Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
K
A descida
Agora desço por este poço, na espera da glória, pois houve madrugadas que me cegaram, caminhos que a minha mente desprezou; agarro a corda, agarro a vida, em baixo não há nada, deixo meus olhos rolarem e a Lua insiste em tapar-se, como odalisca, de súbito casta; paredes empedradas em jeito de caminhos sustidos, em rendições plenas, calçadas de quase-glórias. Nem a água escura, sentida, me leva à plena posse do pecado...
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Só não concordo com "em baixo não há nada". Haver há, pode é estar demasiado fundo!
Abraço!
O fascínio do abismo!
Um beijo.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial