Agora é o tempo de fitar nos olhos
o caminho que percorri:
sugar os ventos,
as madrugadas,
os penhascos em que,
debruçado,
me despenhei,
no fragor de uma infância já perdida;
sim,
é o tempo de fitar nos olhos
os rochedos que me travaram:
a vista humedecida pelo pó
das caminhadas dos outros,
as paragens que os medos forçaram;
foi esse tempo:
das navegações em águas rotas de esperança,
em que as velas não apontavam o porto,
e um céu prenhe de baixas pressões
desenhava arco-íris de risos inocentes,
confidências pálidas,
suaves, até,
de tempos, em cadência,
ainda por vir...
(Imagem retirada de
www.abcgallery.com,
Salvador Dalí:
"Penya Segats,
mulher em frente de
um penhasco")
Etiquetas: tempo
3 Comentários:
É preciso não virar as costas e enfrentar sempre aquilo que nos impediu e/ou impede de ir mais longe...
belo poema, gostei.
Abraço.
Não posso garantir, mas essa cena de sugar penhascos parece-me bastante lesiva para a saúde...
Excelentes as imagens e o texto!
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