sexta-feira, 20 de junho de 2014

K

em preguiça



O marulhar das ondas,
a sua cor leitosa,
morna,
fecundada pela Lua,
o fluir do tempo,
o escorregar lento,
suave como os segundos
rodopiando pelo relógio:
era assim que semicerrava 
a vida,
num ciclo sem remorso…
Ao longe,
entre os recifes,
por entre espelhos de água
contidos em si próprios,
vejo todas as cores que se cruzam,
todos os restos de ocasos 
perdidos no desvario 
urdido pelas tuas mãos.
Rege, pois, o destino por tempos mais favoráveis.
(foto do autor obtida com telemóvel) 
(publicado em 77palavras)

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

K

vontade

Era uma vontade asceta,
uma Lua teimosa,
desfragmentada,
que vigorava
no tempo em que
o caminho era a esperança.
Falaram em luzes,
em túneis,
em números
(algarismos tingidos).
Apenas se soube esperar,
enquanto o líquido denso
escorria pelas frontes abaixo.
Pressentia-se
o para lá,
o mais além,
mas não se ousava dizê-lo,
no terror do descarrilar.
A paisagem horizontal,
pastosa,
era também fusão
imaculada e granítica,
numa certeza apenas:
que os números fossem
redutores e mágicos!

("Os números dão-te,
mas tiram-te:
faz com que te sirvam
com prudência."
Fala de Cleantes de Assos,
pensador estóico,
a Creso, rei servo
de ouro e outros 
números)

(fonte da imagem:
http://thehardmanshousent.blogspot.pt/2012/06/switzerland.html)

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terça-feira, 31 de maio de 2011

K
CTRL+ALT+DEL (2)

Percorro linhas,
parágrafos,
e não encontro o meu nome,
aliás, 
nem encontro a minha referência
bibliográfica,
nem nas fichas em cartão doce mel,
nem nas bases de dados alfanuméricas 
e alfa-estáticas,
(sou vírgula zero,
pois...)
será sorte nem existir,
nem ser vislumbrado,
ser sem surgir,
nem ter acabado;
"Poderás inscrever o teu nome num poema,
e derramares-te todo nele,
mesmo assim serão sinais,
não sentimentos,
o que os outros começarão por decifrar."
(Fala de Dioniso a Horácio)

(fontes das imagens:

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

K

anoitece

Anoitece.
Ouvem-se, longínquos, 
os restos 
que as gentes deixam para trás.
A cidade estende-se 
para lá de si própria,
caminhando, lenta,
em procissão de fogachos.
Depois da refrega do dia,
há um torpor quase religioso,
uma batida em surdina,
que leva a cidade embora.
Embrulham-se nas sobras da luz
os que habitam nas volutas,
ziguezagueando firmes na certeza.

Há uma luz baça, avermelhada,
omnipresente,
refulgindo hirta,
por sobre o frugal saque do dia.

(fonte da imagem:
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/)

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sábado, 1 de maio de 2010

K

chove

os pássaros recebem-na com vagar,
tem de chover
para que nos possamos despedir:
as sombras ou a tristeza
(bem-aventurada a chuva-que-não-passa...)

(inspirado num poema de marés
publicado no seu blogue)
(foto do autor obtida com telemóvel)

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

K

Exercícios



Afasto a rede já afastada,

entretenho o ângulo já entretido,


caminho em esquivo caminhar.


Sinto o os restos dos sentires


e lentamente fixo a lentidão;


ocasionalmente miro o ocaso


e giro em fluente girassol.


Restos de fluidas marés restam


em longilíneas espumas longas.





E o ar de escrita em exercício


escorre pela mesa ofegante.


(imagem retirada da net)

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quinta-feira, 29 de maio de 2008

K

fluidez em dó menor


Flui o olhar,
o som,
a altercação.
Flui em sentido,
em pária névoa,
em gaveta;
aberto,
num súbito desdobrar
de umas asas altaneiras;
daquele voo
(esquecido)
na fluidez do raio.
Ecoam cravos,
percussões latentes também,
o ribombar das cordas,
o fluir do olhar,
da vista encantada.
Drapejam velas,
asas,
na fila desaustinada
daquele sopro,
em que nada se queda,
na queda dos olhos,
naquela altercação sonante...


(em 26/05/08, 19H40, estação do metro Cidade Universitária)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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