sexta-feira, 5 de abril de 2019

K

Para Pessoa “O cais era uma saudade de pedra”

No Mar Atlântico não cabe toda a Saudade dos portugueses, por isso Fernão de Magalhães criou o Oceano Pacífico para que nele se continuassem a escoar as saudades que ficaram por ressarcir: o Sal das Lágrimas dos Açores.

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quarta-feira, 22 de agosto de 2018

K

Cruz de Pedra

Era a hora das vésperas
e o monge curvou-se,
os olhos no chão,
os ouvidos longe,
mas tão distantes
que a Palavra,
supostamente de Deus,
nem aflorou ao seu coração
Rezavam-se as vésperas;
os olhos rolaram pelo
chão de tábuas,
a testa a elas paralela,
a voz do oficiante:
Veníte, exsultémus Dómino;
iubilémus Deo salutári nostro.
Præoccupémus fáciem eius in confessióne
et in psalmis iubilémus ei.

Onde estariam as suas mãos,
supostamente postas?
Onde estaria a sua alma,
o seu fervor,
onde estaria ele?
Ele: frei Pedro da Sagrada Família?
Para onde teria fugido?
Que caminhos teria ele tomado?
Frei Pedro não o sabia.
Apenas estava longe de tudo,
de uma fé que gotejava
cada vez menos,
de uma regra que era cada vez menos sua,
de um geral que lhe era cada vez 
mais distante,
de irmãos que eram familiares
tão longínquos.
Afinal, só a Cruz,
só o Senhor era o seu Amigo,
o seu verdadeiro Irmão.

Agora,
só Jesus,
apenas.
O único GPS
dos seus caminhos errantes:
Frei S. Paulo de Todo o Mundo.

(foto nocturna obtida pelo autor:
jardins marvilenses)




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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

K

canto


Resultado de imagem para parede alentejana

                         Não há bosques,
não há relva
no meu pensar;
cristalizou-se-me o sonho,
pingou o tempo entre duas tílias
no regresso de uma barra azul
- fusão numa parede alentejana - .

Florestas ridentes,
os mastros entrecortados,
a proa furando paredes
e paredes 
de algas.

Então verei
que tudo já foi 
dito,
inventado, 
feito,
e nada sobrou para 
o meu canto 
tão gregoriano, tão vetusto,
tão medieval, tão clássico.

(fonte da imagem:
http://castelocernado.blogspot.com/2010/12/cal-na-tradicao-alentejana-e-comendense.html)

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quarta-feira, 27 de junho de 2018

K

augúrio

À noite,
até a luz se espraia 
em gestos vítreos,
em gestos de oiro,
pelas plantas
incertas do seu verde,
duvidosas da flor
ostentada em riste
de humilde presságio.
 
(foto autor obtida com telemóvel)

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segunda-feira, 21 de maio de 2018

K
Caminhas,
devoto sedutor,
atrás do táxi
que se prende
pela antena
e pela tecnologia.
Ganham aço
os teus sapatos,
nas reviravoltas das ruas;
não há silêncio
que te embale,
nem jugo
que te seja leve.
Agora,
2018 é o ano
do mais do que supersónico,
do mais do que arranha-céus.

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Todo!!

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sexta-feira, 2 de junho de 2017

K

Lar

Tem a coragem de não alimentares o teu dragão, os teus demónios ou os lobos que em ti habitarem.
Sê o teu lugar de acoitamento, teme só a tua própria madrugada.
Se, a meio da noite, acordares dá-te à escuridão e ela te protegerá.
Acima de tudo, mantém mal alimentado o horror que em ti busca descanso!

(fonte da imagem: foto do autor obtida com telemóvel: lareira beirã)

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sábado, 19 de novembro de 2016

K

chegará o dia


Chegará o dia
do embarque,
da vela solta,
do movimento
escalando
a espuma.
Então, à popa,
o vento 
sorrir-me-á
enchendo
a minha cara
de sardas;
e então aí 
serei
eu,
peregrino
sem retorno 
nem remorso.

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quarta-feira, 3 de julho de 2013

K

lança

Enches o peito,
para onde 
te apontas?
Há encostas abertas
pelos seus vales,
há verdes secretos
empalados na angústia
do horizonte:
cabo recortado
em laivos de marés.

Firmaste o pé,
o peito ao léu,
a lança enterrada,
para onde a apontas?
Sabes?
Hoje já não há 
o quadrado,
o pó misturado com sangue,
o anoitecer em vitória
grosseiro nos cânticos
e no beber.

No entanto,
não desprezes
a lança,
ou o peito,
a alegria infantil,
ou a fé simples,
natural,
e também a teimosia
fincando o pé
em terra nossa:
de encostas,
vales e árvores,
e caminhos e veredas,
e gentes
ainda
com um sonho,
um fugaz pertencer,
uma pátria,
uma língua,
indício de alento...

("Acarinha a tua cidade
através dos teus concidadãos,
é no seu desgoverno
que a Polis se revela;
não temas, 
pois alguém 
agarrará com pulso férreo."
Fala de Heródoto a 
Πόρτες,

cidadão tresmalhado)

(fonte da imagem:
http://wiki.worldofgothic.de/Tutorials/Speerwerfer)

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

K

incerteza

Hesito,
e é na reticência 
que me agasalho.
É nebuloso o sonho
e urgente a magia:
talvez seja hoje
que as minhas palavras
inquietem as ervinhas
do teu abraço.
Regresso,
na hesitação
dos passos
em que ainda me perco.
Agora,
estico o braço
que entra pelo amanhã dentro,
e retorno
ao fim,
ao limiar
da manhã de Adão.

(fonte da imagem:
http://www.google.com/imgres?hl=pt-PT&gbv=2&biw=1117&bihhttp://www.google.com/imgres)

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sábado, 3 de março de 2012

K

queda XX

A vida não me basta,
já não me chega,
os meus pulsos emergem da sombra,
os líquenes cobrem o meu ontem,
o hoje rasteja submisso.
Não me chega a vida:
os meus passos ressoam
na calçadas escurecidas pela luz;
há uma réstea, um quase farrapo,
de compassos marcados por dois violinos,
ripas enegrecidas num ré maior.
Não me basta a vida:
já vejo a claridade,
a aurora cintilante

como um véu de clara espuma
em carícias dançadas,
bafejando um vago Ocidente.

(foto do autor
obtida com telemóvel:
"Ocaso em S. Martinho do Porto,
2010")

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

K

Alcácer

Transfiguro os meus olhos:
quero-os setas,
transparentes,
caminhos de vitória;
quero-os baixos,
apontando
para o menos infinito.
Quero-os par de candeias,
par de luas;
Quero-os alinhados
em três sóis,
sistema planetário
de rios ainda por desaguar
(...)
Queria que uns olhos 
brilhantes,
brilhantes de cansaço,
maculassem os riachos
das praias caudalosas
de Alcácer-Quibir...
  (fonte da imagem:
http://downloads.open4group.com/)


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terça-feira, 11 de maio de 2010

K

Equinócio

é, pois, neste equinócio
em que metade é céu,
metade escuro,
metade vida,
a outra pardo;
é, pois, neste equinócio
em que tudo é
meio
por
meio
que te entrego a minha
met
ade
afunilando os caminhos
do Inverno,
ou Verão,
dependendo
das tuas
direcções,
dos teus
sentidos
(fonte da imagem:

http://www.projetojade.com/)

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sexta-feira, 23 de abril de 2010

K

azul

De tanto crer-me frouxo,
a minha vida soltou-se
em cristas de nuvens claras,
em azuis de épicas vagas,
em risos despertos de criança.

(fonte da imagem:

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quinta-feira, 14 de maio de 2009

K

Aqui estás:

força bruta,

milagre,

memória de físicos, matemáticos.

Tributo a Da Vinci, Galileu, Newton, Kepler.

Não sabes quanto vales,

apenas um destino fabricado.

Equações, fórmulas, papéis,

eis o que és:

brio,

5 sentidos do Homem

caminho, onde o seu braço não vai.
Não sabes quanto vales,
a tua força,
os olhos que te seguem,
os dedos, às vezes, cruzados
que te miram.
És tributo,
milagre,
folha de equações,

és o triunfo
(és a queda...)
(imagem retirada do site da NASA)





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domingo, 27 de julho de 2008

K

...


...em nó me enlaço,

fujo, mas não.

Há um soco vão,

uma corda dura,

um arco maldito,

uma força,

uma razão louca,

em sangue jorrante!

Fúria vencida,

um quase vento,

um ciclone (a tua mão...)

ata-me,

larga-me em espaço vazio,

em buraco, em furo,

e enlaça-me

na doçura do quedar-se,

no borralho,

naquela brasa pulsante

onde o chão se foi,

e a cinza,

essa,

assim ficou...

(inspirado em blindness)

(Fotografia de J.N.)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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