domingo, 30 de novembro de 2008

K

Seaside Resort *****


Pombos aterram,
sobrando dos céus.
Não há ouro em areias,
ou limos vestais
para os acoitar.
Enterram as patas
em sobras,
quase expelidas.
Não vingam em dorsos,
já secos, gélidos.
Entre a quase morte
e um coração parando,
há um nada de poente.
Um mar cinza baço
força um adeus;
já as flores definhantes
se enrolam na noite lívida;
Um céu seco, escuro,
apaga aos soluços,
aquele “seaside resort”
que nunca nada excluiu…
(foto extraída da internet)

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

K

Finis


Não há eterno;

o infinito prometeu sua morte.

Já não vivemos,

as promessas

caíram em mãos indiferentes.

Já nem a tua voz

me leva à resposta.

As palavras doeram,

na ruína dos afrescos;

já não (h)ouve um coração;

estradas solidárias

não carregam o sol da manhã.

Fugi;

da minha boca vazou o silêncio;

meus pés julgam-se em atalhos,

em atalhos de bruma.

Não há fado,

sina,

o sempre.

Apenas uma luz fugaz,

entre dois palmos de fumo.

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

K

Artur

Usei o ferro,

golpeei a fronte,

arrastei o manto;

olhei pra trás;

a minha sombra,

só.

A lança, a espada, o escudo,

o pó os enlaçava,

foi-se a montada,

a demanda,

a procura,o rasto.

Envolvi-me naqueles farrapos,

outrora eu.

Nada onde retomar,

os caminhos haviam, finalmente,

suspendido os traços.



Algures,

entre matas de jasmim,

uma velha coruja abismava os olhos,

numa queda quase lenta,

a busca

quase em dor de ave.




(Fotografia de J.N)

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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

K

...tocata e fuga

...arte na fuga,


no partir em doce delírio;


não há pontes,


só caminhos doridos.


Entrei destino adentro, o tempo comigo,


a falésia acinzentando-se,


sussurrando o ar,


pontiagudo na fronte.


Caminho,


já não o há.


Invento, fantasio,


sobreponho-me, já nem vagueio.


Só o tempo insiste,


só o tempo me arde.


Um mar claro de escura lua,


persiste num farol,


tremente como o calor que me leva.



(inspirado em Paulo Renato Cardoso Libertação (excertos) in Órbitas Primitivas publicada por moriana)
(fotografia de J.N.)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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