Abaixo do teu ventre Encontro a vida eterna, Também o gozo De nos possuirmos, Há um orgasmo De distância Dos teus aos meus (lábios). O teu sorriso Leva-me na safadeza, Na vadiagem do teu corpo. E tricotas mais prazer Nesse ventre De infinitas virtudes, A que chamas Teu!
A tua doidice O odor, A textura Do teu sexo As estrias de prazer, Os holofotes da loucura Tudo se aclara Para seres minha Posse fábula Posse conto Posse verso Toda reclinada Sobre uma paixão Já acesa Todos os teus membros Enlaçados, Na lenta escuta Da madrugada Que teima em Unir nossas almas, Mais do que nossos corpos, Pois dia a dia tão colados No grude do amor Que não conhece ocaso…
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)