K
Pegasus
Eram os bastidores,
as asas fixas ao solo, vendas grisalhas, na sedução dos ares... Por que não estreitaste o focinho céus acima?
Onde deixaste o enamoramento?
O amor pelo elemento gasoso?
Pela antiga janela por onde espreitam
coisas antigas, velhas e antiquadas,
janela empoeirada longe da vacuidade
dos tempos,
das fraquezas,
da altivez de quem acha que comanda,
de quem pensa que está aos comandos
de algo,
mas de que coisa?
Ah! Esse focinho céus acima!
45o, ou mais, de ataque,
o gosto de ganhar
a Deus, o Seu espaço, o Seu domínio,
guerrilha vectorial, triplo componente.
A altitude é tua amiga,
números embriagantes,
o azul abraça-te,
o lá embaixo diminui
assim, velozmente,
violentamente,
varado num assombro
másculo, mas silente.
do lado de fora:
MIKOYAN GUREVITCH MIG-31
--
Sent from my Freewrite
December 16th, 2022 Page 1 of 1
Etiquetas: a fuga e a partilha , abris , ainda voamos? , apenas , Bojador/Mensagem? Busca
K
Futuro Imperfeito
As ruínas limitavam
o tempo,
eram um sol escuro
que pendia, cambaleava,
que fingia um
acto quente,
luminoso,
cínico numa campanha
pueril na sua vastidão.
Todo o chão
sentava os passos
que, jocosos,
ensaiavam a travessia.
Reflectiam as colunas
a baixeza,
rumando
para o lado em que
aquele sol,
sempre escuro,
amotinava os
ábsides, os cunhais.
Forças ancestrais,
longas, impantes,
preparavam meticulosas,
o fim, todos os fins,
nem carbonizações restariam,
nem arqueólogos aqui viriam
num futuro distante.
Na certeza
de que o luar
seria cavalgado
entre mágoas nas
fissuras instáveis
do Tempo...
#publicado na minha página do Instagram, com adaptações #tempo #colunas
(imzgem: arquivo do autor)
Etiquetas: Afectos longínquos , ainda voamos? , regresso , sonhos , tristeza
K
Cai
A Lua cai,
parte-se,
rodopiam estilhaços,
nos brilhos loucos,
volteiam olhos
de antigos marinheiros
que na Lua viam o Caminho.
Hoje, as rochas restantes
já nada dizem
e os olhos, dementes,
só conduzem
a escolhos
que, por sorte,
levam ao cavalgar
das ondas,
das próprias ondas
que estilhaçaram
a Lua;
fechou-se o círculo. A Lua cai,
parte-se,
rodopiam estilhaços,
nos brilhos loucos,
volteiam olhos
de antigos marinheiros
que na Lua viam o Caminho.
Hoje, as rochas restantes
já nada dizem
e os olhos, dementes,
só conduzem
a escolhos
que, por sorte,
levam ao cavalgar
das ondas,
das próprias ondas
que estilhaçaram
a Lua;
fechou-se o círculo.
Etiquetas: a alma , ainda voamos? , ainda voamos?fOnde a liberdade? , fugas , Lua
K
Campanário
Era sob aquela massa,
pedra,
ferrolho e postigo,
ar macilento,
escuro táctil,
paredes e ameias,
calçadas as pedras
que escorregava
um riacho,
outrora líquido,
pedras enceradas,
o sol ecoando-se.
Nos ares,
pássaros
e morcegos
esquecidos
esquiva, louca.
O vento,
em arco pétreo
esquece as searas
outrora fustigadas.
Erecta,
distante,
a torre some-se,
cavalo balofo,
tentando alado,
o escape.
Aquela gorda flecha
de pedra:
surdez
de um deus
humilde,
busca
vã
duma eternidade.
Etiquetas: 77palavras , ainda voamos? , arco imóvel , diferença , entropia , espaços
K
(...)de roda(...)
Encostei-me a mim:
num orbital voltarete,
em redondilha menor,
grácil no rodopio suave
meu corpo girando,
entre volutas e colunas,
parecia um giro,
um bussolante,
um subtil bailador...
(fonte da imagem:
www.abcgallery.com ,
Miró: "Azul II") Etiquetas: ainda voamos?
K
Carrocel
Escorregou,
desceu vida acima,
de pináculo em sombra,
esgueirando-se em caminhos de volteio.
Reviu os malmequeres,
os goivos,
aromas antigos,
efervescentes,
planos sem sobressalto.
Torceu-se,
engalfinhou-se,
mergulhou nas fronhas
de um passado sangrento,
antes do cume rompante,
acutilado,
num cristal de azul baço;
aprisionando
a dor sem esperança.
As sombras,
as luzes,
as duas irmãs,
num saco de Pandora....
(imagem retirada da net)
Etiquetas: ainda voamos? , Onde a liberdade?
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
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