segunda-feira, 4 de março de 2013

K

auto-guerrilha

Surrealismo Dos Atos
Sabe-me a sal esta tristeza,
dissolvida em lágrimas,
entre sombras.
Há um véu,
um cão negro
que me segue.
Os sons são ruídos,
os sorrisos,
esgares.
Também me ataco,
num confronto repisado,
os braços como canhões
em roda viva.
Cansaço...
é neste morticínio,
neste leva e traz
que a minha mente
se deleita,
que cubro os meus olhos,
o cão negro ao colo,
uma moleza resignada,
um sorriso esbatido...
(
fonte da imagem:
http://surrealismo.blogspot.pt/2011/03/in-memoriam-parar-nao-paro.html)

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

K

indiferença

Joan Miró. Drawing-Collage with a
 Hat.
Nada me interessa já;
agora o tempo desliza
compacto,
em torrentes de névoa;
o vento faz por soprar
restos de tábuas
já amarelecidas,
recordações
navios esquecidos.
 
Nada me interessa já;
se estou à janela,
o tempo marcha
numa coluna
de estropiados,
restos de homens
que foram
milícias de um povo
que já os esqueceu;
 
Nada me interessa já;
onde as árvores
se avistam,
onde a terra se faz céu,
tudo adormece,
na tranquilidade
de quem
pouco sabe,
de quem ainda é.
  
Hoje,
houve camponeses
sem pão,
operários sem féria,
pescadores sem peixe.
Hoje,
a fome sentou-se
a muitas mesas.
Hoje,
já nem as palavras,
nem os comentadores
consolaram fosse quem fosse.
Assim,
penso ser honesto
quando sussuro em surdina:
"Nada me interessa já".
("Não brades aos homens,
sobretudo aos que te governam;
na tua serenidade povoa os teus
pensamentos de imagens felizes;
cairão nas suas palavras mais cedo
do que imaginas."
Fala de Tácito a Bruto,
antes do punhal)

 (fonte das imagens:


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domingo, 3 de junho de 2012

K

abraço


... e é no abraço do Sol,
na quietude morosa
dos seus raios
que me deixo banhar
por infinitas tristezas,
por um largo contentamento,
entre vagas marés de alento,
entre fragas e rudezas.


(fonte da imagem:
http://freerandomwallpapers.com)

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quinta-feira, 31 de março de 2011

K

...

...então, marco as tuas palavras
com o ocre que desmonto da terra;
é da tua boca que escorrem
os últimos impropérios,
os últimos alfabetos
que, de tão crípticos,
carregam consigo as línguas mortas,
geminadas no desejo fatal da hecatombe.
As tuas palavras
podem adormecer no tempo,
paralisadas pelo cordame
que já retesou todo;
esse cordame, pálido,
enfermiço
que se debruça pendular
sob um céu vertiginoso de

                       e
                     s
                   q
                 u
                   e
                     c         l
                       i          e
                   m               t
                 e               a
              n                r
            t                 g
         o                o

(imagem retirada da net)

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sábado, 26 de fevereiro de 2011

K

exército

É um exército contraditório este,
que busca a vitória na paz,
o combate na espera,
os vis despojos,
o sangue, até,
na quietude da sedução,
na tortura anunciada,
no caminho
que resvala
pelo declive profundo,
madrugada fora...










(fonte da imagem:
http://www.outdoors.webshots.com/)

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

K
Rey

Com a mão sobre a tua tumba
juraste o solstício que trarias;
imporias a tua vontade,
o teu futuro,
no regresso da tua férrea,
brutal avidez.
O Sol iria morrer nos teus pulsos,
a tua voz iria ofuscar todas as cintilações
de todas as armaduras.
Conceberias uma nova religião,
um novo culto divino.
A tua sombra arrastaria consigo
o horror do sangue derramado.
Teus passos seriam venerados,
glorificados;
rei na Terra, nos Céus,
em qualquer lugar.
Na magnificência do teu manto
caberia a tua palavra,
o teu verbo anunciado.
Serias, pois,
o esquecimento da verdade,
as trevas cobrindo a justiça...













Imperator Rex Autocrator

(fonte da imagem:
http://blogdebrinquedo.com.br/)

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

K

Pintura

Vagas são as memórias,
aqui, além,
um resto de luz,
uma voz enlaçada
na palavra que mira o ocaso.
Há vultos sinuosos,
sombras disformes,
caminhos que se varrem,
tudo parece uma tela de El Greco,
uma mancha quase disforme,
numa paleta de cores enevoadas,
ruínas de um tempo venturoso...

(fonte da imagem:
El Greco: "Vista de Toledo")

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

K

impérios

Hoje,
alguns de nós relembram e  celebram:
liberdade, independência, e tal...
(e para agora? já agora???)


Mas haverá algum espanhol,
-ou mesmo castelhano-
com nostalgia deste Império?  

(fonte da imagem:
http://www.lidora.info/serranho/)

(e já agora:
ainda criaremos enigmas com o vento
ou o casamento?)

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quarta-feira, 31 de março de 2010

K

evolução

Caminho convulso entre restos de mim. Talvez recorde tempos felizes, gratos de vida. Sei hoje que já não tecerei mais quimeras. Arrasto todo o meu passado na repetição tragada do remorso. Aos aromas de primaveras recordadas nada sobra, a não ser a fuga de inteiros soluços.



Voltei. Trago entre os polegares a evolução fugaz de quem teima em caminhar com os olhos postos nem se sabe onde, se dirige para o absurdo e insiste em proclamar-se "sapiens".
 
(inspirado num poema de marés,
publicado no seu blogue)
(fonte da imagem:
http://commons.wikimedia.org)
 

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domingo, 14 de março de 2010

K

alvor

o meu peito
já não busca o sonho;
o meu riso
já não busca a vida; 
no atalho que me concedeste,
apenas vivem o poente
e o espólio da minha alvorada










(fonte da imagem:
http://www.tripadvisor.com,
"O amanhecer em Olímpia")

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sábado, 23 de janeiro de 2010

K

noite

Se a luz se fechasse
na policromia do excesso;
se o silêncio errasse
pelo alvorecer do começo;
se a noite se agigantasse
nos pauis em que enlouqueço,
então minhas mãos
vagueariam no nascer
de um pássaro a sul,
regurgitado
pelo encantamento
de meus lábios
[{segmentados}]
(inspirado num poema de marés
publicado no seu blogue
marés de espanto)










(imagem retirada da net,
"A onda" de Hokusai)

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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

K

Caronte

Devia de ter deixado as mãos
cumprirem o seu destino:
uma e outra falando,
dizendo à morte
o nada da sua vinda.
Subi, pois,
ao poço da viagem,
entre dois mastros vazios,
dois remos sucumbindo;
zarpámos:
Caronte a esmo
sorria em vago tango
de aluguer,
a Lua fugira de soslaio,
o vento sereno e negro,
mergulhei, suave, a mão
nas águas apagadas,
no trecho de um fado
vadio
em voz de desalento
fugaz
(...)
(querem débil, o meu clamor...)














(imagem retirada da net)

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domingo, 30 de agosto de 2009

K

via crucis


Desci pelo afago da varanda,
o Sol apagava a última estrela,
mas não cheguei ao final.
Era fugaz a memória do aparecer,
a espinha da noite
a cobrir meus passos,
mas não cheguei ao final.
Vislumbrei, na perspicácia do riso,
três, talvez quatro, aconchegos,
mas não cheguei ao final.
Não houve falas entarameladas,
ou vozes parcas em mistério;
não tive o carinho da viagem,
o resquício da gargalhada,
ou a gentil malga do jejum;
corri pela Grande Muralha,
saltitei no Tecto do Mundo,
cavalguei bestas-feras,
másculo, furei os antípodas,
sem qualquer mácula,

mas não cheguei ao final!!

(foto do autor tirada com telemóvel: serra do Caramulo)

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

K

Finis


Não há eterno;

o infinito prometeu sua morte.

Já não vivemos,

as promessas

caíram em mãos indiferentes.

Já nem a tua voz

me leva à resposta.

As palavras doeram,

na ruína dos afrescos;

já não (h)ouve um coração;

estradas solidárias

não carregam o sol da manhã.

Fugi;

da minha boca vazou o silêncio;

meus pés julgam-se em atalhos,

em atalhos de bruma.

Não há fado,

sina,

o sempre.

Apenas uma luz fugaz,

entre dois palmos de fumo.

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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