quarta-feira, 3 de abril de 2024

K

Velho guerreiro








Numa pequenez rara,

abissal

Num rasgo de infinita bondade

Elevas o teu sorriso bom, para

Longe do que é efémero 

P’ra cá do final desejado.


Antes da fúria

E da danação:

Dos sismos e dos

Orgasmos, do

Instantâneo e do trovão.

Antes que o tempo seja

Dotado de mesquinhez, 

Que se alie a ti, 

velho guerreiro, nas 

Sombras de velhos contos,

De sagas-memórias 

Esfumadas, 

Trilhos para o esquecimento, 

Porque é esse o caminho

De todos os caminhos,

Não busques outro. 


Aperto a tua mão, 

Velho guerreiro, 

E reflicto 

-Nos teus olhos

Turvos, 

-No teu sorriso 

Aberto, 

-Na sinceridade 

De tuas mãos,


A beleza que ostentas, 

Esse manto de arminho, 

Que te cobre, 

É também real linhagem 

Finíssimo tule, 

Aristocrática humildade... 

Caminho e trilho reais,

Um beija-mão velado

que trouxeste de colónias

e possessões que, 

lascivas,

se te entregaram,

na fantasia do espanto:

“Vossa Majestade!

Altíssimo Rei!”

Na Metrópole esquecido,

Velho combatente de

Tua linhagem, de teu 

“Pedigree”.


Eternizas-te pela tua

dinastia fora,

Velhos quadros,

Tua face multiplicada/ex-quecida,

Senhor/raiz/centro/epicentro 

Dono de um sangue que não definhou.




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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

K

Paisagem com crise em fundo

Ao estender os olhos,
alonguei-me,
na esperança
do dia novo
que me prometiam
havia tanto tempo...
Mas era nas fissuras,
escorrendo-se,
espreitando,
que a garganta 
intumescia,
se exarcebava
no espectáculo do poder,
desculpando o desastre.
Fui sentindo um chão 
deslizante,
que me arrastava
(talvez para o menos infinito),
os meus pés resvalando
num caminho cego,
números pulsantes,
num vórtice insano...
Era a preto e branco
a paisagem que me envolvia,
um fumo enxaguante,
arrastando todos,
restos de comentários
políticos
esvoaçavam sem tino.
Era esse siso
que se perdera 
em artes de guerra
e confronto...
Foram sobrando as pessoas,
os cidadãos, os metecos,
essas a quem os tempos
não haviam perdoado,
e que os carregavam,
como fardos inevitáveis,
assim o poder lhes havia
[afiançado...]

"Ignora os tempos de fartura,
sê prudente no que possuíres,
partilha com o teu vizinho
para que não te falte,
e não confies no Senado, no Imperador."
(Fala de Nemestrino, patrício ilustre
 a Penélope, sua filha)

(fonte da imagem:



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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

K

fusão

Quero que a ferida,
no seu esgar triunfante,                           
vá morar para lá longe,
perto do mar e 
que se dissolva, e
que se afunde
num esquecimento,
numa vaga absolvição,
de tal modo 
que a mão jurada
em gesto de cruz
se funda nas águas
afluentes...

("Caminha com as feridas
que o caminho te der,
não as poderás evitar,
mas é na sua cura
que aprenderás
que Deus, e o caminho,
te dão tudo o que precisares."
Fala de Paulo 
a Onésimo)

(foto do autor
obtida com telemóvel)

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quarta-feira, 3 de julho de 2013

K

lança

Enches o peito,
para onde 
te apontas?
Há encostas abertas
pelos seus vales,
há verdes secretos
empalados na angústia
do horizonte:
cabo recortado
em laivos de marés.

Firmaste o pé,
o peito ao léu,
a lança enterrada,
para onde a apontas?
Sabes?
Hoje já não há 
o quadrado,
o pó misturado com sangue,
o anoitecer em vitória
grosseiro nos cânticos
e no beber.

No entanto,
não desprezes
a lança,
ou o peito,
a alegria infantil,
ou a fé simples,
natural,
e também a teimosia
fincando o pé
em terra nossa:
de encostas,
vales e árvores,
e caminhos e veredas,
e gentes
ainda
com um sonho,
um fugaz pertencer,
uma pátria,
uma língua,
indício de alento...

("Acarinha a tua cidade
através dos teus concidadãos,
é no seu desgoverno
que a Polis se revela;
não temas, 
pois alguém 
agarrará com pulso férreo."
Fala de Heródoto a 
Πόρτες,

cidadão tresmalhado)

(fonte da imagem:
http://wiki.worldofgothic.de/Tutorials/Speerwerfer)

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domingo, 24 de julho de 2011

K

Hess

Quando Hess tomou a sua vida,
os mares sussurraram aos ventos,
as praias lembraram a Normandia,
e o tempo soluçou,
preso às memórias.

Quando Hess tomou a sua vida,
houve vagas de medos pálidos,
como se a loucura voltasse nua
e as marcas do silêncio
se rebelassem loucas.

Quando Hess tomou a sua vida,
ouvi gritos, lágrimas disfarçadas
pelas botas palmilhadas em rotas
esquecidas pelo juízo,
pela fria, dura História.
Quando Hess tomou a sua vida,
o esquecimento roçou a demência
e as almas aflitas aquietaram-se
na paz que se elevou,
curso doido das nuvens.

(fonte da imagem:

("Agora é a tua época,
a Urbe ainda te espera,
faz o teu trabalho por um tempo,
depois retira-te na tua frugalidade."
(Fala de Dioniso ao ditador
Quintus Cincinatus)

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terça-feira, 19 de maio de 2009

K

Na passagem do uivo,

senti a brisa,

descarnada,

quase em fumo,

ou pó,

ou ambos.

Caminhei ainda,

dois cravos em justa liberdade;

papoilas,

memórias livres

(ainda).

Segui os passos da Via Crucis:

amarrações, cordames,

cercas vivas;

ao longe uma Caveira.

Caminhei,

a volta à passagem do uivo.

Tudo se sacudiu sobre mim:

somos livres, liberdade,

suor em sangue;

as flores esquecidas,

as palavras decaindo.

Encharcado em memória,

espreitei o amanhã,

arrepiado...

(imagem retirada da net)

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

K

come out, come out wherever you are


O medo possui-me.
Sabe-me.
Na minha almofada,
ele escorre-se
tão lesto,
que temo a sua partida.
Brilha-me os olhos no escuro,
mostra os dentes quando acordo.
Fico inseguro,
laivos em pernas trementes.
Canto-lhe "lullabies",
sonda-me em jeito de quase fim.
Onde pára a sua alegria vampírica?
O seu jeito de borboleta?
Caminho longe,
passos quase firmes,
segue-me um Frodo bamboleante...

(a partir dum poema de moriana)
(imagem retirada da internet)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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