... e é no abraço do Sol, na quietude morosa dos seus raios que me deixo banhar por infinitas tristezas, por um largo contentamento, entre vagas marés de alento, entre fragas e rudezas.
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Aceito o passo, a calma planura; o adormecer das folhas, o deslizar, cambaleando, na virtude de um Outono tímido; a cacimba que não cai, as estrofes que, suaves, não emergem; os troncos, pintados de musgo, os líquenes, levam os ramos, os silvos quebrados entre os ramos; há, ainda, trilhos amenos, mimos feitos de rendições, tão langorosos que este andamento aceite, (de modo tácito), vai colorindo a simples, a clara mescla dos farrapos de um Inverno ainda sonhado, num rito*
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)