Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
K
vontade
Era uma vontade asceta, uma Lua teimosa, desfragmentada, que vigorava no tempo em que o caminho era a esperança. Falaram em luzes, em túneis, em números (algarismos tingidos). Apenas se soube esperar, enquanto o líquido denso escorria pelas frontes abaixo. Pressentia-se o para lá, o mais além, mas não se ousava dizê-lo, no terror do descarrilar.
A paisagem horizontal, pastosa, era também fusão imaculada e granítica, numa certeza apenas: que os números fossem redutores e mágicos!
("Os números dão-te, mas tiram-te: faz com que te sirvam com prudência." Fala de Cleantes de Assos, pensador estóico, a Creso, rei servo de ouro e outros números)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
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