quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Kquinta-feira, 18 de outubro de 2007
KDeclínio
ir e voltar...
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
K...em suave queda...
uma música
em suspiros
que decaem
suaves.
Nesses tempos, a harpa sorria
em tons de azul,
em si maior,
quase rejubilava.
Então,chegou o outro tempo
(o das fábulas obscuras...)
em que nem a cítara
ou a harpa
já sorriam;
o desfeito horizonte,
já nem marcava
a síncope,
e as marés
já nem escorregavam
noite fora;
as águas eram
(agora)
taciturnas,
e o sortilégio era já
o da memória
(tão em deslize,tão inclinada!)
enquanto todas as mãos
se dirigiam
a uma espiral de vento...
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
KLos niños imaginados
E no rasto que deixaram
há um lago
bordado a pincel,
na distância louca
dos pés fugidios...
Pontinhos ao longe,
que nos levam à quase loucura
de não podermos
brincar, de novo,
a nossa infância
matizada
de passados que o não foram,
e escorrem p'los nossos lábios luminosos
ardentes de memória.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
KCaminho
escorre o sentido do mar;
o sal dobra-se
em esqueleto bordado;
há algas
que tentam perfilar-se
num ir e vir de marés.
Caminho.
Pés submersos,
morna a areia que queima;
vestes levadas
num quase-vento destroçado.
O Sol foge,
foge muito pelas águas antigas.
Vou caminhando.
Semicerro-me
e nada mais lobrigo,
a não ser o enrodilhado,
o revolvido,
das ondas furtivas.
No caminho,
arrasto tristezas
que se não dissolvem,
quase turbulentas,
vão assaltando
algo em mim.
Nada me sobra,
a não ser o caminho ensurdecedor,
pastoso de tanta água,
de tantas febres que o fendem,
pária de si mesmo,
lentamente
numa fuga sem fim...
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
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Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)