Era a hora das vésperas
e o monge curvou-se,
os olhos no chão,
os ouvidos longe,
mas tão distantes
que a Palavra,
supostamente de Deus,
nem aflorou ao seu coração
Rezavam-se as vésperas;
os olhos rolaram pelo
chão de tábuas,
a testa a elas paralela,
a voz do oficiante:
Veníte, exsultémus Dómino;
iubilémus Deo salutári nostro.
Præoccupémus fáciem eius in confessióne
et in psalmis iubilémus ei.
Onde estariam as suas mãos,
supostamente postas?
Onde estaria a sua alma,
o seu fervor,
onde estaria ele?
Ele: frei Pedro da Sagrada Família?
Para onde teria fugido?
Que caminhos teria ele tomado?
Frei Pedro não o sabia.
Apenas estava longe de tudo,
de uma fé que gotejava
cada vez menos,
de uma regra que era cada vez menos sua,
de um geral que lhe era cada vez
mais distante,
de irmãos que eram familiares
tão longínquos.
Afinal, só a Cruz,
só o Senhor era o seu Amigo,
o seu verdadeiro Irmão.
Agora,
só Jesus,
apenas.
O único GPS
dos seus caminhos errantes:
Frei S. Paulo de Todo o Mundo.
(foto nocturna obtida pelo autor:
jardins marvilenses)
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