domingo, 2 de julho de 2023

K

Cansaço


A solidão vicia,
O ficar sozinho

Cria espaço

A tantas dimensões 
O silêncio, 
ausência.

Conforto.   

Não pôr os olhos
em ninguém.

Descansar de mim,

dos outros.
Morrer só.
Um sonho adiado,
                   mesmo assim 
                                       ensejo.

Etiquetas: , , ,

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

K

escrevo

Resultado de imagem para office by the forest
E um dia este será o meu escritório 
(de scribo: escrever),
abrindo-se sobre a floresta, 
num sorriso ao vento,
à luz,
aos galhos partindo-se;
e então
não me poderei desculpar
com estas palavras
de que abuso.
O ar, a luz, os galhos
varrerão os meus textos,
e nem o gélido torpor
os atingirá.
Sobrará apenas
o meu
hipotético talento
somente.

(fonte da imagem: https://cdn.trendir.com/wp-content/uploads/old/trends/assets_c/2015/03/glass-book-nook-in-forest-thumb-970xauto-52352.jpg)

Etiquetas: , , , ,

domingo, 20 de setembro de 2015

K

Outono II



Apesar do calor,
da luz,
o Outono insinua-se,
espreita
por detrás das árvores,
num meio-sorriso
de emergente vitória.
E, numa tela
de Silva Porto,
pressinto
o bafo tranquilo
de uma era que se pressente.


(fonte da imagem:
http://aarteemportugal.blogspot.pt/2011/12/antonio-carvalho-de-silva-porto-1850.html)

Etiquetas: ,

quinta-feira, 17 de abril de 2014

K

allegro?

Hoje,
as palavras sabem a cardos,
deslizam pela garganta
(pausa poética)
e é no silêncio que se aninham;
os trovões não se imiscuem pelas árvores,
o restolho ergue-se,
e os cardos voltam a triunfar; 
as palavras
(pausa poética)
são como sementes de trigo,
- pão antecipado -
e o silêncio embrutece os longos dias,
salpicados de janelas entreabertas,
de contraluz e de pó cobrindo os sentidos.
É uma santa quietude,
um elo que os cardos
unem:
sofrimento,
tristeza,
mudez.
(pausa poética)

("Evita os homens que não sabem rir,
os que querem assombrar-te 
com as suas palavras cinzentas.
Há divertimento nos números, nos ângulos
é belo o teorema que leva o meu nome..."
Fala de Pitágoras a Andrócles seu discípulo, 
após a descoberta)
Fonte da imagem: foto do autor
obtida com telemóvel 

Etiquetas: , ,

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

K

A Sul, o Além-Tejo

Hoje,
o Sol desceu,
numa irritante lentidão,
por uma tarde silenciosa,
baça;
entre as árvores,
ao longe,
viam-se os restos do repasto de uns lobos,
uma fome antiga já morta...
entre os caules de trigo
as cigarras quase zumbiam,
deixando-me os ouvidos ansiosos;
era um exemplo cáustico, 
este entardecer: 
nada havia que me despertasse, nem a sesta 
debaixo de um sobreiro;
a terra estava saudosa de água,
os arbustos eram cata-ventos
de um sopro cálido, quase bestial;
Era nesta quietude
que os braços das oliveiras,
prenhas de "candeio"
se assomavam às portas do tempo,
eterna passagem de um Sul já esquecido...























(fonte da imagem: n/a)

Etiquetas: , ,

sábado, 10 de dezembro de 2011

K

norte

Roo o sonho,
na medida certa,
onde me dói.
Escuto, ouço,
letras que se despenham,
calotas doidas num convés.
Houve dois, três saltos 
que me soltaram
no meio das searas,
vazias de pão,
tão louras
que me levaram a um Norte
que me é vedado, ainda. 
Uma noite, entre sonhos,
abrir-se-ão portas:
Estocolmo/Oslo/Copenhaga/Helsínquia
e o Norte abater-se-á,
noite solar,
longe, longe...
E as capitais esguias, furtivas,
levarão os meus passos,
os meus sonhos incertos
onde já nada dói,
onde já nada conta...


(imagem retirada de:
http://louletania.blogs.sapo.pt)

Etiquetas: ,

sábado, 22 de outubro de 2011

K

luz

Quando uma sombra divina
te resguardar da luz do ocaso,
lembra-te dos riscos da fortuna,
daquilo que te foi destino,
e sorri entre os cedros,
sabendo que foste resguardado
das manchas policromáticas
da morte.

Então, 
talvez a luz da aurora te desperte
e te leve colina arriba
até ao despontar do teu dia,
e de tudo o que te é devido.


(fonte da imagem:
http://photographershalloffame.blog.com/2011/03/10/matt-peterson)

Etiquetas:

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

K

Pan-(dor)-a


Cristalizaste os teus erros;
subiste a escarpa, velaste a madrugada.
Então,
rindo, 
sentada sobre o mundo,
funambulaste,
quási acrobata num trapézio baço,
exibindo o ouro dorido, a prata vaga,
num esgar de meias-noites ainda rubras.

Então, soltaste medusas
- e Pandoras das caixas -
 e a vacuidade porosa
foi, altivamente,
tomando conta das colinas,
dos montes, das falésias até,
num gesto largo de oração,
de desmedida reza suspensa...
(fonte da imagem:

Etiquetas:

terça-feira, 6 de julho de 2010

K

...












Quero encostar o meu sonho
à tranquila, cálida lapela,
ao íntimo voto
do teu sorriso breve 

(fonte da imagem:
http://vozesdotempo.blogs.sapo.pt/,
Claude Monet: "O Sena em Port-Villez. 
A harmonia em azul")

Etiquetas:

sexta-feira, 31 de julho de 2009

K

vale

Desci ao vale das mentiras,
floresceu o caule
das certezas.
Encarei o bojo
da cegueira,
entre duas escarpas;
revirei as pedras
da humildade.
Sob o manto da espera,
troaram vagas de angústia,
brandindo a espuma de ontem.
O vale, quase em sorriso,
mergulhou no rio da justeza;
emergiu em gargalhadas
de solidão,
em paredes a pique,
quase polidas d’esperança…

(imagem retirada da net)

Etiquetas:

sexta-feira, 5 de junho de 2009

K

a vigília


A fronte pétrea perscrutava
um horizonte calvo,
desolado.
Manteve o silêncio,
entre pétalas de mar,
fogos de poeiras
entre troantes estampidos.
Soltavam-se baforadas
cíclicas, in tempo maggiore.
Jogavam-se arcos de bandeiras,
corriam crianças à solta,
em passada quase lunar
em fugazes sustenidos.
Inclinou-se,
a busca,
já quase uma intercessão.
O cieiro tomava conta
das rugas gastas,
em cada ponto.


Sobranceiras ao quadro,
duas semi colunatas de Bernini
fechavam o círculo,
em faustosa glória.


(imagem retirada da net)



Etiquetas:

quarta-feira, 13 de maio de 2009

K

Silêncio, caos


"... e é o silêncio que perdura

quando morremos em nós"

(inspirado num poema de Paula Raposo em "As minhas romãs")

um silêncio descaído;
uma voz que já não chama,
sentada num chão encerado
uma vida que teima
em viver.
Já não há brados,
clamores;
(voz que clama no deserto...);
apenas, só a luz de mofo
que entorta o vazio.
Vagos suspiros, queixumes,
uma morte que tarda,
persiste um caos,
mudo, silente,
uma voz que já nem condena,
zanga ou enfurece...
não há esperança ou caminho;
no chão encerado,
houve um clarão,
fugaz...
(imagem retirada da net)

Etiquetas: , ,

"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

eXTReMe Tracker
online