sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

K

geografia


Já esqueci a geografia.
Obliterei caminhos,
rosáceas,
batentes de sombras.
Embrenhei-me,
desenvolto,
nas poeiras fumegantes,
nos incensos já mortiços,
nos passos rasos 
dos tempos
de reis-faraós,
césares depois,
imperadores,
mais tarde czares,
distantes, sempre;
talvez amados,
sim,
em algumas geografias,
mas vagos,
mapas em branco,
tão reticentes...

(Primeiramente publicado em:
http://gps-poetasdomundo.blogspot.pt/)

(fonte da imagem:
http://shekinah-shalom.blogspot.pt/2011_02_01_archive.html)

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

K

Laranjeiras



Cansaço, lassidão

até a memória dói,

percorro os olhos,

numa ansiedade 

desconhecida;

perto de mim,

um sorriso, 

só;

laranjeiras pintam

uma cena 

assaz prostrada,

e o tal sorriso,

afasta-se

enquanto,

ali mesmo,

jaz a minha sombra,

despudorada...

("Suporta os tempos de agora,
faz da tua memória um moinho.
Quando o sol voltar a brilhar,
serás o primeiro a sabê-lo."
Fala de Anaxágoras a Xenofonte)
publicado em 19/1 às 20:42 
em facebook
(fonte da imagem:
http://www.topguimaraes.com/en/restaurantes-e-snacks-de-guimaraes/item/147-quinta-das-laranjeiras.html)

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quarta-feira, 28 de março de 2012

K

Grécia

Quando as praias se revoltarem,
quando as ondas se erguerem,
quando o fito do horizonte
se tiver fundido,
então,
saberás que as dores
e as reprimendas infligidas
pelos deuses
não terão sido mais do que sonhos,
mais do que um regresso
à inocência,
ao crepúsculo da Ilíada.
(Fala de Homero
a Péricles) 
(fonte da imagem:

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

K
Ontem














Lembro-me de quando o sol era bom,
apenas porque sim,
e não pelo aquecimento global.
Lembro-me de quando os miúdos brincavam ao ar livre,
apenas porque gostavam,
e não por viverem num campo de refugiados.
Lembro-me de quando os miúdos gritavam,
apenas porque lhes apetecia,
e não por desafio violento aos adultos.
Lembro-me de quando tratava a lojista por "menina",
apenas pela simplicidade,
e não por uma vaga razão oculta.


Mas que voltas dá a Terra,
para que, a cada instante,
tudo seja "feito de novas qualidades?"


(fonte da imagem:
http://omeusofaamarelo.blogspot.com)

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

K

queda V

Caminho pelos teus olhos,
nas estradas lentas,
em restos de falhas apocalípticas.

Diz-me!!
Quem levou as garras,
as fúrias?
Quem aninhou os mares
nos tufos das dunas mnésicas?
Porque erraste pelas praias,
orlas divinas do Santo Ganges ?
Onde estacaste, erva vil,
vasta e ávida de vacuidade?

As lavas ancestrais
choram pelo tempo afora,
deslizam pelas arquejantes têmporas perladas
soçobrando de incertos louvores.

Divago, pois;
e à beira da Lua,
a minha sombra
retém já os teus olhares,
fugazes vestes atónitas...
marcos, pedras, estremas,
padrões vadios de tempos outros.
(fonte da imagem:

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

K

memória


Quero cingir-me no tempo,
no triunfo;
quero ser a espuma,
o enlace,
o esfumar-me 
(...)

(imagem retirada da net)

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

K

esperança














Um luto,
assim mesmo;
a tecitura, o branco,
e a claridade que desaloja já
as valas na fundura do estremecimento,
no entardecer das memórias, nas imagens soluçadas...

(inspirado em Graça Pires no seu
(imagem retirada da net)

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

K

tédio

o sopro de vida que me leva
pelo quotidiano assim demente,
traz-me, também, o néscio absurdo
de um enfado que se não sente













(imagem retirada de
http://www.abcgallery.com/:
"Ossificação prematura
de uma estação de comboio",
Salvador Dalí)

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

K

giz, graffiti


A flor abre-se,
uma menina escreve;
graffitis alegram os muros.
Partilho o meu medo,
contigo,
para que te possa olhar
em todos os limites.
Uma lata de spray
cai das mãos da menina,
a noite subtrai-a.
Um pássaro esvoaça
em círculos,
entre os vórtices
dos meus temores.
Reaparece a menina;
vem só.
A flor abrira-se
e dera-lhe o pau de giz;
ela apenas escrevera no velho muro:
"quero olhar em frente
sem receio do medo. Só."
(inspirado no excerto dum poema de Alejandra Pizarnik publicado por moriana)
(imagem retirada da net)

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

K

A rua do quiosque










Sonhei uma álea,


quiosque de pastiches,

tinta-da-china,

linha quase dolorida.

Ao canto, numa frinja,

entre dois leões escapados do pó,

uma água-furtada espreita.

Para nada ou ninguém.

As quatro pessoas não passam;

sorriem ao nada,

ao infinitamente branco

dum enquadramento alegre,

entre gargalhadas espumosas.

Sempre sonhei assim a minha rua.

Qui-la assim,

assim ma deram.

Possuo-a

como o dedilhar,

amoroso, filigranado,

do mestre guitarrista,
na ternura envolvente do seu amor,

nos olhos que soerguem aquela álea,

a semiabrigam do sol,

lhe levam gotículas de água,
e suspiram de enlevo.
(retirado do blogue em que participo gps-poetasdomundo.blogspot.com)

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

K

(des)contenção

Amotinei-me!
Aticei-me a raiva,
a ira, a fúria,
subiram e desceram meu estômago,
rilharam-me todas as entranhas;
nada sobrou dos seus raides.
Enfunei o o restante orgulho;
não se içava.
Acicatara-me forças demais.
Esfarrapei-me em frente,
num caminho que não era meu.
Cães do Hades
foram-me açulados.
A dignidade restante
levou-me ao destino:
o covil dos sabujos
ladrões de almas.
Por que lá fora?
Tinha uma entrega.
(imagem retirada da net)

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

K

terra, ar, fogo, água


Enrolei o mar,

sob os braços;

as narinas imersas

no grito pulsante

da vaga

solta até à Lua.

Águas trémulas,

remoinhos pétreos,

sábios vazios.

(...)

Escalei a montanha,

estendi o mar sobre a relva;

desencontro de longas memórias.

Onde estavam tantos outros?

Para onde a púrpura do poente?

As águas esquecem as fúrias,

em oráculo se quedam...

(...)

Então,

ao leme da alma

ergui-me,

sorrindo à luz, ao calor, ao vento, à bruma

e fui, em passo de pastor,

fruindo a vida...


(inspirado num poema de blindness)
(foto retirada da internet)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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