Sopa, zurrapa numa malga desdendata mal cheia de palavras. Espalho-as, nao voltam, mas retornam enfunadas na desgraça de um texto rude, traiçoeiro, até. É na malga que as caldeio, ganga informe as quereria; no fim do túnel surgem atabalhoadas, cavalgando a secura informe, carcaças inteiriças, crestando o verbo. Voem! Voem no Suão que vos não traga, na onda impante que vos submirja em memórias já esgotadas.
Foi no degrau lascado do esquecimento que te reencontrei, palavra fugidia. Estavas assim, trocista, curvada sobre o sonho. Ias, talvez, embarcar, no progressivo desvanecer de um cada vez mais distante porto. (...)
e eu que precisava tanto de ti, minha querida palavra...
("Quando partires, cuida em levares as tuas palavras. Não te sejam precisas essas moedas de troca, esses tesouros que só a ti te pertencem." Fala de Cícero a Paulus, seu mensageiro) (Fonte da imagem: n/a)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)