quarta-feira, 30 de novembro de 2011

K

tempo de

Agora é o tempo
do chumbo na fronte,
do resvalo intuitivo,
do esvoaçar das misérias.
Hoje,
a vida entrelaça-se
nas guelras de um peixe,
luzidio e anónimo.
Hoje, celebro 6 anos
e volto à escola,
mesmo sabendo
que as misérias
sopram ao meu redor.
Hoje,
guardo os papéis
que me deu uma jovem
à entrada do metro,
talvez restos
de sábias ordens puídas, sei lá.


Agora é o tempo
do alisar da manhã,
da relva gulosa pela chuva,
das 7 partidas do mundo.

 (foto do autor, obtida com telemóvel:
exposição no Pavilhão do Conhecimento
Ciência Viva, Lisboa)

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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

K

rude

Vejo que esqueceste o tempo,
a rude espada que te tolheu,
o abraço que nunca deste.
Vejo que esqueceste as nuvens,
as esperanças furtivas,
que te trouxeram de bandeja.
Vejo que esqueceste as mãos,
aquelas que o sopro aqueceu,
entre tormentos excessivos.


Sim, vejo o esquecimento,
as luas esquivas,
a guarda que baixaste,
o teu sorriso demente;
há pregas e rugas na tua fala,
e até as palavras esbarram
no teu esgar longínquo;
sinto o tremor do que pensas,
o frio que te agita,
os sonhos em que recusas
empinar-te.
Os apuros dos teus caminhos,
as razias de uma memória
que obliteras a cada passo,
trazem-te de volta à praia:
Omaha Beach...


talvez:
Checkpoint Charlie...

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

K

torre

Habito esta torre,
entre vendavais de estigma,
nas naves que a sustentam;
assomo-me às janelas,
vejo o regresso de mim,
a camisa drapejando,
o peito rubro de ocasos;
meus olhos percorrem
os vidros,
os nós,
onde se estilhaçam os verdugos,
enquanto, redondos,
meus pensamentos esquecem o hoje;
é pela escada que que meus sonhos descem,
mergulhando nas ervas, 
nos cheiros-orvalho da madrugada.

Habito esta torre,
meus braços abarcam-na,
num abraço feliz,
recebendo-a assim mesmo,
em gentil, cálida adopção...

(foro do autor obtida
com telemóvel:
Montemor-o-Velho,
Verão de há uns anos atrás)

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

K

resvalo

Quero tropeçar num sonho,
em vigia maruja,
saltar o poleiro,
filar a liberdade,
qual falcão insano,
bêbado de vertigem;
e voltar ao início,
no desejo do regresso
ao tropeço e ao voo...

(foto do autor,
obtida com telemóvel:
S. Pedro de Moel, 2010)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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