quarta-feira, 7 de novembro de 2018

K

montra

Numa montra
empoeirada,
passado aos restos
mostrava-se tal qual fora,
quando em tempos
se vendera em restos
de sonhos piscos.
Os vidros,
ainda mirando os anos 20,
as prateleiras,
o chão flutuante
como a vida, 
todos se perfilavam,
na modorra
de algo que desliza:
tempo vitrificado
escorrendo... 

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

K

Alegria fortissima em modo vivace


Era total a minha inabilidade:
acercava-me, numa saciedade imprecisa da memória;
dizia: acerco-me,
mas o sorriso caía,
como uma praça forte que tombava
às mãos impolutas 
de quem a merecia.

Incapaz,
o sorriso esmorecido,
tentava lançar os frecheiros,
os lanceiros, 
os caldeirões de azeite fervente, até.

A conquista consumava-se, no entanto.
Os aríetes, 
as escadas,
os besteiros,
iam matando a minha alegria,
o meu sorriso desvanecia-se
como a morte esbofeteava
os soldados nas ameias e muralhas.

Transmutou-se, então, o meu sorriso:
de praça forte forte
a sitiada
e conquistada;
o valor do saque era riso,
fruto do orgulho nos meus campos
a perder de vista.

Ah! Se a minha alegria fosse uma palavra apenas!
(fonte da imagem:
http://pichost.me/1761943/)


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quinta-feira, 22 de março de 2012

K

plebiscito


Hoje a a minha alma referendou-se:
entre cruzes, vaias e juízos se ficou,
a caminhos e rios de vento, tão alheia,
assim foi a votos aquela doce plebeia.

Entre juízos, vaias e cruzes
surpresa, veio a saber,
que pode ser embaixatriz, duquesa
ou rainha,
mas que nunca será artista, poeta
ou poetisa!

(fonte da imagem:
as 4 equações de Maxwell) 

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

K

medievo





Caí-me sobre o caos.


Meus braços, pernas, todo


pendiam como roupa pendurada


numa qualquer ruela medieval.

Um velho suor,


doutras paragens,

transbordou de dedos


fatigados de batalhas


de outros,


para outros.


Só me restavam as armas


e memórias de sangues.


Só armas,


memórias apagadas


de verde,


muito verde,


das colheitas de nós.


Com a espada não se ceifava;


nunca se havia ceifado,


ou feito o que fosse.


Pintarroxos, grilos,


já não o metal,


a imprecação.


Endireitei-me,


a espada sob o queixo;


nada era dos meus olhos;


então, meu exército,


pela primeira vez,


retirou.


Sem plano de batalha,


derrotado por si próprio.


O inimigo: eu mesmo.

Dera-me a el-Rey.


Nada tinha,


nada era.

Um espírito malquisto,


uma maldição errática.

O esconjuro de ter sido d'el-Rey...


Deus guarde el-Rey!



(Foto tirada da net)












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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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