terça-feira, 18 de junho de 2019

K

a Lampedusa, homenagem de um plátano


A árvore,
verde alpinista
ensarilhou-se,
intrometeu-se,
enlaçou os arbustos,
na fuga canhestra
de ser madeira
de batel, falua,
caixão-caixote mediterrânico (…)

Tantas vezes em que Lampedusa
nem sequer se aproximou,
tantas vezes em que o sorriso do acolhimento
só trouxe campos
em que refugiar era de madeira,
até de árvore
ensarilhada,
intrometida (…)

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quinta-feira, 1 de março de 2018

K

férreo ferrete

Já te peguei,
na minha cabeça,
entre quereres,
entre portas
envoltas em pó,
encontrei-te:
velho carimbo,
estampa, 
gravura;

timbraste-me,
levaste-me à
insanidade
da férrea lembrança,
(férreas águas 
da mal-saúde),
marcaste os meus dias
e ferraste-me;
Ferro de marcar gado

garanhão 
das terras inóspitas
não tem dono,
nem paga tributo;
apenas responde 
ao tribunal da insónia,
da corte marcial
da extinção.

(ou julgas, ferrete,
que um galopar louco,
entre insanos crepúsculos,
me leva a consentir o cabresto?)

(fonte da imagem:
http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/marcacao-de-gado-o-ferrete-e-uma-marca-e-eu-nao-sabia-63492)

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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

K

lume

Resultado de imagem para foto viral de incêndio em Portugal
Isto,
magoado silêncio
no crepitar funéreo,
a vida na louca tentativa,
doida serpenteando,
entre "flashes" trazendo a morte,
foi tudo o que sobrou.
Cinzas humanas,
urravando pelo perdão 
celeste,
pelo perdão
terreno.
O terreno vadio,
sem dono,
apagando-se num gesto suicida.
A morte tudo sobrevoava 
num esgar de vitória,
ave horrenda,
não deixando 
caminho,
trilho
ou vereda.
Ruína, por uma 
"alegada mão criminosa"...
(fonte da imagem:
www.tvi.iol.pt)

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sábado, 28 de abril de 2012

K

Estímulo visual


Terminou a batalha. Abatido, o general ordenou a retirada.
          Os soltados foram carregando os camaradas, foram carregando o que podiam.
          O céu fechava-se num negrume mais escuro do que as almas escuras daqueles soldados.
          A retirada era lenta, pastosa até. Por penhascos pretos, atrás e defronte despontavam arbustos com arestas vivas como baionetas.
O velho general, perdida a altivez, procurava manter a postura à frente dos seus homens que se arrastavam em silêncio. Lá mais para trás, alguns oficiais tentavam fechar um cortejo fúnebre, funesto.
          Jean-Loup, um dos soldados mais jovens, lembrou-se de algumas palavras que ouvira há muitos anos atrás numa taberna à beira da estrada: “por ínvios caminhos, caminhais sozinhos, apenas com uma direcção, com um só sentido…”. E chorou, chorou por todos aqueles anos que Napoleão lhe roubara ao forçá-lo a pegar em armas, contra si próprio, contra a sua amada França!

(fonte da imagem:

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

K
Porém
Em frente do teu rosto
Medita o adolescente à noite no seu quarto
Quando procura emergir de um mundo que apodrece
(Sophia de Mello Breyner Andresen, "Che Guevara" in "O Nome das Coisas" )

... os dedos passeiam-se pela viola,

os caminhos fecharam-se há anos,

apenas o ar medíocre,

deslavado,

se estende ao seu redor;

o jovem fita,

Che retribui-lhe os olhos,

em desafio felino,

(em jeito de hasta la victoria, siempre!...),

do braço da viola suspiram cantos

de la Sierra,

quase longínquos,

distantes. O Sol vibra,

[em deixas

de esquecimento],

e o mundo apodrece,

em gestos de vaidade,

de pequenina mesquinhez,

enquanto o adolescente

sem entender,

suicida lentamente a esperança,

ornada de trágicas,

secas mortes,

em louvor de coisa nenhuma!


(imagem retirada da net)

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quarta-feira, 21 de maio de 2008

K

vitória...



(...) esse silêncio,



será a ausência,

a fuga cega,

o esquecimento opresso, longe;


já são nada:
o signo ou a lança,
a carne fincada, o ferro


(o não)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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