, do pulso 
em que converge a mão,
e que exalta a tecla 
e endeusa a pena?...

(*autor desconhecido)
(fonte da imagem:
http://www.jordelia.com.br/category/livros/;
"Torre de Babel de livros")

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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