(...)
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,*
(...)
...mas a paisagem,
essa,
transforma a minha respiração
em suspiros;
uma mulher liberta o meu canto,
uma história qualquer...
a minha vida,
balizada entre os postes,
sem saída para a área,
golo em suspenso,
partida empatada...
agora a paisagem
resvala pelas escarpas,
e o meu canto,
possuído,
levam-me ao fundo,
ao vale dos lagos frígidos,
onde a minha imagem
se reflecte em tons de azul,
em matizes de refrega,
de não entrega,
objecto que se renega...
("O canto das sereias
é o teu destino.
Quando o ouvires,
canta ainda mais alto.
A tua odisseia será
revivida em cada edição."
Fala de Homero a Ulisses,
sua personagem)
(*excerto do poema "Mãos dadas"
de Carlos Drummond de Andrade)
(fonte da imagem:
http://vinicolasevinhedos.blogspot.pt/)
Etiquetas: caminhos do vento, Terra