sábado, 13 de agosto de 2022

K

Mhi'alma








Sei que o tempo
É outro.
Que já não anoitece
Por detrás da tua colina,
Tens uma fraga, agora,
Contaram-me,
E também não queres
Fenómenos por lá.
Assim, muda o tempo,
O teu Sorriso
Os teus Olhos Bonitos,
Continuam iguais,

Iguais a tudo o que fora
E nunca deixara de ser,
Para reconforto
Da tua alma nívea,
Pura,
Despojo de dias felizes. 


(Foto do autor 
obtida com telemóvel:
Palacete em Lisboa,
Outono/19)

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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

K

áureos...

É na ilusão do ouro
que as madrugadas
fluem pelas tuas veias;
caminhos que os barcos
esqueceram,
vórtices de algas,
sal das areias-rochas,
os corais vitoriosos
na espera.
Sim,
é em tons de ouro
que viras a página
de uma madrugada
que regressa
na suave brisa
das ondas
que se espraiam, 
leves, 
a teus pés.
(foto quase sem retoques,
Mortágua, algures no início 
do Outono) 


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sexta-feira, 8 de junho de 2018

K

divunir























Hoje,
soube que separar
era unir futuros,
que viajar era caminhar para o ocaso 
com a mochila ao ombro,
só.
Soube que ao fim do dia
seria o meu livro que me esperava,
mais nada.
Soube que entre fogachos de meio-dia,
entre fluidos deslizantes de Outono,
pouco mais havia
e que o tom de auto-compaixão 
era interdito.
Soube, pois,
que os caminhos se desligam
na natureza política da traição.
Depois, em campanha,
no interesse, reganham o tacto
da reunião e a traição recua.
Agora,
digamos, pois, o acto de contrição.

(fonte do autor
obtida com telemóvel:
o chão da minha rua)

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segunda-feira, 8 de junho de 2015

K

palavra

Foi no degrau lascado
do esquecimento
que te reencontrei,
palavra fugidia.
Estavas assim,
trocista,
curvada sobre o sonho.
Ias, talvez,
embarcar,
no progressivo
desvanecer 
de um 
cada vez mais distante
porto.
(...)
e eu que precisava tanto de ti,
minha querida palavra...

("Quando partires,
cuida em levares 
as tuas palavras.
Não te sejam precisas
essas moedas de troca,
esses tesouros que só 
a ti te pertencem."
Fala de Cícero 
a Paulus, seu mensageiro)


(Fonte da imagem: n/a)

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

K

em azul

É turva esta imagem de sonho,
feita de lampejos e claridade.
Um pincel coloriu a luz,
os barcos nasceram
como extensão do riso do pintor
e desceram a praia como arcos,
hesitando entre a água e o céu,
 num vacilar sábio,
quase religioso.
Aquele azul rio acima
mistura-se na aguarela,
no mosto das tintas;
na imobilidade que agarrou;
num instante perfeito,
fica uma réstia de abandono,
uma saudade oscilante,
um adormecimento numa tarde de Verão,
voltando em ciclos,
sempre em ciclos circulares...

(foto do autor obtida com telemóvel,
fim de tarde em S. Martinho do Porto,
Agosto 2011)

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quarta-feira, 10 de março de 2010

K

palavras

São minhas as palavras
que me corroem,
me arrojam a mente pelo papel.
Entre dois substantivos
o verbo não se aquieta.
Esfuma-se a ideia,
o sentido.
Passa o deserto pela Língua
que, espúria, me atraiçoa
o sentir.
Em vão, junto os pulsos aos céus,
a minha cabeça tomba,
e um corropio feérico,
desnuda a Palavra,
seca, casca de nada,
bocejo finando-se
in sfumatto
(ad miseria mundi...)













(fonte da imagem:
http://www.iar.unicamp.br/)

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

K
"Quando escrevo é como se meu corpo aquecesse"
(Carlos Drummond de Andrade)

Destilo palavras,
que calidamente
espreitam os meus poros.
Elas misturam-se
com as pérolas de suor,
com o que sinto
de mais grandioso,
ou abjecto.
O meu corpo aquece,
as falas,
até as sílabas, 
iluminam-no
em jeito de candelabros
{quase}.
Perlam-se os sinónimos,
os adjectivos,
frase abaixo;
apenas o meu pulso 
fiel ao que escrevo,
toma o verbo,
e espalha-o,
vibrante,
em câmara escura...
sonante,
numa vaga loucura
errante...












(imagem retirada da net)

[Este é o meu mote:


Pilriteiro que dás pilritos
por que não dás coisa boa?
Cada um dá o que pode
conforme a sua pessoa.


Aceitem, pois,
os meus modestos "pilritos"
que convosco vou partilhando...]

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

K

os vagos urros da candura (tributo, vago também, ao Surrealismo)

Entra e inclina o rosto,
entre a espinha e um esgar;
entra um ar sujo e longe,
entram pinhais esquecidos,
entram restos de si,
entra o caos e o rijo vazio,
entre nunca mais e ontem,

entre a saudade e a fantasia.

Entra, adentra a porta,
entre rasgos e o amanhã
entra o suspiro do nada.
Entra, boca fera embestecida,
entra face vadia,
entra riso esmagado,
entre deixas e restos,

entre cavos bosques e Everestes apenas.



O sol de Inverno mancha a luz sombria que se aquece nas margens. Já não há esgares, a esses, cobriu-os a margem do nada aquecida por aquele sol de Inverno.
Dois pontos - distantes léguas ou milhas ou alforges de silêncio entre si - já não marcam mais planos inclinados entre a espinha e um esgar, entre nunca mais e ontem, entre a saudade e a fantasia, entre rasgos e o amanhã, entre deixas e restos, entre cavos bosques e Everestes apenas;

entretanto, apenas...

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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