domingo, 2 de junho de 2024

K

Sol


  • Há um Sol
  • enterra lento,
  • Em terra lento
  • até podia estar

um anoitecer magnífico,

teatral, sinfónico.
O barulho das pessoas
era indiferente:
entre o palrar,
o nada dizer,
condição de homens,
de mulheres
e até podia ser Saturno
num enterrar 
sepulcral,
que os copos,
as bocas continuariam
a nada dizer...
Mas era o Sol,
aquele magnífico,
lento,
enterrado Sol,
para mim K. 626,
um Mozart triste,
magnificente,
final,
acompanhava
aquele enterro.
Era sempre na terra
que tudo terminava,
Era aqui o sol pôr,
por entre a indiferença
de quem nunca soube mudar.
Para quê modificar-se?
se até o Sol tem sido
sempre igual?

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terça-feira, 26 de novembro de 2013

K

Flor


Hoje,
vi a flor 
reverdecer,
o verde a alastrar
pelos campos acima,
parecia que o vento norte,
a chuva salgada,
tinham tomado um atalho,
um caminho,
que nos deixava a flor,
o regaço oculto
das ervas,
dos arbustos,
que pariam
mais e mais flores.
E os pólenes bailavam,
nas braçadas  
de tojo em estio,
entre os galhos
no meio dos pastos
semeados pelo vento.

("Guarda-te dos mares,
das ondas e da espuma.
Caminha pelo leito seco
das águas e sorri ao vento,
teu companheiro de viagem."
Fala de Orestes a Plauto,

dramaturgo e poeta

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terça-feira, 7 de junho de 2011

K

de par em par

A contradição atrai-me,
em trejeitos de loucura e verve,
e em semi-sorriso admiro:
- o vento,
 - o torpor doce, melancólico,
o vago prazer da dor escorrendo
 - o espreguiçar-me pelas encostas 
já ceifadas em canas quase fulvas,
- as janelas semi-abertas ao dourado,
à despedida do calor que as usurpava,
- as folhas que embalam baloiçando
 no esquecimento da areia que zurzia e esfolava.

Amo o suave oscilar do Verão,
que entre a vigília e o claro sono,
     numa vil, pastosa estagnação
gera um suave, tranquilo Outono.


"As Palavras não são tuas;
no entanto, na tua usurpação,
fazes delas Céu e Inferno;
usa-as, pois, com parcimónia,
para que os outros vislumbrem 
apenas um pedaço de Paraíso,
ou um fugidio relance dos Abismos."
(Fala de Dioniso a Homero)

(fonte da imagem:
http://www.plantasonya.com.br/)


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quinta-feira, 11 de junho de 2009

K

... preguiçando...

(...) a preguiça trepa dolente

entre dois raios de sol;

espraia-se por nós

como a brisa de verão;

é um torpor:

aquece o mar;

estende-nos nas certezas;

faz nossas as férias, sorrindo;

entra-nos porta dentro

sem avisar;

muda tudo

e sorri,

sorriso inocente

sem visto de chegada



(...)

a preguiça é um jogo de sombras;

uma nuvem clara,

um sorriso sem causa;

e não se explica,

porque não!



(inspirado em moriana)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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