quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

K

pó do tempo

Caminho na duplicidade
do que sinto,
do que sou.
Arrasto estradas,
vinhas e trigais
sem que haja hesitação,
ou sequer sentido
no que vejo.
Os meus passos
são o que sou,
coesos e esquecidos de si.
Sempre a luta desigual,
o perdão aos outros,
o zurzir-me de recordações;
caminho,
sempre,
e é no resvalar
entre tempos
que, 
das faíscas soltas,
entrevejo para onde
dirigir os meus passos,
a minha vida,
emenda solitária,
atalho poeirento,
pegadas cobertas...
("Caminha,
não importa o destino;
este revelar-se-á
a seu tempo."
Fala de Sócrates
ao seu discípulo Petraeus)
(fonte da imagem:
da galeria de kai_ross)

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

K

manhã


Reinventei o som das águas
e, na sua duplicidade,
no seu escoar,
revi-me 
(a vida toda).
É uma luta desigual,
entre as tréguas 
dadas aos outros
e as guerras
contra mim...

O Sol 
empurra o seu brilho
para as águas,
quase transparentes;
há indícios de memórias,

certas,
no suspender
da respiração,
na visão baça

no abrir
dos olhos alagados...

(fonte da imagem:
http://www.mrwallpaper.com)

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

K

demanda

Busco,
tenho na madrugada
uma amiga,
nas brumas 
o gesto da aliança.
Ainda busco
pela escuridão
enrolada na névoa,
água tornada gente,
quase bucólica,
quase êxtase.
Talvez já nem busque,
talvez a minha inibição
aquietasse a ânsia,
o querer para lá do crer.
Agora sento-me,
os olhos postos nos atalhos,
as mãos postas numa oração
crispada, mas sentida;
talvez já nem tenha virado 
as costas,
talvez se a vida assim mesmo,
não o sei.
Sei que a parede me aguarda,
também sei que a busca findou,
dançam os meus olhos
nos pérfidos vocábulos
que se alongam
pelas páginas soltas
de um diário insensato...

("Já viste os caminhos da luz,
não te desvies deles e sonharás;
os teus sonhos serão brilho e 
alegria." 
Fala de Platão a Aristóteles)

(imagem do autor
obtida com telemóvel)

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sábado, 9 de fevereiro de 2013

K

Via Dolorosa

Que buscas na madrugada?
Que caminhos trazes,
para onde te dirigem os passos?
Embarcas,
sinuoso de razões,
na flotilha inquieta
rumo ao ocaso,
e caças-nos,
enfatuado e bruto
na alarmante vaga
de um comboio de navios
mal suspensos na aurora.
Há, ainda,
o sortilégio
da memória das naus,
das farripas do Império,
de livros recheados de fotos
que ninguém desvenda...
na Normandia já ecoam
os sinos, entretanto,
na Flandres correm boatos...
(...)
















Sempre que elevas uma prece,
sempre que os teus olhos 
caem sobre os céus,
dardeja nas tuas mãos 
a força,
a mágoa, 
que só a via dolorosa
da dor pode conceder.

("Quando pisares o chão,
acautela o teu passo,
não vá a poeira do caminho
conspirar sobre os teus sonhos."
Fala de Leucipo a Demócrito,
a propósito de um átomo)

(fonte da imagem:
http://bible-daily.org/2011/03/16)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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