quarta-feira, 21 de outubro de 2015

K

anoiteceste


Anoiteceste,
as tuas mãos
enlaçaram os restos do meio-dia,
no teu colo
aninhaste a brisa do Outono,
nos teus cabelos soltos,
no seu roçagar cálido,
embalaste a areia,
a beira-mar.
Voltaste a sorrir ao Sol,
o mar ajeitou as ondas
numa espuma alegre,
contudo dissolvendo uma tristeza
sem dor, sem queixa,
prostração acre, doce.
Pelos teus olhos corre uma luz mortiça,
hasteando as velas numa chegada mansa,
o mar
meigamente
depositando-te,
na ternura de um dossel amoroso.

(imagem do autor obtida com telemóvel:
praia fluvial algures na Beira)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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