quarta-feira, 1 de novembro de 2023

K

Tens trens?



Espero

na estação,

apenas a arrogância da névoa

num atraso celeste

ou infernal?

É longínquo o apito,

chega o ruído sobre mim nos carris,

desacelera, guincha, pára;

um ruído metálico percorre-me,

iça-me para dentro 

do Comboio da Não Existência: 

na carruagem 

nada…

como se um imenso vazio

um buraco tudo sugasse,

e a morte, a própria morte, 

oca de si,

me levasse ao colo

rumo à indiferença, 

ao desprezo 

{de mim mesmo...}.

Arranca, baforando,

não há lugar de chegada,

paragem assobiada,

familiar abraçada,

apenas o nada…

(“Guarda-te de chegares

    tão longe que nem 

    distingas os caminhos,

    ou as memórias

    dos que te são                    

    queridos.”

     Fala de Cristo a Saulo,

     em Damasco)

    


Originalmente publicado, com alterações, na minha página de Instagram (instagram.com)

(Imagem: acervo digital do A.)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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