Livro das Horas
Amiga:
A vida é um sussurro
que percorre as folhas do calendário
deixando-me atónito.
Cada ocaso é um só,
e as colinas escorregando pelas águas
tornam-se marcos onde o tempo,
forçosamente,
se imobiliza.
Sei que para ti, caríssima,
o tempo é um escolho,
deve ser esquecido
enterrado, até.
Mas ele vulgariza-te
nas sombras que antecedem as rugas.
Sabes?
Foi ontem que nos conhecemos,
que brincámos com as palavras
em jardins
escorados por esplanadas e risos.
Hoje, a galhofa é outra:
o tempo saltou para as nossas cavalitas
tapando-nos os olhos e a boca,
alimentando-se de nós.
Hoje, somos espelhos de todos os prazos;
somos resquícios de uma alegria
tão efémera como as folhas do calendário.
Somos pasto do tempo;
quebra, pois, os relógios
e o sortilégio das horas!
Um beijo grande.
Jaime
(fontes das imagens:
1ª - https://br.depositphotos.com/36283215/stock-photo-calendar-pages-flying-away-time.html
2ª - http://www.oh-i-see.com/blog/2014/01/09/reflections-on-time-passing/)
Etiquetas: escrever a vida, ventos longínquos
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial