Já te peguei, na minha cabeça, entre quereres, entre portas envoltas em pó, encontrei-te: velho carimbo, estampa, gravura; timbraste-me, levaste-me à insanidade da férrea lembrança, (férreas águas da mal-saúde), marcaste os meus dias e ferraste-me;
garanhão das terras inóspitas não tem dono, nem paga tributo; apenas responde ao tribunal da insónia, da corte marcial da extinção. (ou julgas, ferrete, que um galopar louco, entre insanos crepúsculos, me leva a consentir o cabresto?) (fonte da imagem: http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/marcacao-de-gado-o-ferrete-e-uma-marca-e-eu-nao-sabia-63492)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)