Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
K
tu Antuérpia
Esqueci o p/b do que sinto na luz afável, do entardecer na minha desconhecida Antuérpia. O brilho das águas-régias desfaz, suavemente, toda a paisagem, mesmo sendo Primavera. Adormeço a p/b e não o lamento: nada há de mais belo do que o cintilar líquido, roçando os sonhos suaves nesta tua Antuérpia natal.
ORQUESTRA AO FIM DO DIA o vento sussurra lá fora aquilo que me vai cá dentro... enquanto caem as folhas, abato-me sobre o meu peito, nem a brisa nem os meus olhos descansam, vagos, rodopia a areia jacente no solo, o sorriso foge-me, acho que há pequenos tornados e, abatido, observo os cones baixos, insignificantes migas de Natureza, e o céu quase solidário oferece os braços das nuvens num desejo de ascensão salvífica, num rodear de mastros antigos, firmes num mar ansioso, albergues esquecidos, chiando lúgubres num passado já gasto
(foto do autor obtida com telemóvel, "nuvens sobre S. Martinho do Porto")
No criticism starts one’s life; suddenly, all purposes seem to glide towards the hills above the boats that cannot escape this private death. Where were their bodies, the bones flesh forgot?
Songs were shouted by ancient sailors, they knew their fate all the time; and still they kept on singing as if lonely mermaids couldn’t blindfold their empty, so empty eyes…
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)