quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

K

David e Urias



Subindo pelos prados,
arrastavas os ramos,
rastejavas pelas raízes, 
bebias um súbito orvalho
que a terra dispensava.
Eram os tempos do solstício,
das noites magníficas,
obscuras como as palavras
que nem soletravas,
monólogos transgéneros
que mantinhas com a Lua Nova.

Não esperes pelas horas da manhã

ou pelo sorriso presunçoso dos pássaros.
Agarra os instantes 
como se fossem os frutos 
da Árvore da Ciência 
do Bem e do Mal;
e, então, 
a terra generosa 
como David
para com Urias, 
te trará fogo, 
e traição,
e morte 
e tu finalmente repousarás
a cabeça  
naquele orvalho
que bebias
 no inicio deste poema... 

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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