segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

K

mornas














No tépido calor do meu abraço,
sinto a vaga brisa
de uma Primavera que tarda...

(fonte da imagem:
http://nalitagalaz.blogspot.com/)

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

K
É na fragilidade das palavras
que habitas,
que olhas de relance
as trevas insistentes,
os clamores vagos,
os trilhos húmidos da fama.
Os teus olhos
nem cruzam os meus;
a palidez que cobre as tuas mãos
difunde-se pelas minhas,
distantes, mas venerando a tua
quase-sombra.
É na delicadeza do alfabeto
que reencontro todos os suspiros
que tornam a minha alma exangue
nos orientes do teu júbilo.
Serão frágeis as palavras
que esvoaçam à volta dos teus lábios
num confuso alvoroço de rimas
[já esquecidas?]

(fonte da imagem:

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

K

art deco

Era a parede que me fechava,
que, da porta dos meus sentidos,
me levava ao abismo;
escorregavam-me as mãos,
e eu descia por mim abaixo,
talvez sonhando com o triunfo de um Inverno;
mas um Inverno tão frio, tão custoso
como outro qualquer,
em que nem a parede sustivesse
o olhar,
o gesto frugal,
o franzir da vida;
um Inverno espelhado na parede,
nesta parede que me moía,
que me tragava a alma,
que fazia meus dedos derraparem,
ensaguentados;
um Inverno assim,
espantou-me os limites
muito para além da angústia,
ainda aquém daquele lustro
das paisagens "art deco"
que a memória ainda sugere...

(fonte da imagem:

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

K
Rey

Com a mão sobre a tua tumba
juraste o solstício que trarias;
imporias a tua vontade,
o teu futuro,
no regresso da tua férrea,
brutal avidez.
O Sol iria morrer nos teus pulsos,
a tua voz iria ofuscar todas as cintilações
de todas as armaduras.
Conceberias uma nova religião,
um novo culto divino.
A tua sombra arrastaria consigo
o horror do sangue derramado.
Teus passos seriam venerados,
glorificados;
rei na Terra, nos Céus,
em qualquer lugar.
Na magnificência do teu manto
caberia a tua palavra,
o teu verbo anunciado.
Serias, pois,
o esquecimento da verdade,
as trevas cobrindo a justiça...













Imperator Rex Autocrator

(fonte da imagem:
http://blogdebrinquedo.com.br/)

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

K
A posse

Agora é o fascínio do branco,
da alquimia da posse,
da refrega;
abraço a sinceridade,
os despojos da esperança;
fiz-me à vela,
entre rochedos de espumas
[em buliçosa ruptura];
estou mais longe de mim
do que antes das claridades
das madrugadas rompantes.
Até quando estarás afastada do meu tacto,
do meu alento?


(fonte da imagem:
http://www.domontgallery.com/)

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

K
A descida

Agora desço por este poço,
na espera da glória,
pois houve madrugadas que me cegaram,
caminhos que a minha mente desprezou;
agarro a corda,
agarro a vida,
em baixo não há nada,
deixo meus olhos rolarem
e a Lua insiste em tapar-se,
como odalisca, de súbito casta;
paredes empedradas
em jeito de caminhos sustidos,
em rendições plenas,
calçadas de quase-glórias.
Nem a água escura,
sentida,
me leva à plena posse do pecado...

(fonte da imagem:
http://embernardo.blogspot.com/,
poço iniciático na Quinta da Regaleira,
Sintra)

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sábado, 15 de janeiro de 2011

K

o sábio

Carregarás o teu sonho pela mão,
os teus olhos serão a tua candeia,
não levarás mais do que a vara,
o cajado das tuas sombras;
irás pelos caminhos que os céus te entregarem,
teus pés sangrarão nas fossas,
entre as pedras surgirão cascavéis
que tu pisarás célere,
sabendo que a justiça te é fiel;
finalmente encontrarás a neblina,
o véu que te concederá a paz,
o reconforto dos teus olhos,
candeias da certeza;
o teu coração deixará de se ofuscar,
de se atemorizar:
o farol dos sonhos,
a beleza faiscante do aço
gravada num canto obscuro da tua razão...
(fonte da imagem:

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

K

poema noite

O poema riscou o papel,
acentuou-se,
na vertigem azul,
no caldo dissonante
da espera;
vigiei-o
nas sombras do compêndio,
na vaga ligeireza do livro,
da estampa;
houve até laivos de mistério 
nas suas noites mal dormidas,
encarando a dor, a paixão.
O poema já escrito,
rastejou para a luz
e crucificou-se em jeito de vitória,
de certeza final... 

(fonte da imagem:
http://view.stern.de/)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

K

Outono

Só mesmo um louco
içaria as velas da alegria,
as torrentes frescas do amor;
só mesmo um louco
iria à procura dos ventos
que trazem os teus olhos;
só mesmo um louco
escreveria o teu riso
e arquivá-lo-ia
entre as poeiras,
os dísticos quentes
deste vagaroso Outono. 
(fonte da imagem:
http://www.alaska-in-pictures.com)

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

K

passos

Um dia, os meus olhos
saberão o caminho de volta,
o retorno ao teu sorriso;
até lá,
serão as palavras,
os poemas,
que devolverão a memória,
a luz dos teus risos,
index sonoro
da tua alma...

(fonte da imagem:
http://blackman.bloguepessoal.com/37/)

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

K

reflexo

esqueci a dor,
o caminho do meu próprio perdão;
cometi o erro,
a vulgar falta,
virei-me,
escondi-me nas mãos,
um choro prometido
desbravou-me as faces,
entre golfadas de lembranças;
(...)
há muito que não vejo o meu reflexo,
temo a devolução da memória...

(fonte da imagem:

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

K

espera

Ahora: la siembra.

Esperaré
con la paciencia
del que deseó
y obtuvo. *

Espero,
sim, espero;
inclino o corpo sobre as paredes nuas
de uma memória em ruínas;
semeaste aljavas vazias,
grãos secos,
despojados da alegria do voo para a terra,
sulcos abertos para a vida.
Espero,
sim, espero;
por entre rochas, no horizonte,
levantam-se as poeiras de sementeiras já esquecidas,
de trilhos arqueologicamente extintos;
paciente, como um druida esperando a Lua Cheia,
com um pauzinho traço no ar da noite
as virtudes da esperança.
No meu desejo,
a espera é um animal selvagem,
virtuoso, brando,
certo da sua presa.

(*Griselda García cit. in
http://spleenmaleniano.blogspot.com/,
autoria: MaLena Ezcurra
(fonte da imagem:
http://pctpmrpp.org/forum/)

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

K

Pintura

Vagas são as memórias,
aqui, além,
um resto de luz,
uma voz enlaçada
na palavra que mira o ocaso.
Há vultos sinuosos,
sombras disformes,
caminhos que se varrem,
tudo parece uma tela de El Greco,
uma mancha quase disforme,
numa paleta de cores enevoadas,
ruínas de um tempo venturoso...

(fonte da imagem:
El Greco: "Vista de Toledo")

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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