sábado, 5 de outubro de 2024

K

ós adi




Consolador estar só,

Só a mim me pertenço,

Os meus passos são meus,

O horizonte semicerra-se

Numa nuvem solitária,

O sol abriga-se e,

Sem ver a lua,

Desce majestoso,

Estático, pungente.

Traz a noite,

A tranquilidade do lar,

Não tenho o jugo dum grupo,

A espera é nada.

Ao fundo do meu braço,

A minha mão

Que não enlaça

Nada ou ninguém. 

(...)

Morrer só: alternativa

Forçosa.

Ninguém parte acompanhado...


Foto do A.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

K

Capital

 


 "Empty streets. Skylines overclouded,

my footsteps orange coloured

are where somebody meets"

Divisei-te num texto, em que te pressenti por entre as copas dos sintagmas, era um texto em língua inglesa, restos de sonetos de amor, entrevi algumas páginas de "Romeo and Juliet", o amor e a paixão, levam consigo tudo o que sentires, verdadeira enxurrada que deixa para trás limpo tudo aquilo que imaginavas.

Sim, o amor e a paixão, limpam os teus sentimentos, deixam-te à mercê dos elementos que, às vezes, trazem em si apenas restos daquilo que nem conheces que, talvez, nem quisesses nunca saber, estar perto do teu pensamento ou devaneio. Isso era a tua voz, o teu intento, talvez lá longe se perfilassem restos de gelo descontinuados por acordes harmoniosos.

Acima de tudo, vivias numa capital inútil, o teu amor gatinhava em restos duma cidade talvez esquecida de si própria. Jardins cuidados, muitas esplanadas bem arborizadas, parques para crianças. No entanto, praticamente faltavam as estruturas centrais dignas duma capital. Um idoso, habitante de jardim e cartas,  comentara comigo em voz de alguma conspiração: jardins e crianças não fazem esta capital dum império. 

Capitas imperialis… onde andava o imperador? Alguém sabia o seu nome, a sua  aparência, onde se sentava no seu trono imperial? Faraó, César, Czar, Imperator, Rex, os súbditos tinham que saber da sua majestade, tinham de saber a quem cultuar. 

Temos  de saber a quem amamos, temos de saber quem nos governa; quem nos governa o coração, quem manda em nós.

No meu coração mandamos os dois.

Neste império, como uma velha, decrépita e a fluir por si abaixo, nada se mantém, e as apostas, ensurdecedoras, buscam o final de Capitas Imperialis… há tanto tempo que busco esse término e ele teima, teima muito em não vir. 

Sento-me e espero:

- por ti no meu colo

- pelo apocalipse imperial


A um deles testemunharei…


(foto do autor) 

Sent from my Freewrite

 November 7th, 2022   Page 1 of 1

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

K

David e Urias



Subindo pelos prados,
arrastavas os ramos,
rastejavas pelas raízes, 
bebias um súbito orvalho
que a terra dispensava.
Eram os tempos do solstício,
das noites magníficas,
obscuras como as palavras
que nem soletravas,
monólogos transgéneros
que mantinhas com a Lua Nova.

Não esperes pelas horas da manhã

ou pelo sorriso presunçoso dos pássaros.
Agarra os instantes 
como se fossem os frutos 
da Árvore da Ciência 
do Bem e do Mal;
e, então, 
a terra generosa 
como David
para com Urias, 
te trará fogo, 
e traição,
e morte 
e tu finalmente repousarás
a cabeça  
naquele orvalho
que bebias
 no inicio deste poema... 

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domingo, 11 de novembro de 2018

K

terminus












Aqui tudo termina.
Um Apocalipse revelado,
por entre as nuvens
flutua a espada
e também o cinzel,
o burel.
Numa semi-tranquilidade
louca,
paira o silêncio
dos mísseis de
cruzeiro,
cruzeiros sem volta;
nos giros almofadados
há vidas que fixam
em espanto e
calado horror
as nuvens:
prenúncio altaneiro e
mudo de novos,
rasos, loucos,
fins.
The end
 (📸 : anoitecer em Marvila,
vista para o bairro de Alvalade)
#revelação #revelation #whatiscoming #futuro

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sexta-feira, 16 de março de 2018

K

vida

E é no coração do vento,
nessas tuas mãos,
que o corpo se esvai,
numa rendição precoce,
desabotoando o meu sorriso;
é, pois, um jugo, uma quase
vitória,
um quase caminho
de retaguarda,
e é da varanda
que passo os olhos 
pela estrada,
num semi agreste 
sorriso,
alfa e ómega
duma vida
que se quer mulher.

(foto do autor 
obtida com telemóvel)

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domingo, 20 de dezembro de 2015

K

sentir

Já sentiste

as flores

que a tua boca

pode criar?

Os mundos

que as tuas palavras

podem fazer florir?


Se o teu sorriso

amplo,

se as tuas palavras,
se a tua boca, 
enfim,
podem criar vida,
por que esperas?

(foto do autor
obtida com telemóvel)

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quinta-feira, 21 de maio de 2015

K

Logo

Logo será o meu dia,
lentamente,
nada mudará.
Escamoteio o tempo,
sacudo-o,
rasgo-o,
para guardar 
os seus pedaços.
O meu dia será,
certamente
= 365 outros,
(dos outros).
Logo será o meu dia.
(Fonte da imagem:
http://www.cantinhodali.com)

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

K

Palíndromo

Rir, o breve verbo rir,
em tão pouco se apaga,
na versão diurna,
longe do sonho.
É nesse verbo,
na sua carne,
que desliza a voz,
em jeito trémulo,
fugaz.
Rir, o breve verbo rir,
aponta na justa medida,
no "stritu senso"
de uma alegria
que se quer.
Perdem-se no tempo
todas os jogos de guerra
que bordejam as almas.
Rir, o breve verbo rir,
ainda alenta
o marulhar da ternura,
o resto de paz
que se quer diário.

Rir, o breve verbo rir...

("Sempre que sorrires,
Deus dá-te a iluminação que precisares.
Nunca percas o verbo rir:
será teu companheiro 
nos caminhos que escolheres."
Fala de Agostinho de Hipona

a seu amigo Lucius)

(Fonte da imagem:
Vista do 
Panteão Nacional,
foto do autor
obtida com telemóvel)

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domingo, 22 de dezembro de 2013

K

21/12

No mais escuro da noite,
serpenteando por entre arbustos,
ou pelas vielas mais estreitas,
goza os dias curtos,
envoltos num negrume
tresandando a susto.
Encosto-me ao vidro:
só a claridade opaca,
oblíqua,
me ilumina os dias;
um frio grotesco
embrulha-me os ossos
(e o ânimo),
ainda são 4 e meia
e já cabeceio,
(magro dia este).

Há, 
no entanto,
neste vago desaconchego,
um sensível,
iminente calor,
que me desperta,
lento,  
preguiçoso,
para um mais do que 
doméstico torpor...


("Não deixes que o teu humor
se camufle com o variar dos dias.
Aprende a felicidade também nas chuvas,
quer elas venham do basto Nilo
quer sejam trazidas pelos ventos do
Norte."
(fala de Eratóstenes de Alexandria 
a seu filho Ággelos)
(fontes das imagens:
1ª:  http://www.the-tls.co.uk/tls/public/article1276546.ece
2ª:  http://crazy-frankenstein.com/free-wallpapers-files/seasonal-wallpapers/winter-holidays-wallpapers/country-winter-holidays-wallpapers-1024x768.jpg)

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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

K

Dissertação

Bom amigo,
Saber que estás bem
É o que mais me conforta, sabes?
O resto… (tanto afinal) fica por dizer, na esteira do tempo, dos destinos humildes.
Calar é também lançar os sentidos, as memórias, afagar verdades (e mentiras…).
Até lavar os cestos é vindima, diz o povo,
Ser, no tempo, o além-gente, o retorno a nós: digo eu na incerteza dos trilhos inacabados.
Tempo é um bem que se esgota ligeiro,
De camadas feito, esgueirando-se de viés.
Falar é esquecer, partir, fundir-se no tecido do início…
(publicado em
77 palavras, com obrigação
de respeitar o provérbio)
(fonte da imagem:
http://appacdm-lisboa.pt/author/appacdm/)

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

K

pato

Comendo o pato,
comi-me a mim mesmo,
no meu palato
estavam duas bactérias ferradas,
esperavam restos de ave,
bem curtidas;
esse pato fora,
de fora, claro,
mas também fora o pato
que gizara furtivamente
as revoluções
que me tornaram grande,
com cognome e tudo;
portanto, esse pato fora
eu próprio,
enlevado no espírito
de uma revolta clássica;
há quanto tempo
haviam sido os dobres
a finados,
ou afinados?
Sei hoje
que as águas
já nada obliteram...
que os dias amanhecem
à sombra das palmeiras
que se dobram educadas
sobre um mar
azul-quase-turquesa;
sei, também,
que os patos que enfeitam
as paredes de um caçador,
são apenas objectos
que já nada assinalam,
pois a gula do pâté
já fugiu entre violetas!

(foto do autor
obtida com telemóvel:
Berlengas, Agosto/2011)

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

K

baú


Era um polvo com cinco tentáculos,
mais parecia uma estrela-do-mar.
Era uma expressão zangada
que um loiro falso ostentava.
Era um carro de Fórmula 1
incompleto e roliço.
Era um dragão azul
com uma loira falsa a cavalo.
Era uma bola velha
pintalgada de chutos e manha.
Era assim aquele baú
quando lhe abríamos a tampa;
e, de todos os baús do sótão,
era aquele que não precisava
de etiqueta ou marca:
a sua luz viva brilhava
com um jeito cristalino,
um sorriso que encantava
a doce infância sem tino!

(fonte da imagem:

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sexta-feira, 27 de abril de 2012

K

Napalm

Sempre que o teu sorriso crepita,
entre os arrozais plana tal paz
que nem o Napalm inquieta....

(fonte da imagem: http://noivafajuta.blogspot.pt/2011/10/nosso-roteiro.html)

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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

K

12º Concurso das Palavras

Ainda em vida
toquei na velha flauta,

cantata liberta

de longos véus escuros.

Já não há maldição;

espantaste todas as vitualhas,

todas,

pelo meu salão escuso.

Amor?

Fugidio,

nem se lhe sentiu a sombra,

nem simplicidade naquele olhar,

escorregadio de coragem, em renúncia.

(…)

Ode à orquídea!

Ao beija-flor que a resgata,

entre dois sulcos de brisa!

No redondel do olhar,

foi tão só um benjamim

ascenso de si,

apenas,

naquele meu salão escuso.

Partilha a tua boca,

apenas.

Tecer frases feitas

é um caminho de tortura,

sem bermas.

Verdade sem tristeza,

por onde, vida,

nos levas,

em melodias

de trevos e vielas?…

(poema com que participei no "12º Jogo das Palavras" organizado no blogue Eremitério. Bem-haja pelas suas iniciativas)

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

K

dançar(-te)

... e dançámos
na noite de uma vida inteira,
não sei se te lembras:
mirava teu sorriso,
naquele cotovelo de rua,
enquanto sobrava sol
nos teus olhos;
dançávamos o baile antigo,
e as tílias derramavam-se
em sorrisos
à tua passagem.
Dava-te o braço
e ríamos,
ríamos muito,
apesar do tempo,
apesar dos outros,
apesar de nós...
subia o pano
das nossas lembranças:
o teu sorriso,
a nossa dança,
o gozo da vida,
como se a nossa alegria
fosse sempre nossa,
nunca se sumisse
por entre conversas escarninhas...

Fiquei aqui,
à beira da rua,
do cotovelo,
ainda abro os braços,
esperando uma dança
que já partiu,
há tanto tempo,
que só te recordo
o sorriso, os braços lânguidos,
a tua leveza surripiante...
Não!
Não voltes!
Não voltes mais!

(inspirado num poema de Baptista Bastos in moriana)
(imagem retirada da net, Renoir: "Dança na aldeia")

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

K

tiptoeing


I'll tiptoe
whenever my feelings
tiptoe me to go.
I'll knee and pick up
a flower of tiptoed colours.
The tulips will break,
and their redish colours
shall tiptoe upstream.
The garden,
the moonlight,
will flourish,
whenever I tiptoe
chasing you
through the bushes
of mystery,
of wonder.

(inspirado num poema de Al Dubin/Joe Burke em moriana2)
(imagem retirada da net)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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