sábado, 3 de fevereiro de 2024

K

Fim de tarde



A tristeza passeia-se

pelo fim de tarde.

Domingo, sempre

[entalado]

entre suas fráguas,

as margens do medo,

apertam

estas mãos sempre vazias,

logros duma esperança,

mártir, 

sacrificada no frágil altar 

duma certa bonomia.

O sol foi embora,

a lua tarda,

a mágoa instila-se,

paredes de mim,

sabes?

O tempo gastou-se,

rio medíocre,

banhando as mágoas do medo,

no vazio de uma semi-esfera,

desabitada de gente,

os seus moradores

sentimentos apodrecidos,

e,

enquanto a tristeza se passeia,

ladeiam-na

as distrofias,

tristes,

cíclicas,

de braço dado

com as fráguas 

que acima citei

e que amarinham

pelas paredes,

aranhas de Inverno…








[Publicado previamente na

minha página de Instagram

(www.instagram.com)]


(Fotos do A.)

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domingo, 2 de abril de 2023

K

Solstício em Março… em Setembro.









I


Os amores

Enlaçam-se

Beijam-se,

Sugam-se,

Voracidade

Canibal,

A fúria da

Faca aguçada,

Empernam em

Bailado emplumado,

Velhos dossiês

Capas rasgadas

Arquivos de amores falsos

Longos como

Sebes saltando

Como mulheres sadias e, afinal,

Tanto Amor

Enlaçado,

Voraz,

No entanto,

Todos distantes

Pelos restos do

Solstício…..


(Foto do autor)

(Texto publicado originalmente, com alterações, na minha página de Instagram)

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sábado, 8 de outubro de 2022

K

Bússola

 


 Buscaste longe a tua longitude,
os sargaços trouxeram-te às costas,
fingiste as tuas fraquezas,
grata ficaste às gélidas
ondas que transportaram
essa tua alma espectral.
Ervas daninhas, não eram ondas,
lamberam-te os tornozelos,
o carácter feérico,
a vaidade arrojada.
(...)
Que fizeste à tua alma?
Que nos contas dela? 
Sim, será espectral e feérica.
Dos teus medos,
desprazeres,
afastamentos,
nada nos dizes.
Só a bússola,
em caixa compacta
de madeirame antigo,
robusto e seco, 
nos dá conta
desse teu desnorte...
(foto do autor)

(publicação original na minha página do Instagram: https://www.instagram.com)

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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

K

áureos...

É na ilusão do ouro
que as madrugadas
fluem pelas tuas veias;
caminhos que os barcos
esqueceram,
vórtices de algas,
sal das areias-rochas,
os corais vitoriosos
na espera.
Sim,
é em tons de ouro
que viras a página
de uma madrugada
que regressa
na suave brisa
das ondas
que se espraiam, 
leves, 
a teus pés.
(foto quase sem retoques,
Mortágua, algures no início 
do Outono) 


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quarta-feira, 27 de junho de 2018

K

augúrio

À noite,
até a luz se espraia 
em gestos vítreos,
em gestos de oiro,
pelas plantas
incertas do seu verde,
duvidosas da flor
ostentada em riste
de humilde presságio.
 
(foto autor obtida com telemóvel)

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terça-feira, 18 de outubro de 2016

K

já não

Hoje entrei aqui e soube 
que já não é o dourado 
ou o estalar das folhas,
já não é a luz,
ou o anoitecer quase enxovalhado,
já nem sequer é o martelar fininho
da chuva
que me encantam.


É o apontar ao fim.
Ao fim do ano
com as luzes/cores/brilhos
da Celebração.
(foto do autor
obtida com telemóvel)



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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

K

cor

A cor púrpura desliza,
na fronteira,
na mistura baça
da madrugada
que antecede a lâmina.
Espera-se a alva, 
o silvar,
o zunido cego,
já.
A luz espraia-se,
há um humor pétreo,
uma quase-cascata
que impera
precipitando-se
sobre os velhos arrozais,
migalhas de um Oriente
ao dobrar da esquina.
É a cor púrpura,
que a tudo remete,
que a tudo destina,
é a cor púrpura 
que aponta 
para lá do Ser,
para lá da Visão
e do Conhecimento.
Virtude primitiva
de um caminho
a que se chama hoje
consciência,
saber até.

Haverá
uma cor 
púrpura bastante,
que envolva
que cubra
que [nos] tape, até?

Regra de busca,
de regresso,
redenção última,
alento fugaz.

(foto do autor 
obtida com telemóvel)

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quinta-feira, 9 de junho de 2016

K

p/b

Foi a preto e branco que te guardei.
Não mais te vi,
na memória 
nem o negativo restou.
Para sempre apaguei 
as luzes da revelação,
fechei o estúdio.
Hoje sei que fiz o melhor,
que arquivar-te 
foi acinzentar-te
a ausência.
Imagem seca, a sépia.

(fonte da imagem:
https://denverfotografie.wordpress.com/category/landscape/page/3/)

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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

K

Outono, opus 2

As árvores vão-se fechando, o ar amolece, há um sabor a adeus e, nas janelas poeirentas do Verão, há um levíssimo travo a Natal.

(imagem do autor: Caramulinho, num Outono, imediatamente antes das mãos criminosas que trouxeram o fogo e a morte)

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

K

geografia


Já esqueci a geografia.
Obliterei caminhos,
rosáceas,
batentes de sombras.
Embrenhei-me,
desenvolto,
nas poeiras fumegantes,
nos incensos já mortiços,
nos passos rasos 
dos tempos
de reis-faraós,
césares depois,
imperadores,
mais tarde czares,
distantes, sempre;
talvez amados,
sim,
em algumas geografias,
mas vagos,
mapas em branco,
tão reticentes...

(Primeiramente publicado em:
http://gps-poetasdomundo.blogspot.pt/)

(fonte da imagem:
http://shekinah-shalom.blogspot.pt/2011_02_01_archive.html)

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domingo, 22 de dezembro de 2013

K

21/12

No mais escuro da noite,
serpenteando por entre arbustos,
ou pelas vielas mais estreitas,
goza os dias curtos,
envoltos num negrume
tresandando a susto.
Encosto-me ao vidro:
só a claridade opaca,
oblíqua,
me ilumina os dias;
um frio grotesco
embrulha-me os ossos
(e o ânimo),
ainda são 4 e meia
e já cabeceio,
(magro dia este).

Há, 
no entanto,
neste vago desaconchego,
um sensível,
iminente calor,
que me desperta,
lento,  
preguiçoso,
para um mais do que 
doméstico torpor...


("Não deixes que o teu humor
se camufle com o variar dos dias.
Aprende a felicidade também nas chuvas,
quer elas venham do basto Nilo
quer sejam trazidas pelos ventos do
Norte."
(fala de Eratóstenes de Alexandria 
a seu filho Ággelos)
(fontes das imagens:
1ª:  http://www.the-tls.co.uk/tls/public/article1276546.ece
2ª:  http://crazy-frankenstein.com/free-wallpapers-files/seasonal-wallpapers/winter-holidays-wallpapers/country-winter-holidays-wallpapers-1024x768.jpg)

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domingo, 6 de maio de 2012

K

a festa do Sol

Com um pedaço de noz
faço um barco,
lanço-me às águas
e, nas lantejoulas das ondas,
construo um baloiço
e encho-me de riso.
Tantas são as gargalhadas
que a noz torna-se cabaça
e o baloiço montanha-russa.
Então, num sorriso terno,
com um pedaço de luz,
o Sol espraia-se por mim,
pela cabaça,
pela montanha-russa
num Cirque du Soleil
em jeito de bruma e púrpura.


(fontes das imagens:
1ª http://playnwisconsin.com/pages/swingsets
2ª http://artsblog.dallasnews.com/archives/)
(publicado em primeiro lugar em 
"Momentos de escrita criativa")

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terça-feira, 24 de abril de 2012

K

solar


Duas horas.
Os campos abrem caminho
por entre o canto das cigarras.
O ar treme, vazio de pó,
e é esse deserto que o Sol assombra.
O grito encova-se
na inutilidade,
no fardo daquele dia.
Duas e meia.
O suor secaria nas têmporas,
se não houvesse deserto
e o canto das cigarras.
Três horas, quatro, cinco.
Quando os azuis se encontram,
o horizonte salpica-se de infinito,
e é nas gotas de suor
que não brotaram
que floresce este Alentejo,
para além do Tejo,
para além de mim!

(fonte da imagem:

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

K

incerteza

Hesito,
e é na reticência 
que me agasalho.
É nebuloso o sonho
e urgente a magia:
talvez seja hoje
que as minhas palavras
inquietem as ervinhas
do teu abraço.
Regresso,
na hesitação
dos passos
em que ainda me perco.
Agora,
estico o braço
que entra pelo amanhã dentro,
e retorno
ao fim,
ao limiar
da manhã de Adão.

(fonte da imagem:
http://www.google.com/imgres?hl=pt-PT&gbv=2&biw=1117&bihhttp://www.google.com/imgres)

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

K

em azul

É turva esta imagem de sonho,
feita de lampejos e claridade.
Um pincel coloriu a luz,
os barcos nasceram
como extensão do riso do pintor
e desceram a praia como arcos,
hesitando entre a água e o céu,
 num vacilar sábio,
quase religioso.
Aquele azul rio acima
mistura-se na aguarela,
no mosto das tintas;
na imobilidade que agarrou;
num instante perfeito,
fica uma réstia de abandono,
uma saudade oscilante,
um adormecimento numa tarde de Verão,
voltando em ciclos,
sempre em ciclos circulares...

(foto do autor obtida com telemóvel,
fim de tarde em S. Martinho do Porto,
Agosto 2011)

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

K

umbrais

Sobre a tua fonte,
as folhas laranja amortecidas
serão restos de merendas,
caminhos de renda solar,
cascas de lembranças
despojadas a um canto.

Na tua fonte,
estão imersas as folhas laranja;
e os sonhos,
apátridas, é certo,
despejam-se
como píxeis em cascatas raivosas,
ribombando fagulhas
no triunfo de um Outono
galgando, arquejante
os umbrais do teu olhar!

(fonte da imagem:
http://www.naruto-pt.com)

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terça-feira, 16 de março de 2010

K

cor.pt

Quando a tua história
se prostrar nos meus joelhos,
quando o teu sorriso
se pendurar no meu pescoço,
quando as tuas fábulas,
se derem a mim por inteiras,
então poderás dizer:
"sabes-me de cor,
na cor dos meus sentidos"
(fonte da imagem:
yadayada.hex.com.br/)

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sábado, 8 de agosto de 2009

K

musa

Olhei os musgos que escorriam
dos teus olhos;
rodopiei a vida
para que corresses à minha frente,
feita musa...
(imagem retirada da net)

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quarta-feira, 29 de julho de 2009

K

Talvez tudo não passasse

de um sonho

na tua paleta

em tons de maresia
(imagem retirada da net)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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