domingo, 3 de dezembro de 2023

K

Cresce

 

flores de rua em contraste

Um dia,
uma tarde,
pegarás no teu futuro:
a criança,
teu primeiro amor
inesperado,
por isso imenso,
por isso tua/nossa
vida plantada,
lembrança
deste adeus,
farol
transporte de um nome,
tão depois de por aqui passarmos,
(...)
Vida Bendita,
Céus de Aço,
Marcham abraçando secas, Alvas Almas
em Caminhos que pertencem ainda a Iago,
Santo Súbito de Causas Maiores.
                        Ocasos
                      Ocasos
                    Ocasos 
                  Ocasos
                Ocasos
              Ocasos 

         
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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

K

Porta dos aviões


Uma escuridão clareou,

tonalizou-se.

A pulso, torneou

gestos esquecidos.

Era

como caças baixando

em porta-aviões

faiscantes,

rompantes,

impantes

lá,

na enseada,

num rasto

de fumo,

ruído,

poderio,

também acolá 

a escuridão,

sorriso alvar,

mergulho sob

o casco

em que

cinza é a cor

dum futuro

com navios

servindo-se da guerra…


(Foto do autor)



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quarta-feira, 3 de maio de 2023

K

Ganhos

                                                     



,




quantas vezes uma  ausência

cria mais do que eu,

perco 4 letras: vida

e ganho muitas mais: desaparecer;

ir-me como?
Há frechas,
frinchas,
parapeitos
e escadas de salvação,
o esgueirar-me
é arte de fuga,
contraponto, e
deixar-te
é um exercício de deformação
de uma saudade
que aprendo
pelas letras da tua presença,
Mulher
sabes?
Deixo-te deslizando
pelo teu peito,
onde talvez me aninhe
e me torne parte de ti
e desse teu sorriso...

(Fotos do autor)

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sábado, 13 de agosto de 2022

K

Mhi'alma








Sei que o tempo
É outro.
Que já não anoitece
Por detrás da tua colina,
Tens uma fraga, agora,
Contaram-me,
E também não queres
Fenómenos por lá.
Assim, muda o tempo,
O teu Sorriso
Os teus Olhos Bonitos,
Continuam iguais,

Iguais a tudo o que fora
E nunca deixara de ser,
Para reconforto
Da tua alma nívea,
Pura,
Despojo de dias felizes. 


(Foto do autor 
obtida com telemóvel:
Palacete em Lisboa,
Outono/19)

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terça-feira, 18 de junho de 2019

K

a Lampedusa, homenagem de um plátano


A árvore,
verde alpinista
ensarilhou-se,
intrometeu-se,
enlaçou os arbustos,
na fuga canhestra
de ser madeira
de batel, falua,
caixão-caixote mediterrânico (…)

Tantas vezes em que Lampedusa
nem sequer se aproximou,
tantas vezes em que o sorriso do acolhimento
só trouxe campos
em que refugiar era de madeira,
até de árvore
ensarilhada,
intrometida (…)

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domingo, 5 de maio de 2019

K

olhar

Passeaste os olhos
pelo corredor, 
pelo chão, 
encontraste os meus
e sorriram-se. 
Aproximei-me
do teu precipício, 
espreitei, 
e a vertigem puxou-me:
"Onde estaria o teu olhar?" 
Senti que, contigo, 
sobrevoaria até o mar, 
raso de lágrimas. 
Tentaria, pois, 
o salto. 
Teus olhos riram, 
abraçaram os meus 
e demos as mãos, 
o Tejo indicando o caminho, 
o amanhecer o nosso limite. 


(foto do autor 
obtida com telemóvel:
Lisboa vista duma das 
suas colinas) 

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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

K

canto


Resultado de imagem para parede alentejana

                         Não há bosques,
não há relva
no meu pensar;
cristalizou-se-me o sonho,
pingou o tempo entre duas tílias
no regresso de uma barra azul
- fusão numa parede alentejana - .

Florestas ridentes,
os mastros entrecortados,
a proa furando paredes
e paredes 
de algas.

Então verei
que tudo já foi 
dito,
inventado, 
feito,
e nada sobrou para 
o meu canto 
tão gregoriano, tão vetusto,
tão medieval, tão clássico.

(fonte da imagem:
http://castelocernado.blogspot.com/2010/12/cal-na-tradicao-alentejana-e-comendense.html)

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sexta-feira, 6 de abril de 2018

K

Torre

Resultado de imagem para torre chapinhar
Freixos,
caminhos
à beira água.
Uma torre ensimesmada,
um gavião,
peito aberto,
lançadas as asas,
rasias ao coração,
enquanto chapinham,

pela tarde fora,
num entardecer de espuma.

(https://i2.wp.com/cruzilhadas.pt/wp-content/uploads/2016/06/Lagoa-Comprida-1.jpg?resize=710%2C340


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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

K

Canto da lua cerrada

Imagem relacionada
Aqui estou,
tão pálida,
no meu canto 
da noite,
a dois passos 
de ser grande.
De uma janela,
chamam-me negra,
misteriosa,
sufragista de loucos
e de mágicos lobos;
a minha luz,
dizem,
inspira poetas,
emancipa artistas,
saltimbancos
e trapezistas cegos.
Não conheço outro período
sideral a não ser este:
27 dias, 
7 horas, 
43 minutos e 
12 segundos,
que me transporta
dia e noite,
noite e dia.

Sou, pois,
uma lua cerrada,
em partículas 
de pó tão antigas
como os teus olhos
que me lêem agora.

(fonte da imagem:
http://40.media.tumblr.com/a5a37e100dc28cc61eee2f13bb092b71/tumblr_nfpsd6lhXY1tgoow1o1_1280.jpg)

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

K

e-s-q-u-i-n-a em aramista perfeito

Resultado de imagem para funâmbulo em arame
É na esquina dos meus pensamentos
que te espero,
espuma fugidia
em trapézio imóvel;
gabas-te do quanto deslizaste,
do quanto me fizeste confiar,
das palavras que sumiste de mim;
foste o resquício,
o travo doce,
o fugaz  negrume, 
conforto de um funâmbulo,
toda a duplicidade 
deste triunfo a que chamo "eu".

Talvez não me creias assim.
Não corro as as cordas de aço
sem um caos delicioso;
por isso,
babugem de Outono,
até de Dezembro,
sou eu que estou ali:
entre dois planos,
perpendiculares ou paralelos,
nada me importa.

 (fonte da imagem:
http://olhares.sapo.pt/funambulo-alado-foto4254470.html)

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

K

troc-catroc

Longa é a noite.
Há uma estrada
que calça os teus sapatos,
há um torpor
que leva o som dos teus sapatos
ecoando nas estevas.
Ouvem-se insectos
que frutam o espaço 
onde ondula o teu tempo.
Não há escuridão,
não há medo;
apenas o ecoar dos teu sapatos
troc-catroc
catroc-troc.
Há quanto tempo caminhas?
Há quanto tempo buscas o fim,
o lar
(será?)
Tens de dar a mão 
à brisa,
quem sabe ela não te toma nos braços?
Quem sabe ela não calceta
os teus sapatos com a ternura
do final dos atalhos,
da chegada
e do regresso?
Tu, caminhante suave,
devotada aos trilhos
que os teus sapatos esboçam,
troc-catroc
catroc-troc,
sê feliz e magnífica
nas pistas que traçares
nessa liberdade que te pertence!


(foto do autor obtida com telemóvel
a partir de uma gravura)

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sexta-feira, 1 de abril de 2016

K

sebes



Os arbustos lançavam chispas,
sebes vivas.

Era um caminho poeirento,

cálido.
Sempre aqueles quase-dedos
velozes,
na busca feroz do seu corpo.
Mas seguia,
sempre.
Havia tempo
que o sol já não era companhia,
apenas tortura,
que a brisa
era apenas um vento quente,
amargo,
seco.
Doía-lhe aquele trilho
que lhe ia macerando,
sem dó,
toda a vida
até lá longe,
ao refúgio
(do amanhã)


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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

K

consumado

Baixaste os ombros,
não, não os encolheste, 
num desprezo banal, ateu.
Apontaste os pés para a terra
para a Terra,
na sacra dúvida.
Labutaste nessa dúvida,
com a certeza
que um Deus ostenta
numa vitória despida.
Teus músculos ainda sustiveram
os teus ossos,
na integridade simétrica da encenação.
Tua cabeça pendeu,
finalmente,
na interrogação da terra, 
da Terra.
As tuas forças iam fluindo,
escapulindo-se como névoa na noite.

Foste erguendo a cabeça
Homem das dores:
está consumado.

(imagem: Cristo de Suan Juan de la Cruz, Salvador Dalí)

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sábado, 11 de julho de 2015

K

aritmética elementar

Quatro paredes,
uma porta,
quatro paredes.
Isto é a civilização,
isto é o homem de hoje:
mais quatro menos um mais cinco.
Números, 
contagens:
quantos passos para lá?
quantos passos para cá?
Isto é a civilização,
isto é o homem de hoje:
quatros paredes mais uma,
menos uma porta mais duas,
quatro janelas menos três.
Assim adormece o homem,
assim deixa fugir o sonho
na contagem
de paredes,
portas,
janelas.

E as árvores 
indiferentes,
murmurando 
[lá fora].

(fonte da imagem:
http://linhas.nobolso.net/fotos/graffitis-%E2%80%93-predios-av-fontes-pereira-de-melo-lisboa)

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sábado, 13 de dezembro de 2014

K

Clero, Nobreza e 3º Estado

O dia acinzentou-se; assim, 
em modo de sol em fuga.
Nos telhados em suspenso,
a cidade ancorou-se
num silêncio 
quase militante.
O céu manteve a quietude,
um talvez jeito de Nobre
em seus aposentos púrpura,
encerrado em segredo.

Ninguém oficiava:
as velas,
os incensórios jaziam mortiços,
na frieza de um Clero em fuga.

O Povo 
fluía pelas ruas
com a certeza da necessidade 
do 
deve/haver.

O dia 
manteve-se acinzentado,
figurante humilde
de uma peça
sem estrelas.

(escrito às 15H20
de 9/10/14)

"Procura ter homens ricos
e pobres 
entre as tuas tropas,
não vá ser necessário
negociar a paz, para 
que todos saibam o seu Valor."
(Fala do General Hidetaka
ao seu Samurai Tadashi,
antes da Grande Aquietação)
(foto do autor,
obtida com telemóvel,
algures em Marvila 
num dia de Outono)



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terça-feira, 1 de julho de 2014

K

O autocarro

Eu gosto dos ecrãs a 3D dos autocarros. As 
pessoas ganham mistério, nos seus caminhos, nas suas vidas. 
Às vezes, o autocarro apressa-se e vêem-se as pessoas ainda mais apressadas em direcção ao passado. Na paragem, tento adivinhar para onde vai, o que faz todo aquele povo.
Gosto de me sentar no autocarro, janela aberta para a minha cidade, lufada de gente a correr para um regresso de que nunca conseguirá fugir. 
(fonte da imagem:
https://www.flickr.com/photos/mtsullivan/4797947596/)
(Também publicado em 77 palavras)

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

K

Palíndromo

Rir, o breve verbo rir,
em tão pouco se apaga,
na versão diurna,
longe do sonho.
É nesse verbo,
na sua carne,
que desliza a voz,
em jeito trémulo,
fugaz.
Rir, o breve verbo rir,
aponta na justa medida,
no "stritu senso"
de uma alegria
que se quer.
Perdem-se no tempo
todas os jogos de guerra
que bordejam as almas.
Rir, o breve verbo rir,
ainda alenta
o marulhar da ternura,
o resto de paz
que se quer diário.

Rir, o breve verbo rir...

("Sempre que sorrires,
Deus dá-te a iluminação que precisares.
Nunca percas o verbo rir:
será teu companheiro 
nos caminhos que escolheres."
Fala de Agostinho de Hipona

a seu amigo Lucius)

(Fonte da imagem:
Vista do 
Panteão Nacional,
foto do autor
obtida com telemóvel)

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sexta-feira, 29 de março de 2013

K

Vitória!

Hoje,
rasgou-se o véu do templo,
a mão de Deus tocou a do homem,
finalmente,
e na Capela Sistina fez-se luz...

Hoje,
convulsionou-se o inferno
e a vitória
"está consumada".


Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? (1Cor 15:55)


(fonte das imagens:
1ª http://www.radiounasp.com.br/
2ª http://www.prayerthoughts.com/)

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

K

pó do tempo

Caminho na duplicidade
do que sinto,
do que sou.
Arrasto estradas,
vinhas e trigais
sem que haja hesitação,
ou sequer sentido
no que vejo.
Os meus passos
são o que sou,
coesos e esquecidos de si.
Sempre a luta desigual,
o perdão aos outros,
o zurzir-me de recordações;
caminho,
sempre,
e é no resvalar
entre tempos
que, 
das faíscas soltas,
entrevejo para onde
dirigir os meus passos,
a minha vida,
emenda solitária,
atalho poeirento,
pegadas cobertas...
("Caminha,
não importa o destino;
este revelar-se-á
a seu tempo."
Fala de Sócrates
ao seu discípulo Petraeus)
(fonte da imagem:
da galeria de kai_ross)

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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

K

estupros


Já me esqueceste?
Já te sobrou o tempo
da diáspora,
do revés sentido?
Já não lembras
o que fomos
ou que iríamos ser?
Onde estão os campos,
as árvores,
os frutos?
Ou será 
que o teu esquecimento
os varreu 
para debaixo da memória?
Sei que o vento deixou
de trazer os aromas, 
os pólens de outrora.
Sei que as sementes
se dispersaram
numa fúria esganada,
própria de apocalipse.
Seja maldito o teu desprezo,
a tua mágoa só gera 
vagas de extermínio,
regos de engano...
Mil vezes ergui o punho,
e mil vezes o baixei,
os meus pés,
fincados na lama,
raízes de um tempo
ainda solto...

("Deixa que o tempo
faça o seu trabalho,
que as rugas se apoderem
da tua ansiedade;
verás que, distantes,
os cuidados mirrarão."
Fala de Esculápio a Éfire,
seu discípulo)

(fontes das imagens:
1ª http://blog.earthfriendlyseeds.com/
2ª http://www.azgs.az.gov/)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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