Tens trens?
Espero
na estação,
apenas a arrogância da névoa
num atraso celeste
ou infernal?
É longínquo o apito,
chega o ruído sobre mim nos carris,
desacelera, guincha, pára;
um ruído metálico percorre-me,
iça-me para dentro
do Comboio da Não Existência:
na carruagem
nada…
como se um imenso vazio
um buraco tudo sugasse,
e a morte, a própria morte,
oca de si,
me levasse ao colo
rumo à indiferença,
ao desprezo
{de mim mesmo...}.
Arranca, baforando,
não há lugar de chegada,
paragem assobiada,
familiar abraçada,
apenas o nada…
(“Guarda-te de chegares
tão longe que nem
distingas os caminhos,
ou as memórias
dos que te são
queridos.”
Fala de Cristo a Saulo,
em Damasco)
Originalmente publicado, com alterações, na minha página de Instagram (instagram.com)
(Imagem: acervo digital do A.)
Etiquetas: Afectos longínquos, arco imóvel, entropia, escrever a vida
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