Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
terça-feira, 9 de novembro de 2010
K
passagem
Aceito o passo, a calma planura; o adormecer das folhas, o deslizar, cambaleando, na virtude de um Outono tímido; a cacimba que não cai, as estrofes que, suaves, não emergem; os troncos, pintados de musgo, os líquenes, levam os ramos, os silvos quebrados entre os ramos; há, ainda, trilhos amenos, mimos feitos de rendições, tão langorosos que este andamento aceite, (de modo tácito), vai colorindo a simples, a clara mescla dos farrapos de um Inverno ainda sonhado, num rito*
por entre palavras que se pressentem na pureza dos aromas, nesta estação que é a vida na plenitude dos seus sons e cores, passamos como uma ténue folha ondulando ao sabor do vento dos dias…
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
4 Comentários:
Um rito de passagem para o mundo secreto das palavras que ficam por dizer e onde resta tanta coisa apetecida...
Um beijo, Jaime.
Passa no meu blog.
Abraço
"...ainda sonhado, num rito"
por entre palavras que se pressentem na pureza dos aromas, nesta estação que é a vida na plenitude dos seus sons e cores, passamos como uma ténue folha ondulando ao sabor do vento dos dias…
Um abraço
Lindo!
Abraços meu querido amigo!
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