quarta-feira, 8 de agosto de 2018

K

canto


Resultado de imagem para parede alentejana

                         Não há bosques,
não há relva
no meu pensar;
cristalizou-se-me o sonho,
pingou o tempo entre duas tílias
no regresso de uma barra azul
- fusão numa parede alentejana - .

Florestas ridentes,
os mastros entrecortados,
a proa furando paredes
e paredes 
de algas.

Então verei
que tudo já foi 
dito,
inventado, 
feito,
e nada sobrou para 
o meu canto 
tão gregoriano, tão vetusto,
tão medieval, tão clássico.

(fonte da imagem:
http://castelocernado.blogspot.com/2010/12/cal-na-tradicao-alentejana-e-comendense.html)

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domingo, 18 de dezembro de 2011

K

entre

Fundo-me
no escuro,
no urgente 
suor cálido.
E nessa fusão,
cristaliza,
decompõe-se,
o resto das palavras
que me afogam
numa - quase - interfase
corpo-corpo, espelho-espelho,
em nula intersecção...

(fonte da imagem:

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sábado, 25 de junho de 2011

K
LIMITES

É no efémero,
na luta desigual,
no esconder da arma,
no deslizar da mão
pelo veludo da escória,
que enlaço o tempo,
ato os atacadores das ideias,
e olho em frente:
as tabelas,
as palas,
os limites,
as fronteiras,
esvaindo-se
orgulho acima...

esta guerra oculta,
tão incerta,
arrepia-me,
afoga-me a garganta,

num jeito de catástrofe anunciada
















"Pelo meio dos saberes
procura, diligente, 
o caminho;
não te deixes limitar pelo
vão exercício da tua vontade"
(fala de Dioniso a Hepátia)


(fonte da imagem:
http://www.flickr.com/photos/formfaktor/)

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

K

art deco

Era a parede que me fechava,
que, da porta dos meus sentidos,
me levava ao abismo;
escorregavam-me as mãos,
e eu descia por mim abaixo,
talvez sonhando com o triunfo de um Inverno;
mas um Inverno tão frio, tão custoso
como outro qualquer,
em que nem a parede sustivesse
o olhar,
o gesto frugal,
o franzir da vida;
um Inverno espelhado na parede,
nesta parede que me moía,
que me tragava a alma,
que fazia meus dedos derraparem,
ensaguentados;
um Inverno assim,
espantou-me os limites
muito para além da angústia,
ainda aquém daquele lustro
das paisagens "art deco"
que a memória ainda sugere...

(fonte da imagem:

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

K

La solitude? Ça n'existe pas!!

Quem não amei, os filhos que não gerei,
as bicas tomadas obstinadamente a sós,
o rosnar uma resposta a quem me interpelava,
o desencorajar de qualquer relação.
Minha garganta seca de nada dizer; saberia eu ainda falar o que pensava?
Não importava. Nada, mesmo.
O esconço quarto alugado em que passava as férias, mirando um Tejo trazendo e levando partidas e chegadas que eu nunca faria. Era um rio curioso, quase metálico, que me ofuscava e atraía. Saía então, só com um fito: aquele plúmbeo glaciar de afectos, meu igual, meu irmão.
Para mim, Lisboa era o mês de Novembro:
frio, preparando o chuvoso Inverno;
o gozo que me dava ouvi-los a vilipendiar o mau tempo.
Eu gostava daqueles dias: cada vez mais curtos em que cada vez mais cedo as ruas se iam esvaziando. E eu cada vez mais só, envolto na gabardina, águia avançando
pelas bátegas duma água doce
que me abençoava a garganta.
Ah! Doce solidão
que sempre me acolhias em teus braços pétreos!
O teu silêncio eram a magia,
o prazer,
que me aguardavam no fim de cada dia.



(...)


Abri cuidadosamente a caixa de sapatos;
espreitei docemente tudo o que havia feito:
tudo, tudo mesmo
caberia numa caixinha de sapatinhos de bebé.


(inspirado num texto de moriana)
(imagem retirada da net)

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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

K
Subi ao sótão do desvelo.
O chão fora afagado nas minhas mãos nuas.
Das janelas saíam restos de lava,
fria, mordente.
A manhã não elevava o rosto,
surpreso no sufoco.
Pisei as tábuas:
caldo morno.
Desci,
pisei o ar,
o pó.
A parede estancou-me,
exangue.
Não,
não pude ter falhado...


(inspirado num poema de Gil T. Sousa, publicado em moriana2)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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