sábado, 26 de maio de 2007

K

Palavras, só...



As palavras esvaem-se

fluidas,

inspiro-as

num vão tentar

de poema...


Muito longe,

tão ao longe que nem se sente,

o fluxo das palavras,

embalado por um assobio ancestral

e por uma lua amarelada,

vai-se tornando poesia,

que eu gostaria de ter,abraçada,

para, abençoado,sentir parte nela...

Mas a ancestralidade do fino assobio

mantém-me distante,

no silêncio dos deuses

esquecidos...
(inspirado num poema de Moriana)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

K

Ainda é o tempo das amoras...

Na vereda verde,
teus passos impacientes
levam-te a montanhas
de que nem o nome se sabe.
Teus olhos miram,
e a sua transparência afoga luas,
ainda vivas de lava.
Ainda é o tempo das amoras,
que tu colhes sorrindo-lhes.
E teus passos impacientes,
apressados, estugados,
têm tempo para ver
o desabrochar duma flor,
o voo dum colibri,
o renascer da esperança....
K

Passaredo


O passaredo
voa e revoa,
liberta-se do ar e de si...

Ai passarada...
cânticos ancestrais,
trazidos pelos ares,
levados por esse passaredo,
que voa e revoa,
e nos leva com ele,
e rouba-nos às planuras altaneiras,
e traz de volta
o pó que nós somos...

(5/4/06)



sexta-feira, 11 de maio de 2007

K

Fusão


Dei-te uma mão vazia de sentido,
teus passos apressados levaram-na,
sem olharem as tulipas
que iam e vinham,
numa maré de sal-cor.

Voltaram teus passos apressados,
procuraram o que havia na minha mão;
sentei-me a um canto,
nem viste a ausência da mão.
Vi afastares-te,
acompanhada pelas tulipas,
fundindo-se teus passos com a maresia…

sábado, 5 de maio de 2007

K

Rio


O Teja que tudo limpa,
varre as saudades,
leva as farpas doces,
o ser que fui,
a melancolia agreste,
pedaços de maresia
calcam a minha vida,
assassinada todos os dias,
retornada sempre
em fios de névoa
espartilhados pelas velas antigas
de barcos que foram
e levaram memórias
(até de mim);
iço-me ao espelho
do tempo
e apenas revejo a neblina
no meu rio
que banha a minha aldeia.
K

Fala-me...

Fala-me ao ouvido, sim
diz-me onde foste
esbragar paredes
para te doerem as mãos,
diz-me se os malmequeres
ainda crescem perto dos ninhos das cobras,
se as borboletas ainda se escapam
por entre as garras dos açores;
fala-me do ponto
onde tudo acontece
e a vida cristalizou;
fala-me de ti
de ti só
sozinho,
lânguido,
suspenso entre o cá e o lá...

"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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