segunda-feira, 28 de maio de 2012

K

pato

Comendo o pato,
comi-me a mim mesmo,
no meu palato
estavam duas bactérias ferradas,
esperavam restos de ave,
bem curtidas;
esse pato fora,
de fora, claro,
mas também fora o pato
que gizara furtivamente
as revoluções
que me tornaram grande,
com cognome e tudo;
portanto, esse pato fora
eu próprio,
enlevado no espírito
de uma revolta clássica;
há quanto tempo
haviam sido os dobres
a finados,
ou afinados?
Sei hoje
que as águas
já nada obliteram...
que os dias amanhecem
à sombra das palmeiras
que se dobram educadas
sobre um mar
azul-quase-turquesa;
sei, também,
que os patos que enfeitam
as paredes de um caçador,
são apenas objectos
que já nada assinalam,
pois a gula do pâté
já fugiu entre violetas!

(foto do autor
obtida com telemóvel:
Berlengas, Agosto/2011)

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1 Comentários:

Blogger vieira calado disse...

Bem... que me desculpe...
mas patos somos todos nós!
Um forte abraço

terça-feira, 29 maio, 2012  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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