Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
sábado, 23 de abril de 2011
K
LUZ
Sombreiam-se-me os olhos: na noite decadente, entre espaços lúcidos, há vergões silenciosos remoendo memórias às escondidas da vista; na tela do passado, projecta-se o temor: arrasta-se um regresso na rispidez do raio; o nó que me consome, é meu: criei-o no tormento de ontem, no ódio de amanhã, esquecendo os tufos serenos que calcorreio;
será, pois, na era da redenção que estarei frente a frente no letargo que mereço,
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Convoca-se a luz para esconder as sombras, neste poema excelente.
Um beijo.
Um poema belíssimo onde os tempos se misturam na procura da luz, da perfeição.
Um beijo
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