domingo, 20 de setembro de 2015

K

Outono II



Apesar do calor,
da luz,
o Outono insinua-se,
espreita
por detrás das árvores,
num meio-sorriso
de emergente vitória.
E, numa tela
de Silva Porto,
pressinto
o bafo tranquilo
de uma era que se pressente.


(fonte da imagem:
http://aarteemportugal.blogspot.pt/2011/12/antonio-carvalho-de-silva-porto-1850.html)

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

K

A Sul, o Além-Tejo

Hoje,
o Sol desceu,
numa irritante lentidão,
por uma tarde silenciosa,
baça;
entre as árvores,
ao longe,
viam-se os restos do repasto de uns lobos,
uma fome antiga já morta...
entre os caules de trigo
as cigarras quase zumbiam,
deixando-me os ouvidos ansiosos;
era um exemplo cáustico, 
este entardecer: 
nada havia que me despertasse, nem a sesta 
debaixo de um sobreiro;
a terra estava saudosa de água,
os arbustos eram cata-ventos
de um sopro cálido, quase bestial;
Era nesta quietude
que os braços das oliveiras,
prenhas de "candeio"
se assomavam às portas do tempo,
eterna passagem de um Sul já esquecido...























(fonte da imagem: n/a)

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

K

velada

Vem,
meio escondido
entre as urzes,
pelos arbustos de anoitecer,
no canto malhado
que há na recôndita memória,
ai vem ele,
passos entre a folhagem,
o sorriso absorto
entre réstias de sol
dourando o esquecimento
de um Verão que calcou os dorsos;
fez a sua entrada 
em movimento discreto,
sempre entre 21 e 23,
sorrindo às marés,
às noites crescentes.
hOje, criei
um pequeno
trilho, um traço apenas,  
onde 
nasceu a 
hora contradançada que me inspira e leva

(fonte da imagem:
van Gogh: "Paisagem de Outono
com quatro árvores")

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sábado, 16 de julho de 2011

K
AGORA

Agora é o tempo de fitar nos olhos
o caminho que percorri:
sugar os ventos,
as madrugadas,
os penhascos em que,
debruçado,
me despenhei,
no fragor de uma infância já perdida;
sim,
é o tempo de fitar nos olhos
os rochedos que me travaram:
a vista humedecida pelo pó
das caminhadas dos outros,
as paragens que os medos forçaram;
hoje,
foi esse tempo:
das navegações em águas rotas de esperança,
em que as velas não apontavam o porto,
e um céu prenhe de baixas pressões
desenhava arco-íris de risos inocentes,
confidências pálidas,
suaves, até,
de tempos, em cadência,
ainda por vir...

(Imagem retirada de 
www.abcgallery.com,
Salvador Dalí:
"Penya Segats,
mulher em frente de 
um penhasco")

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sábado, 23 de abril de 2011

K
LUZ

Sombreiam-se-me os olhos:
na noite decadente,
entre espaços lúcidos,
há vergões silenciosos
remoendo memórias
às escondidas da vista;
na tela do passado,
projecta-se o temor:
arrasta-se um regresso
na rispidez do raio;
o nó que me consome,
é meu: criei-o
no tormento de ontem,
no ódio de amanhã,
esquecendo
os tufos serenos que calcorreio;










será,
pois,
na
era
da
redenção
que
estarei
frente
a
frente
no
letargo
que
mereço,

já.

(fonte da imagem:
http://www.getreligion.org/)

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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

K

sucessão finita

nada digo:

o tempo assalta-me de pudor
e a minha voz, frágil chicote de vento, é ancoradouro das trevas.
(comentário de maré ao meu poema 'fugas')

arvora-se-me o tempo
pelo silêncio,
o gotejar da memória
corrói-me as têmporas;
liso é o resvalar dos murmúrios,
no soturno vazio
de cascatas,
feridas
na pudica sucessão das horas...

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terça-feira, 14 de julho de 2009

K

tempo

A cidade agarra-me,
os salpicos lavam-me
todos os caminhos
úberes,
caídos entre mim
e o outro
(tempo).
Disfarço passos
que já foram meus;
talvez amanhã
fosse um dia qualquer
e todos festejássemos
os restos de hoje

que se sacodem
qual lama
enamorada...

(inspirado num poema de moriana)
(imagem retirada da net)

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

K

back to nothing


He did not speak,
he sat there
smoking
standing aside
almost forgotten
behind the smoke rings.
I was in front of him
(he pierced me with his look).
I did not sigh.
I waited
as the rain came.
He said nothing
though.
I found my ashes,
my unexpected dreams.
We both left,
no word,
no glare,
no nothing...
The skies produced a raven
while pouring
water drops
out of nowhere...


(inspirado no execerto dum poema de Jacques Prevert in moriana)

(imagem retirada de celticjeweler.com)

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

K

A rua do quiosque










Sonhei uma álea,


quiosque de pastiches,

tinta-da-china,

linha quase dolorida.

Ao canto, numa frinja,

entre dois leões escapados do pó,

uma água-furtada espreita.

Para nada ou ninguém.

As quatro pessoas não passam;

sorriem ao nada,

ao infinitamente branco

dum enquadramento alegre,

entre gargalhadas espumosas.

Sempre sonhei assim a minha rua.

Qui-la assim,

assim ma deram.

Possuo-a

como o dedilhar,

amoroso, filigranado,

do mestre guitarrista,
na ternura envolvente do seu amor,

nos olhos que soerguem aquela álea,

a semiabrigam do sol,

lhe levam gotículas de água,
e suspiram de enlevo.
(retirado do blogue em que participo gps-poetasdomundo.blogspot.com)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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