domingo, 15 de dezembro de 2024
Kquarta-feira, 1 de novembro de 2023
KTens trens?
Espero
na estação,
apenas a arrogância da névoa
num atraso celeste
ou infernal?
É longínquo o apito,
chega o ruído sobre mim nos carris,
desacelera, guincha, pára;
um ruído metálico percorre-me,
iça-me para dentro
do Comboio da Não Existência:
na carruagem
nada…
como se um imenso vazio
um buraco tudo sugasse,
e a morte, a própria morte,
oca de si,
me levasse ao colo
rumo à indiferença,
ao desprezo
{de mim mesmo...}.
Arranca, baforando,
não há lugar de chegada,
paragem assobiada,
familiar abraçada,
apenas o nada…
(“Guarda-te de chegares
tão longe que nem
distingas os caminhos,
ou as memórias
dos que te são
queridos.”
Fala de Cristo a Saulo,
em Damasco)
Originalmente publicado, com alterações, na minha página de Instagram (instagram.com)
(Imagem: acervo digital do A.)
Etiquetas: Afectos longínquos, arco imóvel, entropia, escrever a vida
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
KPaletes
Etiquetas: caminho/obscuros tempos, escrever a vida, esquecimento
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
KCruz de Pedra
Etiquetas: escrever a vida, espaço, Já nada; a fuga e a partilha, juntos
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
Kconversa de café
Etiquetas: caminhos/obscuros tempos, escrever a vida, espaços, Já nada; a fuga e a partilha, memória
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
Kcanto
Etiquetas: caminho, circular, escrever a vida, espaço, paredes estanques, trompe l'oeil, Vens também? Afectos longínquos
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
Kmar-rio
de um saber ancião:
que dizem as águas
entre si?
(foto do autor,
obtida c om telemóvel:
uma manhã em Milfontes)
Etiquetas: circular, escrever a vida, esquecimento
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Kdivunir
Hoje,
soube que separar
era unir futuros,
que viajar era caminhar para o ocaso
com a mochila ao ombro,
só.
Soube que ao fim do dia
seria o meu livro que me esperava,
mais nada.
Soube que entre fogachos de meio-dia,
entre fluidos deslizantes de Outono,
pouco mais havia
e que o tom de auto-compaixão
era interdito.
Soube, pois,
que os caminhos se desligam
na natureza política da traição.
Depois, em campanha,
no interesse, reganham o tacto
da reunião e a traição recua.
Agora,
digamos, pois, o acto de contrição.
(fonte do autor
obtida com telemóvel:
o chão da minha rua)
Etiquetas: Afectos longínquos, Busca, copy paste, escrever a vida
sexta-feira, 6 de abril de 2018
KTorre
Freixos,
caminhos
à beira água.
Uma torre ensimesmada,
um gavião,
peito aberto,
lançadas as asas,
rasias ao coração,
enquanto chapinham,
pela tarde fora,
num entardecer de espuma.
(https://i2.wp.com/cruzilhadas.pt/wp-content/uploads/2016/06/Lagoa-Comprida-1.jpg?resize=710%2C340
Etiquetas: Busca, caminho, circular, entropia, escrever a vida
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
KMarrocos
Nas traseiras
de minha casa
há um cigano,
a quem, à noite,
por vezes,
o vinho ataca
(fantasio-o
encostado
a um candeeiro);
então grita e
uiva e
trina,
e a sua voz trepa e
eleva-se e
a noite estremece;
lembro um Marrocos desconhecido,
uma noite cálida e
ao longe,
o Muezim
chama para a oração,
e grita,
e trina,
e a sua voz trepa e
eleva-se e
a noite estremece; e
o meu cigano vizinho,
sem o saber,
transporta Marrocos
para debaixo da
minha janela,
numa memória ausente
porque de Marrocos
apenas conheço a mesquita
de Lisboa!
(foto do autor obtida com telemóvel)
Etiquetas: escrever a vida, Para onde? Busca
sábado, 9 de dezembro de 2017
Kchão... vida
Etiquetas: Afectos longínquos, escrever a vida, laivos
terça-feira, 19 de setembro de 2017
KAlegria fortissima em modo vivace
Era total a minha inabilidade:
acercava-me, numa saciedade imprecisa da memória;
dizia: acerco-me,
mas o sorriso caía,
como uma praça forte que tombava
às mãos impolutas
de quem a merecia.
Incapaz,
o sorriso esmorecido,
tentava lançar os frecheiros,
os lanceiros,
os caldeirões de azeite fervente, até.
A conquista consumava-se, no entanto.
Os aríetes,
as escadas,
os besteiros,
iam matando a minha alegria,
o meu sorriso desvanecia-se
como a morte esbofeteava
os soldados nas ameias e muralhas.
Transmutou-se, então, o meu sorriso:
de praça forte forte
a sitiada
e conquistada;
o valor do saque era riso,
fruto do orgulho nos meus campos
a perder de vista.
Ah! Se a minha alegria fosse uma palavra apenas!
(fonte da imagem:
http://pichost.me/1761943/)
Etiquetas: circular, escrever a vida, Para onde? Presa de si
quinta-feira, 4 de maio de 2017
KLivro das Horas
Amiga:
A vida é um sussurro
que percorre as folhas do calendário
deixando-me atónito.
Cada ocaso é um só,
e as colinas escorregando pelas águas
tornam-se marcos onde o tempo,
forçosamente,
se imobiliza.
Sei que para ti, caríssima,
o tempo é um escolho,
deve ser esquecido
enterrado, até.
Mas ele vulgariza-te
nas sombras que antecedem as rugas.
Sabes?
Foi ontem que nos conhecemos,
que brincámos com as palavras
em jardins
escorados por esplanadas e risos.
Hoje, a galhofa é outra:
o tempo saltou para as nossas cavalitas
tapando-nos os olhos e a boca,
alimentando-se de nós.
Hoje, somos espelhos de todos os prazos;
somos resquícios de uma alegria
tão efémera como as folhas do calendário.
Somos pasto do tempo;
quebra, pois, os relógios
e o sortilégio das horas!
Um beijo grande.
Jaime
(fontes das imagens:
1ª - https://br.depositphotos.com/36283215/stock-photo-calendar-pages-flying-away-time.html
2ª - http://www.oh-i-see.com/blog/2014/01/09/reflections-on-time-passing/)
Etiquetas: escrever a vida, ventos longínquos
quinta-feira, 14 de abril de 2016
Kmadrugando
É na dureza da tábua
que se adentra a manhã,
deslizando-se sem torpor,
sem fricção.
É a madrugada
que roça as pálpebras,
o som do pó nas tábuas,
a noite esquecendo-se
pelas frinchas.
As folhas das árvores,
os ramos na ginástica da brisa,
o sorriso desdentado de um velho tronco.
A madrugada sopra,
de mansinho,
os restos da noite,
a poesia do sonho
legitimado.
Varre, também,
a loucura dos olhos teimando-se
abertos,
a obsessão do pensamento
ladeado na demência
das horas lentas,
fincadas no infinito.
É na madrugada
que se assina o pacto
com a luz,
mesmo na dureza
do seu refulgir metálico.
("Sê a tua própria dona.
Se te inquirirem,
sê uma só voz.
Que nunca tenham uma ponta,
um só átomo contra a tua conduta."
Fala de Filemon a sua amada Baucis)
Etiquetas: escrever a vida, espaços
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
KEsplanada
Etiquetas: escrever a vida
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Kderama
Etiquetas: apenas, escrever a vida
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Kanoiteceste
Etiquetas: amoras de atalho, escrever a vida
terça-feira, 7 de outubro de 2014
KElogio do esquecimento
Etiquetas: Afectos longínquos, escrever a vida
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Koferenda
Etiquetas: escrever a vida, que faço por cá? Vens também? Afectos longínquos
sábado, 3 de maio de 2014
K(...)
Etiquetas: escrever a vida
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
-
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)