terça-feira, 29 de julho de 2008

K

Passos

meus passos escorrem no esquecimento;
a casa, lenta, valseia,
muros acima.
Vejo as palavras
tão despidas:
lufadas de azul,
em laranja desmaiado.
Há sentido no que dizes,
nas tuas imagens;
há sons trotantes,
há miragens.
Verbos sonantes,
a areia húmida de passos despidos,
de memórias vagas,
com cinza em fundo.

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domingo, 27 de julho de 2008

K

...


...em nó me enlaço,

fujo, mas não.

Há um soco vão,

uma corda dura,

um arco maldito,

uma força,

uma razão louca,

em sangue jorrante!

Fúria vencida,

um quase vento,

um ciclone (a tua mão...)

ata-me,

larga-me em espaço vazio,

em buraco, em furo,

e enlaça-me

na doçura do quedar-se,

no borralho,

naquela brasa pulsante

onde o chão se foi,

e a cinza,

essa,

assim ficou...

(inspirado em blindness)

(Fotografia de J.N.)

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segunda-feira, 21 de julho de 2008

K

pray

Pray
may your walk
light my sunset
may I be
in your small pocket
in your nest
so that all sunsets
sunrises
and so
may fill
the upper end
that lies in me

(inspirado em Leonard Cohen, in moriana2)

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K

em definido arco


Em minha alma
um veneno se tece,
e espraia o medo,
a loucura finda.
Um sorriso,
em pose,
a lua sorri,
em minhas mãos
distas de nada,
corre um arco,
em vermelho púrpura,
em silente cruz,
uma curva,
um gemido sinuoso;
uma nota grave
em jeito de menor
riso,
de menor maldição.

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quinta-feira, 17 de julho de 2008

K

po(ente)

Límpido e arqueado,
gelou a minha passagem.

Assim,

sem cântico,

sem ponte, rarefeito.

O tempo o deixou,

a espera dolente,

do quase Agosto;

e o vão,

a abóboda insolente,

a catedral estática,

em pedra esfacelada,

(Salamanca esvaiu-se em areia, lembras-te?).

O medo,

o rigor torvo.

Águas esquecidas,

imóveis,

arco em ogiva perfeita,

gótico em bruma,

memória

em lugar nenhum...
(a partir dum poema de Nucha)
(Fotografia de J.N.)

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quinta-feira, 10 de julho de 2008

K

nós

Em nós
há enlaces;
há fugas;
nós anelamos laços
que, sorrindo,
desfazemos,
como meninos desatando as batas,
em fuga para as mães.
Há divinais laços,
há nós e amarras,
há amores,
e o toca e foge dos nós
que nós não queremos,

e desejamos em partida poente,
a caminho do vago

(vazio).


(a partir dum poema de moriana)

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quarta-feira, 2 de julho de 2008

K

em fuga


Não,

não criei o mundo.

Nem o corro,

demente.

Sorriram-me,

estenderam-me a mão,

rogaram-me que o possuísse.

Ri,

ri sem gosto.

O mundo tem-nos,

isso sim;

entre sóis e luas,

numa clara noite,

esquecida de memórias,

banhada de afagos esquecidos,

as pegadas rarefeitas,

submersas.

Morna a loucura,

o espanto,

entregam-me o mundo,

fujo dele,
fujo dele,
(...e fico!)


(inspirado por Menina Marota)
(Fotografia de J.N.)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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