sábado, 23 de março de 2013

K

a Drummond de Andrade

(...)
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,*

                                                                                     (...)                                                           

...mas a paisagem,
essa,
transforma a minha respiração
em suspiros;
uma mulher liberta o meu canto,
uma história qualquer...
a minha vida,
balizada entre os postes,
sem saída para a área,
golo em suspenso,
partida empatada...
agora a paisagem
resvala pelas escarpas,
e o meu canto,
possuído,
levam-me ao fundo,
ao vale dos lagos frígidos,
onde a minha imagem
se reflecte em tons de azul,
em matizes de refrega,
de não entrega,
objecto que se renega...

("O canto das sereias
é o teu destino.
Quando o ouvires,
canta ainda mais alto. 
A tua odisseia será
revivida em cada edição."
Fala de Homero a Ulisses,
sua personagem)

(*excerto do poema "Mãos dadas"
de Carlos Drummond de Andrade)

(fonte da imagem:
http://vinicolasevinhedos.blogspot.pt/)

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segunda-feira, 11 de maio de 2009

K

ouro-luz

(imagem retirada da net)

Endureci a crosta do solo;
salguei o rosto,
o sol empinado,
costas geladas
daquele sangue brutal;
entre as foices de trigo
(ouro faísca, ouro cego)
malham insectos;
vidas resvalam socalcos abaixo,
perdido o vinho,
o pão,
a semente.
Restam duas enxadas,
entre dois passos de horizonte,
resta um homem, uma mulher,
uma volta na eira,
uma ilha de raiva,

[inacabada]

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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

K

...entre os dedos


Levitam os ares,

sopram os encantos;

entre os dedos

erguem-se pedras,

rochas antigas,

em que os tempos falavam,

roçavam a memória.

Hoje, teus dedos sussurram suspiros,

trejeitos d'ontem;

as mãos recolherão

a imagem da terra.

Entre suspiros me deito;

há caminhos na terra,

sulcos de desejo,

a memória eleva-se,

o corpo amorna-se,

enrola-se,

abraça-se no vazio das imagens,

das falésias dos sonhos...


(inspirado num poema de moriana)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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