Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
sexta-feira, 5 de junho de 2009
K
a vigília
A fronte pétrea perscrutava um horizonte calvo, desolado. Manteve o silêncio, entre pétalas de mar, fogos de poeiras
entre troantes estampidos. Soltavam-se baforadas cíclicas, in tempo maggiore. Jogavam-se arcos de bandeiras, corriam crianças à solta, em passada quase lunar em fugazes sustenidos. Inclinou-se, a busca, já quase uma intercessão. O cieiro tomava conta das rugas gastas, em cada ponto.
Sobranceiras ao quadro, duas semi colunatas de Bernini fechavam o círculo, em faustosa glória.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
1 Comentários:
As colunas em pedras têm sempre qualquer coisa de mítico,
quase sagrado.
Um abraço
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