Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
terça-feira, 30 de outubro de 2012
K
Céu
Lembra-te que um crepúsculo,
que uma ausência de luz,
é, também, um caminho, num castelhano tosco: "más grande, más sencillo", sim, mais simples, em que, em fundo, se encontrará o escuro, oriundo da luz. Não faz mal: quantos caminhantes, no ensejo maior da caminhada, viram nuvens escuras presas em farripas esparsas de uma luz vencida? Abre os olhos, vê, teme o temor, apenas. De resto, enfuna-te, e deixa que mesmo "más grande" o caminho não te abandonará, não te descalçarás sucumbindo às dores do desnorte, ao pesar da palavra oca.
("Restringirás a tua retirada e os teus homens hão-de saber-te senhor e mestre da manobra militar." Fala de Eurípedes a Xenofonte, na sua retirada)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
1 Comentários:
Não temo o crepúsculo, anseio por ele, pois é da forma que se pode dar pontapés nos imbecis sem que eles nos vejam! Abraço!
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